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Cuidados diários e preventivos da saúde do Cavalo de lazer e trabalho

Em um piquete, cavalo e cavaleiro não estão livres de padecer um sem fim de situações inesperadas. O objetivo deste texto é falar claro sobre situações mais comuns, mas não menos desagradáveis no que diz respeito ao Cavalo, propondo algumas atitudes importantes.
No nosso dia-a-dia no trabalho e em situações profissionais distintas, costuma-se dizer que a melhor defesa é o ataque, mas isso pode ser interpretado como: vamos ser pró-ativos e preventivos, ou seja, imprevistos fazem parte e podem nos trazer grandes dores de cabeça e gastos inesperados, portanto, ter atitude significa – vamos prevení-los.
Do mesmo modo que aplicamos isso nas nossas vidas, os cavalos quando trabalham podem sofrere pequenos acidentes, pequenas feridas, arranhões, lesões, desgaste ou fadiga muscular, distensões, como se passa inclusive com qualquer atleta.
E por seu tamanho o cavalo exige um manejo especial. Uma boa manutenção das instalações do Haras ou Rancho, manter camas limpas e secas, banhá-los depois do trabalho, oferecer comida de qualidade, manter uma relação de um tratador para cada dez cavalos, de modo que possa cuidar da higiene diária de cada cavalo (escovação, rasquear, limpar ranilhas), para oferecer melhor qualidade de vida e reduzir estresse do regime de baia confinado ou semi-confinado.
Mas, mesmo assim, caso ocorra um incidente, temos de estar preparados para encarar o desafio.

Enfrentando Acidentes

Quando ocorre um acidente, a primeira coisaa é evitar o pânico e avaliar a gravidade do fato. Assim podemos classificar os problemas que o cavalo pode sofrer em dois níveis:
a) Os que necessitam a presença do Veterinário
b) Os que podem ser resolvidos pelos cavaleiros e nesse caso, os mesmos precisam ter noções de primeiros socorros.
Assim, é necessário chamar o veterinário quando o Cavalo:
a) Não demonstre seu caráter habitual, com um comportamento estranho, pescoço cabisbaixo, não se alimentando como de costume, denotando dor ou desconforto
b) Produza uma salivação espumante fora do normal
c) Sua temperatura corporal seja superior aos 38 º C
d) Se perceba uma desorientação ou perda de equilíbrio, assim como cambalear quando caminha a passo ou pareça atordoado.
e) Apresente uma hemorragia que não cesse.
f) Apresente um inchaço expressivo em seus membros.
g) Mostre um endurecimento do pescoço.
h) Se deite fora do habitual

Em outras ocasiões, o Cavalo apresentará pequenos problemas que não requerem os serviços urgentes do veterinário. Para trata-los será imprescindível ter na propriedade uma mini-farmácia equipada para primeiros socorros, que deve ser cuidada pelo gerente do haras ou diretamente pelo criador observando-se para que nenhum produto ou medicamento esteja vencido, estragado pelo tempo de armazenagem ou pela umidade.

Dicas para uma mini farmácia básica:

– Iodo solução a 10% ou Iodopovidona para curativo de feridas superficiais.
– Agua oxigenada 10 volumes.
– Degermante para lavagem e assepsia de machucados na pele ou
– Liquido de Dakin
– Algodão hidrófilo, esparadrapo e compressa de gaze
– Bolsa de gelo para tratar de inflamção de boletos ou problemas osteo musculares das extremidades.
– Pinças e tesouras.
– Sulfato de magnésio.
– Termômetro anal.
– Toalhas de papel
– Vaselina.
-Faixas crepe e bandagens
-Pentabióticos
-Anti-inflamatórios não esteroides
-Soro anti-ofídico
-Vitamina K ou estanca sangue
-Soro fisiológico
-Soro Ringer com Lactato
-Equipos para aplicação do soro
-Pomadas anti-inchaços como “calminex” “NGF”
-Equipamento para duchas nos membros inferiores
-Soro Anti-tetânico
-Pomada contra mordidas de morcegos
-uma caixa de agulhas com medidas diferentes (intramuscular e venosa) e
-uma de seringas de 10 e 20 ml

Ocorrências mais comuns

Os tratadores de Cavalos enfrentam casos indesejáveis com alguma frequência. Alguns dos mais comuns são:

1. Arranhões ou esfolamentos causados pelo equipamento mal colocado, (selas-cilhas etc)

Todo cavalo de trabalho está sujeito a sofrer lesões superficiais e cutâneas causadas pelos equipamentos. (Leia o post sobre escolha do arreamento correto).
Estas lesões podem ser provocadas pela barrigueira, pela cilha, esfloamentos pelo peitoral, embocaduras estreitas, ou muito apertadas ou mal colocadas, ou lesões pelo trabalho intenso em terreno pedregoso, sem uso de ligas de trabalho, etc.
Este tipo de feridas ou esfoladuras começam a ser curadas com higiene local e assepsia, logo após o banho dado ao fim da sessão de trabalho. Lave bem o local com água e sabão neutro, antes de medicar, começando pelo uso de agua oxigenada, ou degermante ou na pior das hipóteses, liquido de Dakin; posteriormente, será importante avalir quais os pontos de contato do equipamento com o corpo do Cavalo e tomar providencias para não voltar a machucar o animal.
Podem ser usados protetores emborrachados, barrigueiras de neoprene, forrar o peitoral com feltro, ou lã grossa, para que no próximo trabalho não se machuque novamente. Seria o mesmo que vc ir jogar seu futebol e usar um calçado- ou tênis com tachinhas dentro e no dia seguinte saber que ia calça-lo de novo.

2. Pequenas Feridas

Os cavalos, devido a seu tamanho podem se ferir em várias situações, exemplo, baias com portas estreitas, porteiras com pontas de pregos ou parafusos,
caminhos irregulares ou pedregosos, vegetação espinhosa em pastos ou borda de piquetes, presentes em seu trabalho ou uso diário.
Os cascos, boletos, machinhos, são extremidades que costumam ser mais afetadas, e como são zonas sensíveis no corpo do animal devem ser tratadas de imediato, para que no desenvolvam infecções complexas de serem tratadas.
O primeiro passo para sanear uma ferida sangrando é a limpeza completa do local, com os mesmos água limpa e fria e sabão neutro, degermante, agua oxigenada, etc.
A água fria ou gelada ajuda a contrair os vasos e estancar o sangramento.
Só com a ferida limpa, podemos avaliar sua extensão e eventual gravidade. Se for um corte profundo que exija pontos, deve-se acionar de imediato o veterinário. Enquanto ele não chega compressas de gase para pressionar o local e tentar conter o sangue.
Após os pontos, o Veterinário deverá recomendar um antibiótico e dependendo da situação do corte, do agente causador, uma dose de vacina anti-tetanica.
Se for superficial, depois de limpá-la com uma gaze limpa de dentro para fora volta-se a lavá-la com degermante e depois Iodopovidona,
Quando limpa e sem sangue, aplica-se as pomadas cicatrizantes como Alantol, ou Unguentos.No dia seguinte, sempre se deve lavar, higienizar novamente antes de aplicar mais pomadas.
O normal é que um machucado superficial possa mostrar sangramento leve por até meia hora, caso passe desse tempo, chame o Veterinário.

3. Lesões nas patas, boletos, tendões: prevenir é curar

Batidas, pisoteios, troca de coices no campo, animais a campo devem ser vistoriados diariamente. Batidas em obstáculos no treinamento, pisar em buracos no solo, podem causar distensões, estiramentos, inchaços de boletos.
Adotar algumas medidas preventivas pode reduzir os riscos do cavalo sofrer com lesões maiores e mais graves.
Por exemplo, o uso de ligas de descanso impede que os tendões fiquem intumecidos com liquido linfático, boleteiras, ligas de trabalho, são equipamentos necessários e de ordem preventiva.
Situação das mais comuns onde cavalos sofrem lesões nos inferiores é a do transporte. Cansamos de ver cavalos caríssimos, campeões em suas modalidades chegando a locais de prova sem condição de competir, perda de dinheiro, de oportunidades de valorizar ainda mais o animal, porque foi transportado sem qualquer proteção nas patas, cauda, etc. Essas ligas todos sabemos só podem ser usadas no máximo 12 horas seguidas.

Outros elementos são as capas. Los cascos, por sua vez podem ser seriamente lesionados se o cavalo, por falta de cuidado do cavaleiro ou tratador pisar em cima de cacos de vidro, pregos dobrados, ou materiais pontiagudos esquecidos ou jogados perto das baias, entre estas e o piquete ou arena.
Aí o risco de infecção é iminente e deve-se chamar o médico.

4. Tomar a temperatura

Cavalos tem febre de um dia para o outro.

O comportamento do cavalo passa muito rápido de normal a febril, principalmente nas viradas de tempo, no inverno, por um banho dado muito tarde sem que ele pudesse se aquecer fora da baia.
A febre, como para o humano, é um sinal de alerta infeccioso. Vistoriar todo o cavalo e descobrir a causa o quanto antes é fundamental.
Se estamos fora de casa, você pode ver a febre nos cascos, se não tiver termômetro, nas orelhas que se estiverem muito quentes pode ser febre, e para ter certeza devemos medir a pulsação em repouso. Batimentos acelerados também indicam anormalidade.
Neste caso, isola-se o cavalo e deve-se voltar para a sede da fazenda, ou rancho o quanto antes e ter certeza da febre com um termômetro retal.
Orelhas podem ainda estar aquecidas por outras coisas além da febre, só é seguro que se estiverem frias não tem febre.

5. Desidratação

Na hospedagem do cavalo, bebedouros automáticos e água fresca a vontade são mais importantes do que comida

A desidratação pode ser causada por oferta de água continuadamente menor do que a necessidade deles. Outra causa é o esforço intenso sob forte temperatura ou nas horas de sol mais escaldante, lembrando que moramos em zona tropical ou sub tropical.
Para saber se ele está desidratado deve-se beliscar a pele e se ela volta á posição normal bem rápido é porque está normal, mas se demora mais de três segundos para voltar ao normal, esse é um sintoma de desidratação. Nessa situação, além de oferecer água à vontade, se for pós esforço, deve-se ministrar entre dois a cinco litros de soro.
Bem, estes apenas alguns indicativos para o manejo seguro e preventivo dos casos mais comuns que encontramos no dia-a-dia das propriedades onde se criam ou hospedam cavalos.

Boas cavalgadas a todos lembrando sempre que ter um cavalo é fazer-se cargo de uma responsabilidade muito grande.

Esse material foi compartilhado com os amigos do Mundo do Cavalo.

Melhorar a comunicação entre Cavalo e Cavaleiro

O cavalo

Cavalos não podem falar por meio de palavras, mas seu corpo tem uma linguagem sistematizada com todos seus sinais próprios. Sempre que você abordar um cavalo, deve levar algum tempo para ler o que está te dizendo. ( A Horse publicou uma série de artigos sobre o que dizem orelhas, caudas, olhos, corpo). Isso pode permitir que você saiba mais a respeito de como ele está se sentindo, possivelmente o que ele está pensando, e você ainda poderá antecipar a sua próxima movimentação. Cavalos lhe dão muitas pistas, por exemplo, quando fico alguns dias longe do Rancho e retorno às baias, sei perfeitamente quem trabalhou, quem está estressado, eles me vêem e é claro como água, parecem crianças contando ao pai o que aconteceu na escola, de bom e de ruim… e se for esse o caso, tiramos ele da baia, chamo o tratador e treinador e começo a comentar o que vejo e eles já sabem que não adianta mentir ou disfarçar, a cada pergunta minha, o cavalo responde.
Estreitando o foco, aumentando sua atenção, você ganha informações sobre o humor dele e sobre o estado de espírito do cavalo. É importante também manter os instintos naturais do cavalo, claros em sua leitura. Por natureza, cavalos são criaturas de fuga e por isso quando assustados por ameaças humanas sua primeira defesa é fugir.
Se eles não podem escapar, eles vão lutar, e podem fazer com força equivalente ao seu tamanho e força de modo surpreendente, chutando, mordendo ou manoteando para proteger a si próprios. OLHE BEM: ELES TEM ESSE DIREITO! RESPEITE SEU INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA, está gravado em seus gens que o ser humano é um problema na vida deles. Temos o dever de mostrar que não precisa ser assim.
A idade de um cavalo também pode influenciar no seu comportamento, como cavalos jovens não possuem um amadurecimento emocional e mental, extensão e atenção e maturidade que só pode se desenvolver com a idade. Os traços de personalidade também podem ser um fator; temos uma égua que chegou em casa, muito, muito arredia e defensiva, que nega qualquer aproximação em sua cabeça, nunca havia sido equitada até 8 anos, era de cria a campo, estamos há um ano e meio trabalhando sua confiança e tivemos grandes avanços: não é que sua primeira cria conosco traz comportamento semelhante, que só não é igual porque desde o nascimento fizemos o imprinting e mexemos com ela todos os dias?
É como todos os seres humanos que são únicos, diferentes, portanto, é assim com cada cavalo. O treinador deve ser capaz de se adaptar a cada cavalo diferente, pois cada situação é única.

Alguns obstáculos potenciais no processo de comunicação

Quando o equitador ou o tratador não tem tanta experiência e não sabem o que estão de fato procurando com aquele cavalo, ou como interpretar os sinais da linguagem dos cavalos. A fim de fornecer um ambiente seguro para o novato Cavaleiro, a supervisão e orientação devem ser fornecidos em todos os tempos, treinamento seqüencial sobre o comportamento de cavalo e como manipulá-los com segurança no terreno.
Não prestar atenção à atitude do cavalo, nem para as dicas que o cavalo fornece são complicadores na comunicação. Ao trabalhar com cavalos, a interação entre cavalo e treinador deve haver um intercâmbio permanente e o treinador deve exibir foco. O condutor ou tratador que não está familiarizado com o cavalo deve gastar algum tempo para conhecer os cavalos que está trabalhando perceber como é benéfica a relação recíproca.
O cavalo também precisa de tempo para conhecê-lo, para ganhar a confiança e assim poder cooperar no treinamento. Criar condições para o cavalo escolher o certo e ficar confortável é fundamental. Escolheu errado, em vez de apanhar covardemente ele deve permanecer no desconforto da pressão. Eles têm que ter o tempo para que se sintam seguros e compreender o que você espera deles. Isso ajuda a explicar por que alguns cavalos são mais facilmente capturados por uma pessoa familiar, em vez de um estranho.

A importância da escolha do arreamento correto

Como em qualquer atividade, física ou esportiva, as atividades eqüestres também requerem que se escolha o melhor equipamento, tanto para proteção do cavalo, (coluna, musculatura, boletos e articulações e boca), como para o cavaleiro.

Quando agendamos cavalgadas no Rancho, ou mesmo nas clínicas de “Horsemanship”, “imprinting” , escolarização de potros, ou nos cursos para liderança com apoio de cavalos, mais de uma vez, tive que dispensar o cavaleiro por ter se apresentado sem o equipamento básico para a atividade, como por exemplo, não dá para entrar no piquete ou no redondel de bermuda e tênis, assim como não dá para entrar em uma quadra de tênis de jeans e botina, ou no futebol com uma bota cano alto, concordam?

Bom, se separarmos os equipamentos usados no cavalo daqueles usados pelo cavaleiro, vamos começar pelos do cavalo. O chamado arreio. Quando falamos no plural, de todos os equipamentos completos, falamos em arreamento completo, e cada atividade com cavalos –tem o seu, por exemplo, um cavalo de trote ou um atrelado a uma charrete ou carroça, os usados na iniciação (doma de baixo), no treinamento (cada modalidade esportiva tem seu tipo recomendado), na lida de campo, etc.

A escolha tem a ver com o uso do Cavalo. Mas, procure considerar questões como o peso e altura do cavaleiro/amazonas e o tamanho do próprio animal, em termos de altura, comprimento do tronco, pernas e estrutura óssea. É como sua roupa, voçe tem 1,90 e 90kg, não pode usar uma sela western infantil, tem que ter uma cuja dimensão do assento e regulagem dos loros do estribo lhe sirvam, parece óbvio, mas não é, porque canso de ver em cavalgadas e passeios, pessoas mal posicionadas e se queixando de dores e amortecimentos nos pés, dores nas costas, etc.

Claro que outros fatores, até mesmo a respiração quando montado influi no surgimento de dores, mas o equipamento errado é básico. Também considere questões de costumes e tradição de cada raça, não se monta em Mula com seleta inglesa, por exemplo, e nem se vai a uma cavalgada ou prova de western vestindo culote, casaca e cartola, que ficam lindos numa prova olímpica de dressage, use o arreamento e trajes típicos e se sentirá bem e confortável.

Evite comprar selas e equipamentos como cabeçadas e embocaduras numa selaria especializada nesta ou naquela modalidade, ou como se entra numa loja de shopping e tanto faz isso ou aquilo. Antes de ir á compra, leia, estude, observe, saiba o que quer, pintou dúvida, pergunte uma, duas, dez vezes até se sentir seguro, sem vergonha do que o balconista vai pensar… afinal quem vai montar é você. O vendedor da selaria tem que gostar e ter calma e dedicar tempo a quem é novato, sem se importar em rotular o cliente como eu já vi… “lá vem aquele abeia”… se o vendedor estiver impaciente querendo empurrar qualquer coisa, pelo preço,, não perca seu tempo, vá a uma outra selaria. Ele deve ser um consultor profissional.

Em selarias profissionais no interior, onde o seleiro fabricante está por lá, eles tomam suas medidas, peso, altura, cumprimento da perna, da coxa, cintura, quadril, o ideal seria que cada sela fosse fabricada sob medida para cada conjunto, determinando-se o tamanho do assento de acordo com o usuário da sela. O conforto e a segurança do cavalo deve estar em primeiro plano e você com uma fita métrica medir antes o perímetro do tronco na altura da cernelha do animal e nas costas, para comparar na selaria se o modelo de sela dará a abertura suficiente para encaixar nele e não lhe causar pisadura na coluna. Se isso ocorrer você ficará semanas sem montar, por isso, barato nesse tema é caro. Uma boa manta, um baixeiro profissional com 4 camadas, feltro, borracha e lã, protege de fato as costas e a coluna dele e seu comportamento estará sempre tranqüilo… imagine você praticando esporte com um tênis ou chuteira dois a três números menores… insuportável depois de minutos, não é mesmo?

Costumamos separar os Cavalos pela função, como a lida de campo, cavalgadas e lazer ou esportes e aí em diferentes sub modalidades, como as western (laço, baliza e tambor e apartação), clássico (salto- dressage, CCE), hipismo rural, enduro e provas de marcha. Como o ser humano, o cavalo pode ser atlético, musculoso, longelíneo ou curto, compacto,isso altera a posição da sela, em cavalos compactos por exemplo, você se senta sobre seus rins, forte ou fraco na sua estrutura morfológica. Para você ver, antes de escolher equipamento precisa observar e conhecer bem seu próprio cavalo. Há uma relação direta entre a morfologia e a funcionalidade, e em breve a Horse deverá publicar um texto meu sobre isso. Você deve conhecer também um pouco mais sobre os aprumos, se ele tem garupa longa, plana ou derreada, qualidade dos seus apoios, etc.

Tudo na sela tem um por que.

Vejamos alguns exemplos práticos. O Puro Sangue Inglês, de conformação longelínea, alto e esguio, cavalo de corridas, exige seleta mais leve (tipo inglesa).

Sela Black Horse feita na India

Já na raça Quarto de Milha ou mesmo o Crioulo, cavalos fortes e parrudos, com físico de atletas usados quase sempre em galopes seguidos de alto e partida a galope trabalha com uma sela de cabeça e ombros salientes, para facilitar o desempenho do cavaleiro em provas diversas (Tiro de Laço, Freio de Ouro, com esbarradas, Apartação, Três Tambores). O cavalo Árabe, especialista em provas de regularidade como Enduro tanto pode ser cavalgado com sela Inglesa, Western ou a Australiana, dependendo da atividade. As raças de cavalos de marcha utilizam selas tipo Australiana, com diferenciações no tamanho e altura da patilha, com ou sem paralamas. Os Lusitanos e Andaluzes (hoje o P.R.E.- Pura Raza Espanhola), nas provas de adestramento, dressage e CCE tanto podem usar a seleta inglesa como selas típicas para a alta equitação, passo doble, piafê, etc.

Na lida de campo, no uso dos muares e cavalos, predomina o uso dos arreios, com modelosque variam de uma para outra região, conforme o costume, com cutianos, banana, com ou sem.

A indústria de selaria hoje  no país, movimenta perto de R$ 100 milhões de reais por ano, (segundo estudo do agronegócio Cavalo, coordenado pelo professor Roberto Arruda da ESALQ-USP-Piracicaba) e seu desenvolvimento está ligado diretamente ao maior conhecimento morfológico e fisiológico do Cavalo. Sua base ainda é o trabalho especializado, personalizado e ainda feito por mestres seleiros e seus aprendizes.

Para adquirir equipamentos profissionais, adequados a cada tipo de uso, com qualidade e bem estruturados para um uso duradouro e confortável para o conjunto, costumo recorrer a profissionais seleiros como o José Marques, atrás do Jockey Clube de SP, a Selaria D.A. em Bragança Paulista, a Selaria G.A. em Jaguariúna, ou pela internet, a selaria dias em Curitiba que entrega para todo Brasil, no www.selariadias.com.br .

A Fazenda Tabatinga um berço do Marchador

Desde 1912, a história da Tabatinga tem uma base: o binômio ‘Conhecimento & Observação’, que foi sempre passado, a três gerações de descendentes, pelo Cel. Severino Junqueira de Andrade.Na Zona da Mata, a primeira fazenda comprada foi a São Luís, que, por sinal, inspirou a marca dos animais Tabatinga que têm um ‘SL’ entrelaçados na pá esquerda.

O plantel de Mangalarga Marchador da Fazenda Tabatinga – Santana do Deserto (MG), é reconhecido como um dos melhores dentro da raça. Estes animais são resultado do trabalho dos homens da Tabatinga, que se dedicaram à eqüinocultura por três gerações.

A história da Fazenda Tabatinga inicia-se em 1912, quando o Coronel Severino Junqueira de Andrade deixa a Fazenda Cafundó, em Cruzília (MG), e radica-se na Zona da Mata, levando os cavalos, como fizeram outros parentes que saíram do Sul de Minas indo para São Paulo.

Na Zona da Mata, compra a Fazenda São Luís, em Matias Barbosa (MG), que lhe inspira a marca dos animais que têm um ‘SL’ entrelaçados na pá esquerda. Entretanto, a São Luís sempre foi mais voltada à lavoura, enquanto o Coronel sempre teve maior inclinação pela pecuária. Assim, decide adquirir a Fazenda Tabatinga.

Grande observador, extremamente sistemático e, principalmente, cavaleiro de habilidade, selecionava os animais eliminando do plantel aqueles em que não via as qualidades que julgava indispensáveis. Desta forma, imprime em seus cavalos as caracterísitcas que os fazem excelentes animais de sela: estrutura, resistência, comodidade e docilidade.

Mesmo afastado do Sul de Minas, o Coronel Severino sempre voltou às origens para rever parentes e amigos que cultivou. Na época, a troca de reprodutores eqüinos – por empréstimo ou definitiva – era comum. Quando julgou necessário, levou o reprodutor Clemanceau II J.B., do Campo Limpo, que foi pai de Nero, gerador do grande Tabatinga Predileto.

Há muitos anos, um garanhão com o nome de Predileto foi levado da Tabatinga para a Fazenda Abaíba, por Erico Ribeiro Junqueira, que confirma as qualidades do animal, dizendo que foi o reprodutor mais importante da Abaíba, fixando um tipo que ainda hoje pode ser observado na tropa. Basta notar que Predileto foi pai de Eldorado, que foi pai de Providência Itu, pai do reprodutor da Abaíba, o Reserva.

Experiente, o Coronel Severino foi passando seus conhecimentos aos sucessores. Não de maneira didática, mas de forma um tanto seca e até mesmo parabólica, que só aos mestres é permitido. Certa vez, o Coronel e seu genro, Dirceu Vilhena Fabiano de Araújo, passavam por um pasto e viram uma novilha em desabalada carreira. Olharam e o Coronel comentou:

“- Esta novilha está com alguma coisa na garganta.”

Chamaram o administrador e tocaram a novilha para o curral. Examinaram-na. Em sua garganta havia um pedaço de osso, que retirado, voltou o animal à normalidade.

Admirado, Dirceu perguntou ao sogro como havia percebido. A resposta veio seca, bem ao feitio do Coronel:

“- Vocês não observam.”

Nada mais. Seus discípulos que aprendessem a observar melhor.

Aprenderam. E Dirceu, com a morte do sogro, passou a administrar as fazendas. Viajava semanalmente da Tabatinga à São Luiz, a cavalo. Andava 72 quilômetros por dia. Os animais precisavam ser bons.

Sob a administração de Dirceu, a Tabatinga formou um plantel de fêmeas exclusivamente filhas de Predileto. Este lote, já sob a orientação de Raul, filho de Dirceu, foi sabiamente cruzado com Cossaco, que permitiu a formação do plantel atual.

Na administração de Raul, a linhagem dos animais Tabatinga atinge o apogeu, obtendo o reconhecimento de suas qualidades. Tendo convivido pouco com avô, Raul teve em seu pai o mestre sereno, amigo e sábio, aprendendo com ele os segredos da equitação clássica, que adaptou à sela do dia-a-dia. Hoje, em Raul pode-se ver as qualidades de grande cavaleiro, possuidor do raro dom de sentir o animal, para fazer o acerto.

A tropa dos Mangalarga Marchador da Tabatinga é resultado da dedicação, aliada ao binômio ‘Observação & Conhecimento’, desde os tempos do Coronel Severino Junqueira de Andrade.
Ricardo L. Casiuch

No Rancho São Miguel a nossa primeira égua da raça é justamente uma descendente do Predileto, a ótima égua SAGA BANCO que adquirimos em condições especiais do amigo Adhemar Magon.

As linhas de base da formação do Mangalarga Marchador

Reproduzimos aqui, um artigo memorável elaborado a partir de uma carta do Núcleo Sul de Minhas da ABCCMM para a diretoria da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador. No caso da nossa decisão anos atrás de deixar uma criação de Cavalo Mangalarga e passar para o Mangalarga Marchador,  justamente esse texto serviu como base para tomada de decisão das primeiras compras de matrizes. Com base nas indicações históricas aqui relatadas saimos a campo visitando fazendas e criadores e adquirimos pelo menos uma égua de cada linha de base. Boa Leitura!

A formação das famílias sul-mineiras a partir das famosas Ilhoas, que por sua vez deram início à seleção de animais, entre os quais o que viria a ser o Mangalarga Marchador, tem seqüência com os descendentes de Helena Maria do Espírito Santo, que se casara com João Francisco, iniciando assim, a família Junqueira. Deste casamento, nasceram vários filhos, dos quais sete chegaram à idade adulta.

Casamentos foram se realizando. Novas famílias se formaram, já então com outros nomes aduzidos àquele inicial, mas todas descendentes de Helena Maria do Espírito Santo.

Todos fazendeiros. Todos eram aficcionados das caçadas ao veado. Todos criavam cavalos para as lides do dia-a-dia e para seu lazer predileto. Então, alguns grupos se destacaram no mister de criar cavalos. São as LINHAGENS DE BASE DA RAÇA.

Posteriormente, outros fazendeiros desenvolveram criatórios, dentro do mesmo espírito dos precursores, formando novas linhagens. São as de TRADIÇÃO.

Alguns, no correr dos anos, pararam. Mas a influência de seus animais se fez e faz sentir até hoje no Mangalarga Marchador. São as LINHAGENS EXTINTAS.

Em linhagens de BASE citam-se: –

Favacho, Campo Alegre, Traituba, Narciso, Campo Lindo e Angahy.
 
 

 

FAVACHO: Dos vários filhos de João Francisco e Helena Maria, o mais velho foi João Francisco Junqueira Filho, que se instalou na Fazenda do Favacho. Do seu casamento com Maria Inácia do Espírito Santo Ferreira, nasceram 8 filhos. Deles, destacou-se José Frausino nascido em 1805, que ficou morando na Favacho após a morte do pai.
A partir de João Francisco Filho foi iniciada a seleção de cavalos, dando-se sempre ênfase na seleção do animal bom de sela, cômodo, mas ligeiro, cavalos “prontos”.
Do Favacho eram os reprodutores: Fortuna I, Fortuna II e Fortuna III. Este foi levado para o estado de São Paulo, depois de ter servido por alguns anos no plantel do Favacho. Em São Paulo, nasceram os Fortuna IV e V, tendo voltado para o Favacho um descendente deles, o Armistício, que foi pai de Candidato, cavalo de imensa importância no criatório sul-mineiro em geral.

Dos Fortunas também descende Colorado, de capital importância no criatório do Mangalarga Paulista. Reprodutores que tiveram influência na tropa do Favacho, no correr dos anos: Plutão, Canadá, Duque, Calçado, Manco, Trovão, Montenegro, Fla-Flu, Jambo, Gesso, Albatroz, além dos já citados Armistício e Candidato.

CAMPO ALEGRE: Fazenda de Gabriel Francisco Junqueira, depois Barão de Alfenas. Gabriel era filho do patriarca da família, João Francisco. Nasceu em 1782, na Campo Alegre, onde continuou morando. Casou-se com Ignácia Constança de Andrade e tiveram 10 filhos. Dentre eles, dois se destacaram na criação de cavalos: Gabriel Junqueira, chamado Chiquinho do Cafundó, de quem descendem os proprietários da fazenda Tabatinga, e Antônio Gabriel Junqueira, da Fazenda Narciso, onde também se criaram famosos reprodutores da raça.
A Gabriel Francisco Junqueira é creditado o mérito de ter criado um tipo peculiar de cavalos, assim como a fixação do andamento marchado, tudo a partir de cruzamentos feitos de seus animais com um garanhão que lhe fora presenteado pelo Imperador do Brasil.

TRAITUBA: Contruída em 1831. Seu primeiro proprietário foi João Pedro Junqueira, que foi pai de João Pedro Diniz Junqueira. Uma filha deste casou-se com José Frausino Fortes Junqueira, e a partir daí a criação de cavalos tomou vulto na fazenda. Tropa muito semelhante em tipo e aptidões à do Favacho com ênfase para as qualidades funcionais do cavalo.
Garanhões que influenciaram a tropa: Pégaso, Canário, Glicério, Armistício, Rádio, Rádio II, Bibelô, Beduíno, Candidato e Sátiro, este tendo ido para a fazenda do Angahy, onde exerceu marcante influência.

NARCISO: Criatório já extinto. Entretanto, até hoje – e sempre será assim- seus animais têm marcante influência na raça Mangalarga Marchador. Era de propriedade de Antônio Gabriel Junqueira, filho do Barão de Alfenas. Quase todas as tropas daquela época, foram beneficiadas pelos reprodutores da Narciso, destacando-se entre eles: Abismo, Trovador, Pretino, Primeiro, Mussolino e The Money.

CAMPO LINDO: Do casamento de João Francisco Junqueira Filho, do Favacho, com Maria Inácia do Espírito Santo Ferreira, nasceram oito filhos. Destes, um era José Frausino. De seu casamento com Ignácia Carolina Fortes da Silva, nasceram sete filhos. Um deles era João Bráulio, iniciador do criatório da fazenda Campo Lindo.
João Báulio era grande conhecedor de cavalos, a par de ter sido excelente cavaleiro. Pelo seu alto grau de exigência quanto às suas montarias, João Bráulio conseguiu formar uma tropa de grande refinamento e expressão racil, sem se descuidar das qualidades funcionais. Embora seus descendentes – também notáveis cavaleiros – tenham anos depois passado a registrar os animais na Associação do Mangalarga de São Paulo, até hoje seus animais têm grande importância no Mangalarga Marchador.
Garanhões que se destacaram: The Money, que foi pai de Bellini, este de grande influência na tropa da Fazenda e no Mangalarga Marchador em geral, Farol, Rio Negro, Clemenceau I e II, Ouro Preto JF, Candidato, V-8 JF, Sargento e Diamante.

ANGAHY: Construída por volta de 1782, por José Garcia Duarte, bisavô de Cristiano dos Reis Meirelles, o iniciador do criatório de cavalos no Angahy.
Em 1940 assumiu a direção o filho de Cristiano, Adeodato, grande conhecedor de cavalos. Em 1959, por morte de Adeodato, a direção passou para seus filhos.
Cavalos que influenciaram na formação e continuidade da tropa: Bônus, Mozart, Mineiro, V-8 JF, Miron, este filho de Sátiro, cavalo da Traituba, de fundamental importância no Angahy, além de Salmon, Veto e Yankee. Foi do Angahy, um dos mais célebres reprodutores da raça, o Caxias I, nascido na Fazenda Luiziania, em Leopoldina. Era também do Angahy o garanhão de nome Angahy, registrado sob o número 1 na associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.

Correspondência recebida do Núcleo do Sul de Minas dos criadores do cavalo Mangalarga Marchador em março de 1988.

Morfologia: a chave da funcionalidade

Muitas vezes, aos olhos do criador iniciante ou do proprietário de um cavalo, as chamadas provas de Morfologia, (quando o cavalo é puxado a passo, parado e na marcha, para análise dos Juízes de Pista), tratam apenas de qualificar o cavalo do ponto de vista da sua beleza aparente.

Os que já tem um pouco mais de tempo na atividade já conseguem entender que os Juízes de morfologia, qualificadores do exemplar no “Stud Book” da raça, quando observam e julgam um animal, falam de um outro tipo de beleza,  a chamada conformação zootécnica. Essa é focada essencialmente na funcionalidade decorrente de aprumos, linhas, ângulos, estrutura óssea, muscular – sempre analisadas do ponto de vista do padrão racial.

Entender para que servem esses julgamentos pode ser útil para o criador iniciante não perder tempo e recursos em investimentos equivocados,  e para o proprietário de um animal de lazer, de sela, para si ou para a família, é fundamental na avaliação do animal a ser adquirido, por sua relação com o conforto para o cavaleiro e regularidade do andamento.

Ao analisar um eqüino seria bom se pudéssemos imaginar que os vemos com uma visão de raio X, capaz de observar por baixo da pele dele, seus músculos e ossos, suas articulações e alavancas, nos ensina o  árbitro nacional da ABCCMM, José Ferraz. Aliás este artigo é baseado no conteúdo do Curso de Marcha ministrado por ele, que ajudou a produzir do DVD sobre padrão racial do cavalo Mangalarga Marchador. As imagens tiveram sua divulgação autorizada pela Associação em 2010.

Ao observarmos as  linhas de aprumos, traçamos imaginariamente uma primeira linha que nasce da articulação da ponta da espádua e morre 10 cm a frente da pinça do casco.

Uma segunda linha nasce no centro da estrutura da espádua e morre “cortando o caso” no centro. A terceira linha parte do centro da articulação úmero –radial (ponta do codilho) e desce morrendo atrás do talão do casco.

Quando olhamos o cavalo de lado e estas linhas não estão nos locais definidos, e temos a visão da mão “atrasada” para dentro da massa corporal, o cavalo é chamado de “sobre-si”. Quando as mãos estão adiantadas quando em repouso, o cavalo está acampado. Os dois defeitos tem relação direta com o resultado da marcha do animal. Essas características são genéticas e é grande a probabilidade delas serem transmitidas para a cria.

Um animal com estas características pode inclusive marchar bem, por compensações que ele desenvolve, mas não é recomendável sua utilização para fins de reprodução.

Diferentes fatores concorrem para o resultado da qualidade da marcha apresentada pelo animal. A morfologia em primeiro lugar, os tipos de embocaduras utilizadas porque elas alteram a colocação da cabeça e a flexão da musculatura da nuca e pescoço, o nível de equitação do cavaleiro, a alimentação desde os primeiros anos e o comportamento do animal.

Os aspectos decorrentes da morfologia são fundamentais porque eles têm relação direta com o apoio e equilíbrio do animal em movimento. Falamos do contato casco-solo e da sua manutenção total ou parcial.

Ao tratar de apoio podemos resumir, a grosso modo, que existem dois tipos com as suas gradações. O apoio pode ser diagonal, quando bípedes diagonais tocam o solo ao mesmo tempo. É uma posição natural no andamento dos eqüinos e dá a eles equilíbrio no movimento.

O outro tipo é o apoio lateral (posição de desequilíbrio) quando bípedes laterais tocam o solo do mesmo lado ao mesmo tempo. Do ponto de vista de desempenho deve-se evitar animais com apoio lateral pronunciado.

O chamado tríplice apoio  ocorre no andamento marchado quando um casco está suspenso e três tocam o solo.

Os andamentos a passo e marcha são os únicos em que ocorrem oito possibilidades de apoio alternadamente.

Justamente a distribuição do tempo de apoio  e a quantidade de tempo em cada apoio determina a diferença de um tipo de andamento para outro. O tempo em que o cavalo em movimento permanece em cada uma das possibilidades de apoio  dá o chamado diagrama do andamento.

Voltando à importância da morfologia para avaliar a funcionalidade do animal, a posição do conjunto de frente define o tipo de andamento e tempo de apoio.

A qualidade da movimentação dos membros depende das alavancas e articulações

O movimento marchado, pode ser “fotografado”  em 3 fases:

Elevação (flexão) – extensão (apoio) e avanço (projeção ou vôo).

É importante observar na extensão se o cavalo bate primeiro a pinça – amortecendo o impacto sobre a quartela e na seqüência ele parte para nova alavanca. Isso define a qualidade do gesto de marcha, seu rendimento e está subordinado a conformação, angulações, apoios, compensações). A boa angulação de espádua e sua articulação com o braço amortecem o impacto sobre as quartelas.

E são objeto da análise para classificar os diferentes tipos de andamento.

Quando a distribuição do tempo na passada completa é harmonizado entre os 4 membros, identificamos o avanço diagonalizado (marcha batida) ou lateralizado (marcha picada) Os avanços da marcha e a passo são sempre diagonalizados.

No avanço diagonal característico pode acontecer o apoio simultâneo, isto é, quando o cavalo tira ao mesmo tempo dois membros (anterior direito X posterior esquerdo). Isso gera um único som. O cavalo marchador se diferencia neste ponto. Não ocorre o sincronismo exato e ele tira uma das mãos antes do pé. Ocorre a dissociação que é o oposto do simultâneo mencionado anteriormente.Os dois membros tocam o solo em momentos distintos, gerando dois sons. É no andamento marchado que atua a dissociação, quase imperceptível ao olho nu menos treinado, mas claramente identifico por um ouvido atento que capta os sons dos cascos em contato mais constante com o solo.

Por causa da dissociação o tríplice apoio ocorre proporcionando maior conforto ao cavaleiro. Nos cavalos mangalarga marchador, os andamentos tendem da andadura (totalmente lateralizado) que é um adamento balançante e desclassificatório em provas de marcha seguindo em direção aos lateralizados para tríplice apoio (marcha picada- em provas específicas) passando por uma marcha de centro ( cavalo tem um tempo maior no apoio lateral do que no diagonal) evoluindo para o tríplice apoio mais tempo diagonalizado que é a marcha batida

O diagonal simultâneo caracteriza o que se chama de andamento saltado ou  trote que levam o nome de andamento saltado porque ocorrem momentos de suspensão total do eixo corpóreo do cavalo.

Assim resumindo, e até porque o cavalo marchador é antes de tudo um cavalo, são naturais o passo, a marcha (batida ou picada), a andadura tidos como andamentos marchados e os andamentos saltados, o trote e o galope.

O passo é o andamento simétrico a baixa velocidade com apoio alternado dípedes laterais e diagonais intercalado pelo tríplice apoio. Pela baixa velocidade identificamos esses intervalos a olho nu, dos 4 tempos = 4 sons dissociados. Reforço que é a dissociação  que permite  a ocorrência do tríplice apoio e do lateral.  Por isso nas provas de morfologia os árbitros solicitam que os cavalos sejam puxados a passo, momento em que se avalia a simetria do andamento marchado, equilíbrio, qualidade dos aprumos.

Quais são então as características ideais avaliadas?

-A regularidade,

-A elasticidade do movimento,

-A ocorrência da sobre pegada (quando o posterior cobre a pegada do anterior)

-O equilíbrio,

– O avanço diagonal com maior tempo,

-A suave báscula  do pescoço

-A flexibilidade das articulações ( anterior fazendo semi-círculo)

Esses indicadores quando bem definidos a passo e puxado se manifestam com toda sua funcionalidade quando o cavalo montado é colocado na velocidade de marcha, quando em maior velocidade diminui a dissociação.

A marcha então é simétrica, (pode-se fazer um perfeito diagrama do avanço completo dos 4 membros), com a alternância de bípedes diagonais e laterais, intercalado com tríplice apoio.Quando montados, na prova de marcha são avaliados também o gesto de marcha, a comodidade e o comportamento, estilo, rendimento, a regularidade, passadas amplas e elásticas, ação firme do posterior engajado empurrando a massa, a cabeça bem colocada.

A seguir, a título de ilustração, algumas das principais características morfológicas do Mangalarga Marchador:

Cabeça Triangular
Cabeça Triangular
Perfil retilíneo
Perfil retilíneo

Olhos projetados e lateralizados

Pescoço Piramidal
Pescoço Piramidal

Cernelha pronunciada

Espádua com boa amplitude e angulação
Espádua com boa amplitude e angulação

Braço bem definido e angulado

Linha de Dorso reta

Garupa plana
Garupa plana

Jarretes descarnados

Ossos fortes e bem articulados