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Égua de sangue Herdade, mãe aos 21 anos* por José Luiz Jorge

A questão da qualidade de vida e da adoção de um estilo de vida menos sedentário, mais integrado, valorizando a nossa espiritualidade, praticar um hobbie que nos re-programe para sair do estresse e das pressões dos diferentes papéis que exercemos no cotidiano, assim como a busca da nossa evolução profissional e pessoal já tem sido tratada em mídias especializadas.
Isso não se aplica apenas ao ser Humano. O(s) Cavalo(s) que está (ão) sob sua responsabilidade também merecem um manejo que lhes garanta por longos anos, equilibrio fisico e mental e uma vida saudável de acordo com sua Natureza.
A médica veterinária norte americana Karen Hayes sistematizou alguns pontos que acho que devemos observar.
Alguns procedimentos aqui sugeridos valem para cavalos dos 3 aos 25 anos. Isto é, ao longo de toda sua vida útil.
Temos em casa uma égua marchadora registrada no Livro MM-7 (livro de Elite da raça), condição conquistada pelos produtos campeões que gerou ao longo da vida, que está com 22 anos. É a Irai do Itabiju. Ela estava com uma certa claudicação na mão direita, um problema que não estava associado à casco, boleto, tendão, mas ao que parece a um problema muscular mais acima. Fora isso, esbajava vontade e saúde.
Veio para cá para gerar pelo menos um filho e gozar merecidamente de uma aposentadoria justa e alegre.
Outra égua que tive durante uns 7 anos, da raça Mangalarga (paulista), quando eu os criava, era a Cabocla de G, 94 pontos de registro, era das linhas da raiz da raça. Aos 18 esbanjava uma disposição e vontade nas cavalgadas que deixava muito animnal de pista para trás e ninguém dizia ter essa idade.
Entre os criadores de Mangalarga Marchador, éguas das linhas de base da formação da raça tem a tradição de gerar filhos até idades consideradas avançadas por criadores de outras raças.
Os cavalos quando envelhecem podem desenvolver artrites, isso varia de acordo com o uso, o trato, a alimentação que receberam ao longo de sua vida. O uso indiscriminado quando jovens de estimulantes químicos pode se manifestar na vida mais madura. Podem acelerar os processos inflamatórios crônicos e aumentar a dificuldade do organismo de reagir a tratamentos. Isso acontece com atletas humanos também e muitos ídolos tiveram suas carreiras interrompidas por problemas graves em joelhos, tendões.
A medicina veterinária evoluiu para enfrentar essas limitações, há modernos medicamentos que atuam exlcusivamente na área inflamada da articulação, mas em muitos casos o custo de alguns desses medicamentos limita a capacidade de acessarmos essas novidades. Isso também ocorre entre nós.
Então, com consciência de proprietário ou criador responsável, podem ser adotados métodos confirmados cientificamente e que, comprovadamente, irão aumentar a vida saudável e útil dos nossos cavalos. Vamos lá:

1.Rédea curta na luta pela saúde- cuidar de perto dos detalhes, da qualidade do trato oferecido, do tempo de exercício diário, da higiene, do ferrageamento no tempo certo de até 40 dias para casquear, para evitar esforço desnecessário dos tendões
2.Cuidar de oferecer água limpa e fresca à vontade- O ideal é adotar um mecanismo simples nos bebedouros, a instalação de uma bóia pequena, dessas de caixa d’água, sempre que o animal beber entrará água fresca, além de limpar diariamente esses bebedouros. Para melhorar o metabolismo é fundamental oferecer diariamente o sal mineralizado, concentrado adequado ao uso e ao esforço dele, e volumoso fresco, com a quantidade certa de umidade e proteína
3.Pensar em deixar mais tempo fora das baias – Se você é criador isso já deve acontecer porque principalmente no período de um ano e meio depois do desmame, eles correm nos piquetes (potreiros) nos horários de menos sol e após a doma de baixo, fazem exercícios aeróbicos e de musculação diariamente, mas se você é proprietário, mora na cidade grande e vai de vez em quando à cocheira alugada, pense no que pode ser feito para ele passar pelos duas horas do dia solto em algum pasto limpo, ou ser trabalhado e exercitado levemente todos os dias. Além do condicionamento físico, isso melhora demais sua circulação e ajuda a prevenir as artrites na velhice
4.Corte calorias desnecessárias – O cavalo, ao contrário do que alguns pensam não é um pet, é um animal de manada e com características que não se perdem com nossa intervenção. A visão de que cavalo gordo é bonito não procede. O cavalo tem que estar bem nutrido, musculado, bem condicionado, com carne suficiente para tampar as pontas de osso, mas essa carne deve ser músculo e não gordura, não deve estar barrigudo, lento, pesado, que transpira a ponto de espumar ao menor esforço e sim, ágil, interessado, dinâmico.
Ele pode sofrer de doenças decorrentes de alimentação mal balanceada, com mais vitaminas e proteínas do que ele necessita e isso sobrecarrega fígado, rins e outras glândulas. Podem ter inchaço nas bolsas e no boleto, por problemas circulatórios e voc~e está jogando dinheiro fora , junto com o esterco que ele gera porque não apropria os elementos da dieta. Hoje as modernas fábricas preparam diferentes tipos de ração para diferentes graus de utilização.
5.Menos é mais, mas esse mais deve ser o suficiente- Às vezes, você dar menos ração, melhorar a qualidade do volumoso, oferecer uma pasta de alfafa diariamente e cuidar de melhorar o programa de trabalho diário pode render muito mais, em saúde, em beleza e resultados. Siga as recomendações médicas e técnicas de quantidade de concentrado e volumoso de acordo com o peso dele. Não dê mais, nem menos do que o necessário.
6.Faça as verificações regulares de saúde – Se você é criador, ou está pensando em se tornar um, tenha um Veterinário da sua confiança, de preferência especializado em cavalos, não um que se mostre simpático mas que usa seu cavalo para suas apostas pessoais em jogos do tipo certo ou errado na hora do diagnóstico. Procure um que seja indicado por outros criadores, provado nas diferentes situações, ou que, mesmo jovem na profissão ame o que faz e estude muito. Essas consultas regulares podem mostrar aquilo que passou despercebido por Você e pelo tratador. Se você é proprietário e aluga baia, reúna os outros proprietários e pense em contratar um veterinário rachando a conta entre todos para uma consulta bimestral no mínimo, faça os programas de vacina e vermifugação em dia. É mais barato prevenir que curar. Só o ser humano esqueceu isso e por isso sofremos com a medicina curativa dos convênios.
7.Procure ler mais e conhecer melhor o funcionamento do organismo do cavalo
8.Enfim, água à vontade, exercícios regulares e dieta balanceada, cuidados regulares com cascos e ferrageamento e um programa de higiene e prevenção- Essas são as chaves para uma longa vida saudável.

José Luiz Jorge é horseman – proprietário do Rancho São Miguel -membro do CHA – Certified Horsemanship Association -Kentucky -EUA e autor do livro Conversando sobre Cavalos

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