** por José Luiz Jorge
Os cavalos não apenas se recordam das pessoas que os trataram bem, eles também entendem as palavras melhor do que imaginamos, como foi demonstrado em uma pesquisa na Universidade de Rennes na região da Bretanha- França.
Um estudo da Universidade de Rennes, na França, mostrou que os cavalos podem ser mais leais até que nossos amigos de longa data – desde que bem tratados, é claro.
A pesquisa analisou o comportamento de 20 cavalos anglo-árabes e três franceses em um estábulo em Chamberet, também na França. Os cientistas testaram o quão bem os cavalos se lembravam de um treinador do sexo feminino e das instruções que ela havia dado aos cavalos depois de oito meses longe dos animais.
Eles confirmaram que o animal possui uma excelente memória e que, além de recordar dos “amigos” humanos mesmo depois de longos períodos distantes, também se lembra de informações complexas (como uma estratégia que aprendeu para resolver algum problema) por dez anos ou mais. O resultado mostrou que os cavalos são leais, inteligentes e têm memórias de longa duração. Mas, cuidado: essas lembranças valem para as boas e más experiências.
E aqui um parênteses no estudo. O “imprinting*” feito com potros na primeira hora de vida, baseia-se justamente nesta qualidade que os cavalos trazem consigo desde o nascimento.
A união com os seres humanos é uma extensão do comportamento do cavalo ainda selvagem, uma vez que os cavalos valoram seus próprios parentes e amigos, e por sua natureza está também aberto aos novos e não-predadores conhecidos.
Os “cavalos mantém uniões de longo tempo com vários membros de seu grupo de família, porém também trabalham reciprocamente e de modo temporário com os membros de outros grupos ao formar as manadas,” explica o pesquisador Sankey, que conduziu a investigação. As “relações sociais dos Eqüídeos são duradouras, em alguns casos, por toda a vida,” acrescenta ele.
O Etologista Sankey da Universidade de Rennes e seus colegas estudaram 20 Anglo-Árabes y três cavalos da raça Sela Francesa de Saddlebred Stabled en Chamberet, França. Eles comprovaram como os cavalos recordaram bem de uma treinadora e de suas instruções depois de uma separação de oito meses.
O programa de treinamento para os cavalos consistiu de 41 passos associados a preparação básica e a intervenções de primeiros socorros. Por exemplo, os cavalos tiveram que permanecer imóveis em resposta a um comando verbal para ficar.
Os cavalos também tiveram que levantar seus pés, toleraram um termômetro inserido no reto.
Enquanto o cavalo fez menção de atender o que foi solicitado, o treinador o recompensou com afagos e em alguns casos com pequenas porções de melaço. Com as recompensas saborosas, os cavalos “exibiram mais comportamentos “positivos”, e dirigindo-se aos pesquisadores mastigaram com a boca vazia. Os cavalos fazem isto como mostra da afiliação amadrinhamento) com alguém que não os ameace, ou com quem eles identifiquem como amigo.
Com pesquisadores científicos agregados, que substituíram seus amigos, os “cavalos treinaram sem o reforço e expressaram entre quatro a seis comportamentos “negativos”, tais como morder, escoicear e se jogar ao solo para tentar derrubar o pesquisador.”
Depois dos oito meses da separação, os cavalos treinaram com as recompensas positivas e com o mesmo pesquisador antes rejeitado eles passaram a aceitar as novas pessoas melhor, indicando que eles desenvolveram uma “memória positiva com seres humanos” em geral.
“De nossos resultados apreendemos que os cavalos não são diferentes dos seres humanos em termos de respostas a estímulos e reforço positivo”.
“Se comportam, aprendem e memorizam melhor quando o aprendizados for associado a uma situação positiva, criativa, desafiadora não entediante e acima de tudo não agressiva.”
Enquanto que o senso comum das pessoas mostra que se treinam os cachorros desta maneira, também usando comandos verbais, Dr. Sankey e sua equipe estabelecem “baseiam a maioria do treinamento montado dos Cavalos em sensações táteis, já que a sensibilidade fina deles é maior e respondem a uma simples pressão da panturrilha, ou um roçar do calcanhar dos cavaleiros, viram a uma simples flexão de ombros de quem está em cima ou a uma mudança do peso na sela.”
Os “cavalos comprovadamente podem aprender e memorizar palavras humanas” e podem ouvir nossa voz melhor do que os cachorros, devido a um espectro maior da sua audição, os científicos predizem que os treinadores podem ter maiores êxitos se incorporarem mais comandos vocais em seu método de abordagem e treinamento, o que nosso caipira chama de uma “criação mais conversada”.
Os cavalos nunca se esquecem dos amigos humanos que os trataram bem, eles também entendem palavras melhor do que o esperado, como demonstraram as pesquisas.
Jill Starr é presidente e fundadora da ONG dedicada ao resgate e salvamento de cavalos, sem fins lucrativos, que proporciona a colocação a salvo, treinamento e a adoção de mustangs selvagens nos EUA: Starr disse sobre a divulgação desta pesquisa que em sua atividade diária já havia observado cavalos responderem bem aos comandos verbais, tais como “trote,” “marcha” galope, alto, todavia sente que os cavalos identificam e respondem melhor aos treinadores que falam sua linguagem corporal que é a mais familiar e natural para os cavalos.”
Ela sem dúvida, concorda, que os cavalos são leais, inteligentes e têm memórias muito duradouras das boas e más experiências. Starr disse que os “cavalos podem quando muito perdoar, porém nunca se esquecem.”
*imprinting é uma abordagem realizada pelo ser Humano, na primeira hora de vida do potro, quando ele é massageado, “dessensibilizado” em todas as áreas que o Homem irá manipular na vida adulta do animal, ele é acariciado e por fim sopramos levemente em suas narinas para ele guardar o cheiro e associá-lo para sempre a um bom momento que teve logo depois do nascimento.
** José Luiz Jorge é autor do livro Conversando sobre Cavalos, proprietário do Rancho São Miguel e instrutor certificado pelo CHA level 4