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Hábitos peculiares de comportamento dos Asininos e Muares

O Dr. André Luiz Ferreira Silva, árbitro e membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga, nos presenteou com um texto essencial para todos que querem conhecer mais a respeito da natureza diferenciada e especial dos nossos queridos “long ears”, ou orelhas longas como os chamam os norte-americanos.
Os Muares são animais especiais que fazem parte da história do desenvolvimento e da integração regional do Brasil, e em particular, que contribuiram diretamente para o desenvolvimento econômico de São Paulo.
Convido a todos a essa leitura rica em informações e ao mesmo tempo generosa com os jumentos e muares em geral.
(Na foto, José Luiz Jorge, trabalhando a nuca do burro Koreã dos Pinheiros.)

Inicialmente salientamos a necessidade da importância do conhecimento dos cinco sentidos neurológicos que são: audição, visão, olfato, paladar e tato.

Audição: É um sentido extremamente sensível e desenvolvimento nos muares. Prova disto é a facilidade e rapidez com que estes animais assimilam comandos vocais no processo da doma de sela e no desempenho dos serviços de tração. São condicionados com rapidez: a virar, parar, recuar, e caminhar com breves comandos de voz.

Visão: Poderá ser binocular frontal, monocular lateral ou parcialmente para trás. No caso dos Muares de sela, é necessária a utilização combinada da visão binocular frontal e monocular lateral, devido ás condições variadas e acidentadas de terreno e topográficas. Geralmente, os Muares são mais atentos e perceptíveis em relação aos Jumentos. Se o Muar tem visão monocular lateral muito ativa, pode ser um indicativo de animal “passarinheiro” que se assusta e refuga com facilidade. Nesse caso, as orelhas têm grande mobilidade, podendo ainda ser um indicativo de animal de temperamento inquieto.

Olfato: Esse não é um dos sentidos mais aguçados, tanto que, ambos, Asininos e Muares, ingerem a campo alimentos mais grosseiros em relação aqueles selecionados pelos Eqüinos no pastejo. Outros exemplos: entre os Eqüinos e Asininos podem ser citados: a égua é mais protetora em relação á sua cria do que a Jumenta, e utiliza mais intensamente seu olfato. E o garanhão tem o olfato mais aguçado na identificação do cio, inclusive com uma rufiaçao mais ativa.

Paladar: Os Asininos e Muares são poucos seletivos na aceitação de alimentos, ingerindo alimentos com sabor doce, azedo, salgado. Tais como melaço, cenoura, mandioca, maniva (parte aérea da mandioca), capim picado em estado de fermentação, silagem, cevada, sal mineral dentre outros.

Tato: Neste aspecto, também destacamos a extrema sensibilidade dos Muares, através dos seus cascos. Esse apurado sentido é aliado importante do cavaleiro diante de situações de perigo: atoleiros, rios, de correnteza, terreno escorregadio e etc. Nas quais a percepção do Muar reduz os riscos de acidentes. Ele sempre evita pisar em terrenos desconhecidos. De fato, quem cavalga á noite sente maior segurança no Muar. Já a sensibilidade do tato dos Jumentos é mais reduzida, particularmente na pele.

Exemplos de hábitos peculiares no comportamento dos Asininos

Teimosia, rusticidade;
:: Manifestação do cio das Jumentas são semelhantes aos da égua, manifestando micção freqüente, eversão dos lábios da vulva, secreção vaginal, aceitação da aproximação dos machos e subseqüente rufiaçao A diferença é que a Jumenta em cio masca, com a cabeça erguida e o pescoço alongado como estivesse mascando chicletes;
:: Devido ao tato mais reduzido na pele, os Asininos que são portadores de pêlos de comprimento e quantidade maior que nos Eqüinos, não agitam bem o corpo para secar, obrigando o criador as seguintes práticas no cuidado com os jumentos recém-nascidos:
:: Atrasar a estação de monta (para que os produtos possam nascer fora do período chuvoso).
:: Durante o período de chuvas, abrigar as Jumentas paridas;
:: Manejando desta maneira o criador estará preventivamente cuidando dos produtos novos, para que possam crescer sem patologias e não ocorrer seqüelas, principalmente nos membros e não haver óbitos.

O Jumento é de contenção mais difícil e teimosa. Precisa ser contido com argolão e um cabo longo, que possa propiciar segurança ao condutor;

A rufiaçao em si é menos agressiva que nos Eqüinos. É mais demorada, a prática de permitir o sobe e desce do jumento estimula a libido e apressa a cópula. Dias frios e chuvosos prejudicam a libido. Existem jumentos que somente servem jumentas, denotando comportamento sexual frio e indiferente na presença de éguas. Em alguns casos, a presença de uma jumenta como isca estimula a ereção. O ideal é que o jumento aprenda a servir éguas desde jovem, no inicio de suas experiências sexuais. Uma prática corriqueira, adotada com o intuito de ensinar ao jumento a cobrir éguas, é solta – lo a partir de um ano de idade com uma potra da mesma faixa etária. Assim que a maturidade sexual vai se desenvolvendo, o jumento começa a cobrir a potra. Posteriormente, também poderá cobrir jumentas. Tecnicamente são chamados de “muladeiros” os jumentos destinados a cobrir éguas. Uma dificuldade freqüente é a tendência de maior porte da égua. Essa situação pode ser contornada procurando um terreno em declive ou a monta ser realizada em troco com dimensões especificas para esta prática. Uma prática comum para jumentos que servem tanto jumentas com éguas é subdividir a estação de monta em duas etapas onde, na primeira o jumento serve as éguas, e na segunda metade da estação, o jumento serve as jumentas. É interessante ressaltar é que o jumento tende a ser mais fértil do que o cavalo no acasalamento com éguas. Porém, como as jumentas são naturalmente menos férteis do que as éguas, a fertilidade declina quando serve as jumentas. Na jumenta, a gestação é mais longa em relação à da égua, tem duração de 12 meses. Portanto, em média, tem um mês a mais. Mas se a égua carregar no útero um feto híbrido, a gestação será intermediária, de 11 meses e meio. O mesmo tempo de gestação será observado quando for a jumenta que leva no ventre um produto híbrido, conhecido como bardôto (a). Este tem menos aceitação em relação aos Muares filhos de éguas. Primeiro devido ao menor porte e limitação de largura da bacia da jumenta. Segundo, porque apresenta menor rigor e agilidade em comparação aos Muares filhos de éguas, talvez porque sejam criados pelas jumentas, que tem movimentação lenta. Raros são os momentos em que observamos as jumentas galoparem, a não ser quando forçadas.

Um entrave ao uso do cavalo para servir a jumenta é a rejeição mútua. Basta observar uma pastagem onde são mantidos rebanhos de Asininos e Eqüinos. Estes, raramente se misturam. Entretanto, se os potros desmamados são recriados juntos com jumentas, haverá maior facilidade futura para aceitarem as cobrições. Como o Bardôto (nome dado ao filho do cruzamento de Cavalo com Jumenta), assemelha-se um pouco mais ao Eqüino, aconselha – se a utilização de um garanhão portador de beleza zootécnica. Na verdade a produção de bardôtos, pela carência que demonstram na capacidade de trabalho, limita – se aos objetivos das cavalgadas festivas, exposições, montarias de lazer, charretes dentre outras atividades esportivas de esforço e agilidade moderadas. Uma outra hibridação já praticada com jumentos e cavalos foi com a zebra, originando os “zebróides”, produtos que herdaram de formas variadas as listras escuras das zebras.

Exemplos de hábitos peculiares dos Muares

A inteligência desenvolvida é uma característica dos muares. É um contra-senso nominar alguém que possa ser, um pouco menos inteligente como burro (Muar macho). Curiosa também é a denominação “mata-burro” (rampas em cimento, ferros ou madeira com vãos abertos para impedir a passagem de animais que substituem pequenas pontes nas divisas de pastagem ou propriedades). Não temos conhecimento de um só caso de Muar que tenha caído em um “mata-burro”. Ao contrario, vários acidentes ocorrem com Eqüinos, Bovinos e pessoas.
Os Muares são imbatíveis na eficiência com que se locomovem ao longo de trilhas estreitas, sinuosas, pedregosas, acidentadas e íngremes de nossa região de montanhas.
A obediência e disciplina na lida com o gado aliada a uma movimentação equilibrada, estável, cadenciada, rítmica e ágil quando necessários são atributos qualitativos e inerentes do autentico Muar-pêga de sela. Sob quaisquer circunstâncias associadas ao perigo, o Muar, antes de tudo, é um animal prudente, sem demonstrar reações afoitas, típicas dos Eqüinos: carros, sons, pessoas, assustam menos aos Muares. Em uma cavalgada, é impressionante a regularidade de movimentação dos Muares.
Um costume antigo é amarrar a cauda dos Muares com um “nó” dado a quase um palmo acima dos jarretes, antes de montar. É um costume do século passado, quando os Muares eram utilizados como principal meio de transporte. Com a cauda amarrada, o animal ao rabejar não sujava os muladeiros e amazonas. Uma crença antiga é que esquecendo o “nó” da cauda atado, soltando o animal para o pasto poderá ocorrer uma dor de barriga. Na doma, os Muares demonstram um notável potencial de treinabilidade. Ao contrario do que muitos pensam, são animais facilmente domados, desde que pelo método da doma racional, em contra partida, através do método da doma tradicional, rude, os muares oferecem maiores dificuldades. Algumas regras são simples e práticas:

Montar não significa maltratar;
Domar é amansar e não é cansar.

A expressão, “Muar não amansa, acostuma”, usada por pessoas com pouco conhecimento do grande potencial de aprendizado e condicionamento dos Muares, pois devido ao alto grau de inteligência eles exigem muita capacidade de treinadores e domadores.

Os Muares não se reproduzem, devido à incompatibilidade do número de cromossomos entre as espécies genitoras. Contudo, as Mulas manifestam regularmente sinais de cio, alterando o comportamento. Quem é do meio, principalmente dos concursos de marcha, sabe se uma mula manifestar cio antes ou durante uma prova ela altera seu comportamento interferindo negativamente na sua performace. Ocasionalmente, as Mulas podem gerar crias quando acasaladas, por Jumentos ou cavalos. Porém, essa é uma probabilidade muito pequena. Um fato curioso a este respeito é que as fêmeas Bardôtas apresentam maior fertilidade em relação às Mulas. Quanto ao Burro, apesar da esterilidade, manifestam a libido, sendo prática comum, e necessária, a castração para facilitar o manejo e o melhor desempenho nos serviços em geral, nas cavalgadas e nas competições, além da vantagem de adquirirem uma frente mais leve, porém desde que a castração tenha sido precoce, por volta de 12 meses de idade.

Na equitação dos Muares algumas atitudes são inconfundíveis. Por exemplo, o animal que rabeja (oscila a cauda) durante um percurso de marcha, é um indicativo de que o Muar tem temperamento inquieto, ou que está sentindo dor. Quando o muar abana as orelhas ou abre a boca, pode ser um indicativo de um Muar que está com pouca resistência. O muar com a cauda mais cheia e longa com mais semelhanças com os Eqüinos e quase sempre um muar com bom temperamento de sela. O muar que espuma branco na boca é sinal que está aceitando bem sua embocadura. O Muar é um dos animais que mais estranham mudanças de hábitos. Um bom exemplo é a troca de muladeiros ou arreamento. Nas mãos de muladeiros inexperientes, aprende facilmente a empacar, “encostando” em determinados locais. O Muar tem um incrível senso de direção e de “malandragem”. Gosta muito de acompanhar uma “madrinha”, a quem defenda a tese que, os Muares acham que são Eqüinos por serem amamentados por éguas. Durante as cavalgadas e concursos de marcha noturnos os Muares tem atenção mais aguçada. Com essas observações podemos concluir o óbvio, que: “Muar-pêga é muito inteligente e que a denominação de Burro (como expressão alusiva a falta de inteligência) não se aplica ao Muar-pêga”.

Naturalidade: a essência da marcha de qualidade

A marcha é um caractere funcional complexo, porque envolve em sua avaliação uma série de parâmetros, tais como: diagrama, comodidade, naturalidade, estilo, regularidade, desenvolvimento e, durante muitos anos, até mesmo a resistência do animal. Todos estes fatores podem ser afetados, positiva ou negativamente, pela qualidade da Equitação, embocadura, doma, treinamento, condicionamento físico e mental, aprumos, casqueamento, ferrageamento, estrutura muscular, angulações ósseas (em particular das espáduas, quartelas e pernas).
O trote é um andamento de mecanismo genético homozigoto dominante. O sentido da dominância genética é do trote para a marcha batida, desta sobre a marcha picada e desta sobre a andadura, ou seja, os andamentos mais diagonalizados exercem uma nítida dominância sobre os andamentos mais lateralizados. De fato, a andadura é um andamento recessivo, o que atesta a sua origem mutante. Já a marcha picada tem uma base genética heterozigota, possuindo os genes da andadura, o que contra-indica a persistência dos acasalamentos entre indivíduos puros de marcha picada, o que leva ao aumento da lateralidade. Para a manutenção de uma marcha picada de boa qualidade no plantel, recomenda-se a utilização de indivíduos portadores de marcha intermediaria ou de centro.
A marcha batida tem uma composição genética heterozigota, com sua dominância aumentando de acordo com o aumento da associação dos tempos de elevação, avanço e apoio dos bípedes diagonais em relação aos bípedes laterais. Os acasalamentos sucessivos entre indivíduos de marcha batida levam ao endurecimento da marcha, aproximando o plantel do trote, andamento que deve ser considerado mais indesejável do que andadura, pois esta ainda se enquadra como andamento marchado, e a base genética homozigota recessiva facilita a eliminação do plantel.
Ao contrario, como o trote é geneticamente dominante, sua erradicação do plantel é bem mais difícil. Animais muito diagonalizados quase invariavelmente possuem um ou mais ancestrais trotadores até a terceira geração ascendente.
Uma regra simples e objetiva, que norteia uma autentica seleção de marcha, é a de acasalar o bom com o bom de marcha. Extremos aumentam as variações do tipo de marcha. Outra regra é de animais naturalmente marchadores ao cabresto, ou livres, são sempre puros de marcha, o que não impede que apresentem o trote em momentos de excitação. Nestes casos, os deslocamentos de membros tornam-se elevados, o olhar brilha, as orelhas mantém-se firmes, a cabeça e a cauda elevem-se. Tudo isso comprova a complexidade genética da marcha natural, uma característica funcional governada por fatores genéticos múltiplos, altamente influenciados por condições do meio, as quais o exemplar Pêga é constantemente exposto. Em adição, cada um dos parâmetros de avaliação qualitativa da marcha apresenta uma herdabilidade diferente, sendo em média: estilo 50%; regularidade 15%; comodidade 40%; desenvolvimento 20%; resistência 10%; temperamento 40%; e o diagrama, que tem a herdabilidade variando de acordo com a modalidade de marcha, sendo, como já foi dito, as marchas diagonalizadas dominantes. O trote convencional é 100% dominante.

Condicionamento: métodos naturais e artificiais

Métodos naturais: entendemos que o emprego de um manejo racional na criação com um condicionamento físico-nutricional adequado terá animais com bom desenvolvimento estrutural, ósseo e muscular e bons aprumos. Posteriormente aos 36 meses de idade com a aplicação da doma racional: cabresteamento e a doma de cima com adestramento adequado nas mais diversas funções em que o Muar-pêga se aplica. Com este aparato qualitativo, aliado a uma mão de obra profissionalizada tecnicamente capaz de empregar “métodos e técnicas naturais” de doma e adestramento, teremos um aumento significativo no quantitativo de Muares-pêga ao dispor do grande mercado consumidor que existe em todo território nacional.
Métodos artificiais: como o maior número de Muares-pêga são produzidos sem critérios zootécnicos, ou seja, os acasalamentos sem priorizar a valorização do maior atributo funcional: a marcha, o que mais ocorre é que a produção de indivíduos superiores é cada vez menor. Em contrapartida, o que estamos produzindo em grande escala são Muares-pêga de baixa qualidade de andamento marchado natural. Neste contexto, surge a necessidade da artificializaçao, para que estes animais sem o “diagrama marchado natural” possam com o emprego de técnicas artificializadas, iludir aos aficcionados menos experientes, de que são “marchadores”.
Partindo deste principio, surgiram no âmbito do Muar-pêga várias crenças, dogmas e treinamentos especializados em tais procedimentos. Alguns destes procedimentos são nos arreamentos e utensílios (traias):

Embocaduras: são usados verdadeiros instrumentos de tortura como embocadura, com a intenção de que se estes aparelhos possam promover uma ação de submissão, e a partir desta ação, tentar interferir na naturalidade do diagrama do Muar;
Cabeçadas: cabrestos de couro trançados com argolas, que possuem na focinheira dos mesmos um dispositivo de que quando é puxado o cabo do cabresto este aperta e a focinheira do cabresto passa ter ação de fechador de boca. (o que é proibido pelo regulamento de marcha de Muares). Visando coibir o uso deste artifício a ABCJP proibiu o uso de cabrestos nos concursos de marcha de Muares (conforme art. 39 idem 4º do regulamento);
Arreios/selas: posicionando os mesmos em cima da cernelha; uso em excesso de pelegos e baldranas, na tentativa de melhorar ou mascarar uma possível comodidade;
Cauda: colocando no interior do “nó” da cauda objetos pesados na tentativa de inibir o rabejar (bater a cauda) durante os concursos de marcha. Amarrar a cauda com fio de nylon na barrigueira da sela, por entre as pernas dos Muares, a fim de impedir que o Muar levante a cauda;
Ferrageamento: comum é prática de ferrageamento desbalanceado, ou seja, ferragear dos posteriores e deixar os anteriores sem ferraduras. Estes com o trabalho são estropiados provocando dor nos cascos dos anteriores, na tentativa de provocar uma dissociação no diagrama. Quando essa dor é intensa e está a ponto de provocar uma manqueira, o usual de ferragear os anteriores com ferraduras mais leves do que as dos posteriores. As ferraduras pesadas usadas nos posteriores devem engrossar na direção dos talões e ter mais ou menos dois centímetros que ultrapasse no comprimento dos talões. Ferraduras com rompão, não tem função e prejudicam os tendões nos membros;
Utensílios nas quartelas: nos posteriores o uso de tamancos e correntes e uma prática usual. O uso de saia, ou seja, cordas ou tiras de couro e borracha atadas nas quartelas dos anteriores e posteriores, ou seja, no bípede lateral. São práticas adotadas nas tentativas do descompasso ou de proporcionar o movimento em lateral com os membros.
Velocidade: é uma prática muito adotada nos concursos de marcha, pois imprimindo um ritmo maior de velocidade os Muares com diagrama mais diagonalizados proporcionam uma ilusão ótica de que estão dissociando, mas no regulamento de marcha de muares permite ao árbitro coibir esta conduta e se não for atendido poderá desclassificar o conjunto. Montando e reunindo estes animais o árbitro terá condição de uma melhor avaliação desses Muares.
Por tudo que foi aqui mencionado e outras artificialidades que existem e não foram aqui mencionadas entre elas o doping. É que a naturalidade da marcha dissociada demonstrada no diagrama de movimentação de cada Muar-pêga deverá a todo custo ser preservada.

Bibliografia: Jumento e Muares de sela (Lucio Sérgio de Andrade) Criação do cavalo e outros eqüinos (A. di Paravicinitorres / Walter R. Jardim) Campolina, o grande machador – Um século de seleção – Álbum histórico, edição especial de 2000 (Lucio Sérgio de Andrade) O cavalo (João Francisco Diniz Junqueira) O cavalo: Raças qualidades e defeitos (Diogo Branco Ribeiro)

Como e porque manter organizada a Farmácia dos Cavalos.

Todo e qualquer estabelecimento hípico, haras ou rancho, deve realizar ações de manejo preventivo para enfrentar todas as situações inesperadas, os chamados incidentes. Entre estas ações, merece lugar de destaque a estruturação, manutenção e conservação, com organização e limpeza, de uma FARMÁCIA BÁSICA.
Quando falamos de manejo preventivo entendemos:
a) Respeito à natureza e às necessidades naturais do Cavalo, desde os detalhes mais essenciais, como o espaço das baias, a sociabilidade entre cavalos, já que por sua natureza são animais de manada (no RSM as baias todas são sociáveis).
b) Utilização de protocolos de procedimentos que previnam situações indesejáveis, como por exemplo, não soltar éguas a frente de baias ou piquetes de garanhões,
c) Não levar garanhões para banho onde estão as baias de potros e femeas,
d) Manter a área de baias, o caminho aos piquetes e ao redondel sempre limpa e sem instrumentos ponteagudos.
e) Não deixar restos de cravos, pregos, ferros, no caminho onde os cavalos passam ou onde ficam soltos, pelo risco de ferimentos que causam tétano.
f) Manter higienizadas as escovas, rasqueadeiras, luvas de banho, limpadores de casco e ranilhas
g) Além é claro, de um cuidado serio com a qualidade das camas, que todos os dias devem ser aeradas, limpas com a retirada da matéria fecal, que uma vez escondida debaixo da serragem, aquece a cama e favorece a proliferação de bactérias anaeróbicas ( que sobrevivem sem oxigênio) e são causadoras de doenças.

Mas, mesmo com estes cuidados citados a titulo de exemplo, porque estes não são os únicos cuidados recomendados, ainda assim, podem ocorrer acidentes, incidentes ou situações de contusões no trabalho, distensões, torções, cortes, ferimentos, mordidas, cortes de graus e profundidades diferentes, causados por materiais de riscos diferenciados, (exemplo, um ferimento com farpa de bambu é altamente tetânico). E nesses momentos, o que fazer de imediato, antes mesmo do médico veterinário chegar, se for o caso de chama-lo?

E se ao invés de ferimentos ou contusões, sobressair uma indesejável cólica, com todos seus riscos?
É indispensável que o tratador ou cavalariço seja treinado e apto aos primeiros socorros, e como ainda hoje acontecem mortes de cavalos em sítios e chácaras, em hípicas e centros de esporte, por absoluta falta de cuidado, além de um tratador capacitado, informado, ele deverá dispor de meios ao seu alcance para os primeiros socorros.

Ferimentos

O organismo do Cavalo é extremamente sensível o que faz com que cada simples ferimento acione um mecanismo intenso do sistema imunológico que precipita grandes quantidades de leucócitos (células de defesa) que geram secreção purgativa, abrindo a porta para ou surgimento de outras infecções e afecções de diferentes tipos e gravidade.
É fácil você identificar se um machucado, por mais simples que seja está com sinais de inflação: ele vai apresentar inchaço, calor local, dor, vermelhidão em torno do ferimento.
Há uma relação entre o inchaço que pressiona as células nervosas, o que por sua vez, causa dor. Quando a inflamação está instalada aumenta a circulação do sangue para trazer as células de defesa e isso aquece o local.
A ação número 1 é a limpeza (assepsia) primeiro lavando com agua lima e corrente com sábao neutro, a seguir com solução degermante á base de iodo, ou com os produtos à base de clorexidina.
Feita a limpeza, pode-se avaliar os próximos passos, dependendo do tipo de ferimento, aciona-se de imediato o Veterinário.
Os processos de inflamação, podem ser classificados em dois tipos: os agudos, que evoluem rapidamente em horas ou de um dia para o outro, ou aquelas de difícil cura, que se arrastam por muito tempo e tornam-se crônicas.
Para estas e tantas outras situações, apresento aqui um roteiro-resumo de itens básicos que devem compor sua farmácia.
Todos os medicamentos devem ser mantidos em local, fresco, sem exposição a luz e ao calor e a compra, dosagens e utilização devem ser supervisionadas pelo seu Medico Veterinário, além de serem mantidos em local, sempre limpo.

Primeiros Socorros
As pessoas que se propõem a criar ou manter cavalos devem praticar um mínimo de ações de primeiros socorros, que estariam no âmbito das tarefas de um auxiliar de enfermagem:
a) Tomar a temperatura, verificar sinais vitais, batimentos, frequência cardíaca e ou respiratória.
b) Limpeza e assepsia dos ferimentos
c) Estancar uma hemorragia
d) Aplicar curativos, emplastros, enfaixar um boleto (ligar),
e) Colocar botas de gelo, aplicar massagens e alongar dianteiros ou traseiros
f) Aplicar soro, injeções no musculo ou na veia

Farmácia

O tamanho da instalação, quantidade de cada medicamento, dependerá da quantidade de cavalos na propriedade, do uso dos mesmos, cavalos de esporte tendem a apresentar mais problemas de ordem musculo esquelética, um Haras ou Rancho de criação, com muitas matrizes, outros tipos de demanda são mais comuns.
Você pode manter um armário com porta de vidro, uma caixa, um sala inteira, o que é obrigatório a todos os tipos de estabelecimento é que a farmácia e sua instalação sejam absolutamente limpas e higienizadas.

Abaixo uma relação de medicamentos mais uteis e necessários em emergências:
Curativos
Ataduras de 12 cm
Esparadrapo largo – do tipo comum para prender faixas e do tipo cirúrgico
Rolo de Algodão
Ataduras de Gaze
01 litro de Agua Oxigenada
01 litro de álcool
01 litro de degermante a base de Iodo
01 litro de solução de Iodo a 10%

Medicamentos de uso tópico (externo)

Unguentos desinfetantes á base nitrofurasona
Unguentos cicatrizantes
Pomadas contra assaduras
Gel para combate de edemas (inchaços) (exemplo; NGF5 ou DMGel)
Pomadas oftálmicas (para os olhos)

Inseticidas e carrapaticidas
Aplicação local – como sprays ou pós (exemplo: lepecid, tanicid,butox)

Medicamentos Injetáveis

Aqui relaciono só os de uso em emergências
Entre os analgésicos e anti-inflamatorios, existem aqueles à base de esteroides – que faz reter líquidos e pode causar problemas renais – além de ser acumulativo no organismo e tem os não esteroides.
Analgésicos
Anti Inflamatórios
Corticoides
Antibióticos
Quimioterápicos, por exemplo, contra a babesiose
Antitóxicos e protetores hepáticos (para fígado)
Reforço mineral
Reforço vitamínico
Fortificantes
15 litros de soro fisiológico,
05 litros de soro ringer com lactato
Seringas de 20 ml
Seringas de 10 ml
Agulhas 40×12
Agulhas 40×16
Equipos para soro

Diversos
Vermifugos, devem ter princípios ativos diferentes entre uma vermifugação e outra. O composto mais famoso, à base de Ivermectina tem revelado que os parasitas já são mais resistentes e os fabricantes já não fazem mais com 1%, sendo comum com 2% e até com 4%. Mas os vermífugos são classificados de acordo com os tipos de vermes que eles combatem. Aplicado hoje, por exemplo, outra dose deve ser dada com 21 dias por causa do ciclo dos ovos, e depois nova vermifugação deve ser feita dentro de três a quatro meses, dependendo da região.
Deve-se manter alguns em estoque, para o caso de animais que entram no estabelecimento ou plantel, entre uma e outra vermifugação.

Soros
É recomendável manter doses de soro anti-tetânico na Farmácia e aplicá-lo toda vez que o animal sofrer um corte, ou ferimento com sangramento, ex:pisar em prego, cortar-se em arame, em bambu, porque a terra, a ferrugem e outros tipos de sujidades são altamente tetânicas.

Soro anti-ofídico – é indispensável manter dentro da validade, especialmente onde há animais em pasto, piquetes, onde os animais estão sujeitos a ataques de cobras venenosas, devendo o mesmo ser aplicado junto com soro fisiológico, na veia. dependendo do estado do animal em função do tempo desde o ataque pode-se aplicar um direto e outro no soro.

Suplementos e suprimentos extras

– veículos para mistura com pós, exemplo óleo mineral, que misturado a “tanicid”, pode gerar uma pasta para ser aplicado nos locais atingidos

-vaselina liquida

-melaço liquido, para ser misturado a medicação por via oral que é de difícil aplicação

– bota de gel para congelar e fazer terapia a frio, a bota de gelo

– A higiene do local das baias deve ser fundamental, e essa é uma briga boa que deve ser travada todos os dias com os tratadores/cavalariços. A higiene geral das instalações, o manejo da esterqueira (compostagem) evita a proliferação de larvas de moscas, a higiene dos quartos de ração e feno evita roedores, uma vez que prevenir é mais barato que curar as doenças que esses transmissores trazem consigo.

– Mesmo com a higiene é bom ter repelentes de inseto que irritam os cavalos. Uma providencia natural, boa e até decorativa é plantar mudas de citronela perto e em volta das baias.

– maquina de tosa e barbeadores descartáveis para depilar em torno de áreas feridas

– tesouras com ponta curva e limpas, limpadores de casco, termômetros, aparelho de medir pressão e estetoscópio (veja artigo especifico sobre o uso

– mantenha à vista uma lista de telefones uteis, do veterinário titular, de um segundo medico caso o primeiro não possa vir, do ferreiro, do transportador, de quem o tratador deve contactar na impossibilidade de falar com o responsável/criador.

Lembre-se de:

A cada três meses verificar a validade dos medicamentos. Os vencidos devem ser descartados.

Usar sempre seringas e agulhas descartáveis , jogando-as fora em lixo separado. Uma das formas de contaminação por bactérias, mais comuns, é o uso de agulhas ou seringas contaminadas em outros animais.

– Limpe sempre – toda a semana a sua farmácia, mantendo o armário fechado, os medicamentos em suas caixas contra a luz, já que os materiais assépticos de curativos devem estar livres de pó e sujeira para fazerem algum efeito.

O desmame não precisa ser traumático


Chegamos ao sexto mês depois do final da estação de monta de 2011/12 que terminou no final do verão passado. Portanto no desmame de potros que nasceram entre fevereiro, março e inicio de abril de 2012.
O processo da desmama é um momento crucial na vida dos jovens equinos e precisamos cuidar para serem o menos traumáticos possível. Recupero aqui um trabalho de referencia da Dra. Martha Gruber, formada em 1985- USP – SP, Veterinária Autônoma e Anestesiologista do Hospital Salles Gomes, Jundiaí, SP, publicado há anos atrás em algumas revistas e sites, e com objetivo de disseminar conhecimento organizado, preparei este artigo baseado como fonte no trabalho da Dra. Martha.

Há entre cinco e seis meses de idade dos jovens potros, o debate entre criadores de diferentes raças, em face à funcionalidade das mesmas e da economia do manejo ou da preservação das matrizes, acerca de se proceder à desmama ou que se deixe ao natural, ou seja, entre esta idade e um ano de vida – porque daqui por diante, o leite se enfraquece em termos nutricionais, o potro a campo, passa mais tempo longe da mãe entretido com brincadeiras com outros potros e assim por diante.
A opção pelo desmame, parte de três importantes razões para o procedimento do desmame: 1ª.) Evitar o desgaste da égua se ela foi fecundada nos primeiros cios após a parição (a demanda de nutrientes, vitaminas, proteínas, enzimas e minerais é muito maior no caso da gestação e lactação simultaneas);
2ª.) Quando o potro apresenta bom desenvolvimento e a posição adotada no ato de mamar já compromete seus aprumos; ou seja por sua altura ele fica obrigado a se abaixar e abrir as patas dianteiras, forçando-as para dentro para poder chegar ao úbere da mãe.

3ª.) Para os casos de reprodutoras idosas ou desgastadas e para os potros que irão iniciar condicionamento (exposições, torneios de animal puxado á guia), onde há necessidade de manejo alimentar criterioso e um trabalho prematuro de preparação deles.

Decidida a desmama. Como proceder?

O desmame traz a privação do alimento materno, a ausência do convívio protetor da mãe, a mudança da sua rotina com a entrada diária em cena do ser humano, e quando realizado de maneira radical, significa para o potro um acontecimento traumatico.
Muitas são as novas situações às quais ele deve se adaptar. Eles perdem, pela falta do leite e pela mudança alimentar, além do estresse; sua resistência cai e diversos ferimentos acontecem quando se lança em portas e cercas para tentar reencontrar a mãe. Portas abertas para as infecções devido à queda de resistência orgânica que todo esse estresse causa.

Para minimizar os efeitos dessa primeira grande mudança em suas vidas, concordo que devemos adotar um desmame gradual, criando mais situações que se assemelham às naturais, com mudanças planejadas, lentas e progressivas, permitindo que o potro se adapte à nova alimentação e ao convívio mais intenso com o homem e outros potros e potras de sua idade, em campo, nos chamados potreiros.

“Essas orientações servem principalmente para um criador com vários nascimentos no ano onde é necessário ter um sistema de desmame planejado, mas, mesmo quem tem um ou dois potros em sua propriedade e quer saber qual a melhor maneira de desmamá-los poderá adaptar essas recomendações à sua realidade, sempre tentando diminuir o trauma que essa separação representa”, sugere a Dra. Martha Gruber.

DICAS PARA ANTES DO DESMAME
1. Nos sistemas de criação a campo, onde os lotes de animais permanecem dia e noite soltos, a partir de vinte dias de idade, o potro com perfeita saúde já pode dormir no piquete, mesmo no inverno. A baia fica restrita a potros que apresentem algum problema e por isso necessitem de cuidados intensivos.
2. Manter os potros a campo é mais econômico, higiênico e saudável. As brincadeiras desenvolvem melhor seus músculos e sua resistência, além de moldar suas mentes como sendo CAVALOS. Eles adquirem maior resistência às infecções, especialmente àquelas da esfera respiratória.

3. Para as regiões de condições climáticas muito severas onde há exigência da restrição em baia durante a noite, é importante manter uma perfeita higiene dessa instalação e conservar a cama (revestimento do piso) sempre bem limpa e seca, além de ser espaçosa como baia maternidade, para mãe e filho.
4. Os contatos do potro com seu tratador já se estabelecem nos primeiros momentos de vida quando se realiza a desinfecção de seu umbigo. E aqui no Rancho São Miguel, a partir da primeira hora de vida, realizamos o imprinting (gravação na mente), quando após uma prazeirosa sessão de massagem e dessensibilização completa das áreas que serão manipuladas na vida jovem e adulta, que termina com um leve sopro em sua narina, (ele guardará nosso cheiro associado a um bom momento desde o inicio da sua vida). Aqui oferecemos um curso de imprinting como modulo do curso de Horsemanship.
5. É um bom procedimento de manejo, colocar no potrinho um cabresto e, delicadamente fazer com que ele se acostume ao contato humano e obedeça aos comandos, ainda ao lado da mãe.
6. Desde o nascimento do potro, quinzenalmente é importante fazer um levantamento biométrico, peso, a altura e situação dos aprumos de seus membros, para evitar que fiquem cambaios de dianteiro ou com jarretes fechados. Esses aspectos devem ser observados e corrigidos, permanecendo atualizados por ocasião do desmame.
7. A vermifugação mensal a partir dos trinta dias de idade, com produtos sabidamente eficazes (vacinação contra tétano, encefalomielite leste e oeste, gripe, garrotilho e/ou outras vacinas conforme necessidade regional ou do próprio haras), devem ser procedimentos de rotina a partir do nascimento do potro. Ver artigo sobre esquema de vacinação já publicado aqui.
8. Quanto ao casqueamento, o início e sua periodicidade estão na dependência de cada animal individualmente. E preciso verificar se existem defeitos nos aprumos (com desgaste desigual dos cascos) e qual à gravidade deles. As correções devem ser realizadas sob orientação técnica do Veterinário que o atende e de um ferrageador profissional.
9. Com o passar dos meses, a produção de leite da égua declina em qualidade e quantidade. Para um desenvolvimento perfeito do potro, existe a necessidade de uma suplementação alimentar. A maneira mais usual é começar a oferecer, a partir de um mês de idade, ração para potros, seja em um creeper (local de acesso exclusivo aos potros) ou simplesmente em cocho separado da égua. Essa ração é mais proteica que a da tropa e mais macia, além de utilizar-se produtos como Hemolitan, ou probióticos, sob orientação médica;

A HORA DO DESMAME

1. O desmame pode ser feito por volta de seis meses de idade, considerando principalmente o bom desenvolvimento dos potros e a queda na produção do leite. Geralmente, para as raças de bom porte, com cavalos altos, o desmame ocorre aos cinco meses. Há também criadores de raças para trabalho que separam seus potros com quase quatro meses para um acompanhamento mais rígido e uma alimentação mais controlada.
2. A forma tradicional de desmame consiste na separação abrupta e definitiva do potro e sua mãe. Ele é colocado em baia, ficando restrito por até 15 dias para que se acostume à ausência da égua. Nós não recomendamos essa prática, mais econômica e mais fácil, mas pior para o potro; muitas mudanças em um só momento, como a separação da mãe, falta do leite, restrição à baia, contato humano, nova alimentação, acompanham grande estresse e vão predispor o potro ao já conhecido quadro de baixa resistência x doenças, já que nascidos no verão, desmamam no outono/inverno. Ferimentos, infecções, alterações do sistema digestivo e os problemas respiratórios são só alguns exemplos das conseqüências da mudança abrupta do manejo de potros.
3. Na tentativa de minimizar o trauma dessa separação, adota-se um sistema de desmame no qual as mudanças são lentas e progressivas, permitindo ao potro uma melhor adaptação ao seu novo manejo. Dependendo do número de potros a serem desmamados podemos ter variações nesse sistema. Para o caso de criatórios maiores, com seus animais a campo, formam-se lotes de éguas com potros ao pé de idades próximas. Eles são colocados em piquetes com boa forrageira e que possuam manutenção cuidadosa de suas cercas. Assim, gradativamente diminui-se o convívio diário do potro com sua mãe.
4. Próximo à idade escolhida para o desmame, ele tem início retirando-se a égua do lote durante o período da manhã. O potro ficará em companhia dos outros de sua idade e das éguas. A princípio, ele correrá bastante à procura de sua mãe, deixando de se alimentar.
5. Observando-o sempre. Tão logo esteja calmo, pastando por períodos maiores e brincando com os outros potrinhos, a separação durante a tarde pode ser iniciada. O potro terá sua mãe somente durante três horas no meio do dia e durante à noite no piquete.
6. Mostrando bom desenvolvimento, perfeita saúde e convívio adequado com os outros animais do lote, agora a separação se faz em definitivo. Por um período curto de tempo, ele passará todo o dia longe da mãe até que também fique sozinho durante a noite. Essa primeira noite, se possível, deve ser observada. Um bom procedimento nessa forma de desmame é fazê-lo em dois ou mais potros simultaneamente. Eles, na ausência de suas mães, convivem mais intimamente, o que atenua o trauma da primeira noite sem elas. A duração de todo esse procedimento está na dependência das reações dos animais envolvidos. Como o objetivo é diminuir os traumas, a velocidade das mudanças é ditada pela avaliação do comportamento.
7. Na disponibilidade de baias amplas e limpas pode-se proceder a uma desmama gradativa. Égua e potro passam a noite na baia por uma semana para um período de adaptação ao local. Durante o dia integram o lote de éguas de potro ao pé. Quando são muitos os potros a serem desmamados, decorridos os sete dias, retira-se a água da baia permanecendo o potro sozinho. Ele ficará em baia para iniciar condicionamento se a intenção for levá-lo as exposições da raça ou logo que se acostume à ausência da mãe (cerca de dez dias), poderá ir para o piquete integrando o lote de potros desmamados.
8. Quando um número mais reduzido de potros permite um manejo mais completo, faz-se o desmame em baia de forma mais gradual. Égua e potro passam a noite na baia, retira-se a égua pela manhã e o potro permanece preso, quando deve ser escovado e alimentado. Irá unir-se à sua mãe no piquete no começo da tarde. Ambos são recolhidos para a mesma baia no final do dia.
9. A seguir, o potro ficará em baia também durante a tarde. No piquete, terá contato com a mãe somente durante três horas no meio do dia. A tarde, na baia, deverá ser novamente escovado para que se torne ainda mais dócil. Apresentando bom desenvolvimento, a ausência da mãe passará a ser completa durante todo o dia.
10. Por poucos dias a égua será recolhida para passar a noite como potro. Agora que há completa adaptação à baia, à alimentação e ao novo manejo de contato estreito com o tratador, égua e potro podem ser separados em definitivo.
11. No caso da égua, não há necessidade de mudanças bruscas na alimentação, principalmente se ela já se encontrar novamente prenhe. O leite deverá ser esgotado inicialmente duas vezes ao dia, aumentando esse intervalo conforme se observe queda na produção leiteira.
12. Depois de desmamados, machos e fêmeas poderão ficar no mesmo piquete até no máximo um ano de idade, devendo então ser separados.
13. Se você tem poucos ou apenas um potro na sua propriedade, deve adequar estas orientações, tendo em mente o tipo de sistema que pretende estabelecer, isto é, saber para qual finalidade está criando o seu ou os seus potros e seguir manejo e desmame que melhor lhe convier. Começar a participar de exposições e se preparar para algum esporte exigem manejos diferenciados e específicos, por isso é bom definir a sua intenção para com o potro, se possível, já na época do desmame.

FONTE: Dra. Martha Gruber, formada em 1985- USP – SP, Veterinária Autônoma e Anestesiologista do Hospital Salles Gomes, Jundiaí, SP,

Foi um grande êxito o Curso de Liderança Corporativa com apoio do Cavalo

Foi realizado em 1 de agosto, na sede do Rancho São Miguel, como Dia de Campo da III Intertemporada Comercial da MSD (Intervet), o Curso de Liderança Corporativa com Apoio do Cavalo – no qual foram trabalhados conceitos fundamentais para uma liderança ética, assertiva, aglutinadora, baseada nos ensinamentos do Horsemanship.
Participaram cerca de 50 coordenadores regionais, quase todos Médicos Veterinários, que perceberam que podem cumprir um papel de líderes em suas áreas de atuação, com clientes, criadores, lojistas, distribuidores, cultivando valores que a MSD traz em sua cultura corporativa.
A inciativa da U-Corp (Universidade Corporativa) da MSD, foi um marco para nós do Rancho São Miguel, que há anos propagamos conhecimento a respeito da natureza generosa do Cavalo, parceiro milenar do ser humano em sua longa jornada. Convidamos você a acompanhar as imagens desse evento importante para todos que buscam contribuir para que o mundo se torne um lugar melhor para todos.



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Um roteiro para escolarização de potros -Conceitos e método

A linguagem dos cavalos na natureza (pressão e alívio)

Tenho recebido uma série e questões a respeito da iniciação e escolarização de potros, e muitos pedidos de orientação por parte de proprietários e proprietárias de Cavalos, em diferentes idades e fases de trabalho, ou sobre manejo, mas cresce muito o interesse por uma “informação organizada, ou um roteiro de como ou do que deve ser feito, quais cuidados devem ser tomados, seja por quem quer aprender a se relacionar melhor com seu Cavalo, seja para acompanhar e avaliar as ações de quem está “fazendo a doma”, a questão dos limites, e por mais conhecimento sobre a linguagem e o comportamento dos cavalos. Parte desse texto foi publicada no site, no meu livro “Conversando sobre Cavalos” e parte em artigos que foram publicados em revistas. Aqui eu os reorganizei e espero que seja útil.
Esse conteudo faz parte dos Modulos 6 a 9 do Curso de Horsemanship, que oferecemos no Rancho São Miguel, no qual os participantes vivenciam na prática, ou seja, fazem de fato, com animais em diferentes fases da vida, muitas vezes desde o nascimento (imprinting), depois da desmama, na juventude (dois a tres anos), na fase da doma de baixo, na fase do inicio do trabalho montado. Aliás esse é o principal diferencial dos nossos cursos. Não apenas demonstramos ou teorizamos. Aqui você faz de fato, monitorado por mim, e sai melhor preparado.

A Linguagem dos Cavalos na natureza, dentro na manada

Os cavalos quando querem aproximar-se uns dos outros, abaixam e levantam a cabeça, mastigam com a boca vazia, não levantam os olhos e em movimentos semi-laterais com o flanco exposto pedem autorização do outro para se aproximarem. O que permite igualmente mastiga, abaixa a cabeça e oferece o flanco.
Se cheiram, tocam, e pastejam lado a lado.

Quando não permitem a aproximação murcham as duas orelhas, viram-se de costas, podendo dar um relincho de alerta e começam a se mover distanciando-se do outro.

Cavalos com medo, além de murchar as orelhas, apertam os beiços, arregalam os olhos, contraem a musculatura e preparam-se para saltar, correr ou sem opção e espaço, e só nessa situação, para escoicear quem ele considera uma ameaça a si, suas crias ou se harém, no caso do garanhão.
Um confronto aberto é raro, sendo visto no entrechoque de garanhões, quando um jovem macho quer se aproximar de éguas de um família básica (um garanhão e cinco a seis éguas, suas crias fêmeas ou machos bem jovens).
Quando um potranco começa a exercitar sua atitude juvenil, mordendo, correndo, conturbando o ambiente, escoiceando uns e outros, a égua alfa, líder da manada, murcha as orelhas, estica o pescoço para frente e dirige-se com firmeza para tocar o potranco de perto do grupo, afastando-o cerca de 600 metros.
Mantém-se na expressão corporal de agressividade enquanto o “punido” não alterar sua atitude, dando sinais que quer negociar a situação e pede claramente autorização para se reaproximar. Este seria o momento do alívio da pressão e é nesse exato instante que ele aprende.

Fundamentos do Horsemanship – Conceitos e Atitude

A abordagem Integral não é só No sentido do cavalo Como um Todo Mente, Físico e Espírito, Mas também no sentido Podermos aperfeiçoar o imperfeito Na busca da Verdadeira e Perfeita Integração Homem- Cavalo
Já a abordagem convencional é simplista, Ela se alimenta apenas do lógico racional, Não considerando o ponto de vista do cavalo, Pois, não compreende que O Instinto de Autopreservação, É o direito maior do cavalo.
Nela não existem dúvidas, Está tudo organizado, Com princípio, meio e fim.
Ela adora engolir regras simplistas, Assim como: Faça isso para obter aquilo.
Usando a lógica formal e o pensamento racional. Ela busca resultados imediatos, Não se importando com a compreensão. Não tem compromisso Com o processo de aprendizado. É a ignorância Com fome de significado.
O cavalo é um ser vivo, Que pensa, sente e decide. Dentro de um ponto de vista Que não tem drama. Ele é um filho da natureza. Que só tem coração. é arte, Porque é alquimia, siderurgia, cadinho; É o caminho, elemento de conhecimento Que vem das nossas mais profundas entranhas.
Doma é a nossa capacidade de, sob a ótica do cavalo, ter a imaginação de imaginar-se cavalo, nem que seja por um segundo.

Princípios do Horsemanship

Conceito da não violência: ninguém tem o direito de dizer a quem quer que seja; faça isso ou vou machucá-lo; paralelos entre cavalos e nossa sociedade ou equipes de trabalho nas empresas
“Você pode levar um cavalo a ir para a água, mas não pode obrigá-lo a beber”
“Você pode levar um homem ao conhecimento, mas não pode fazê-lo pensar”

Nós temos o cérebro mais complexo entre todas as espécies da Terra e com essa incrível capacidade cerebral devemos ser capazes de aplicar a nós mesmos o que aprendemos com os animais.

A dor pode conseguir obediência e aceitação, mas acreditamos que só a aceitação não basta para garantir um desempenho fantástico.

Submeter um cavalo a aceitar sela e um ferro em sua boca é o mesmo que provocar nele a sensação que está sendo atacado por um predador e isso desperta nele um sentimento de auto-defesa. Infligir dor e castigos físicos a ele, para cessar um comportamento natural de auto-proteção, simplesmente confirma os temores dele de estar sendo atacado.

Nesse momento, ler os seus sinais e dar a ele a oportunidade de escolher cooperar e merecer a confiança dele é muito mais estimulante para ambos.

A conjunção Homem- cavalo tem como objetivo, respeitando o tempo de cada animal, criar um ambiente de confiança e que dê ao cavalo a chance de escolher o que esperamos que ele escolha.

Sensibilização para leitura dos sinais que o cavalo envia

Numa manada, a égua alfa lidera o grupo, leva onde há melhor comida e água, onde os obstáculos naturais dificultam os predadores. Ela organiza o grupo, protege o grupo, une o grupo. O garanhão ali está para cuidar do harém, protegendo suas éguas da aproximação de outros machos. Um potro quando fica jovem, se é macho acaba tendo que se afastar junto com outros animais jovens, formando um grupo jovem de solteiros até que um se sobreponha aos demais e se torne o garanhão de outra família recém formada.
Quando mais jovens, se aprontam, dando coices ou mordendo, incomodando outros membros, a égua alfa o castiga colocando-o para correr mais de 600 metros, obrigando-o a permanecer afastado do grupo.
Para predados, o isolamento é arriscado. O castigo é comunicado com orelhas murchas, ombros laçados a frente, olhos nos olhos e uma resoluta corrida em direção ao alvo. Como animal de fuga, o potro corre, quando incomodado com a condição do castigo que pode durar até três dias, ele dá sinais de que quer negociar.
O Cavalo quando quer negociar a relação de desconforto, que a pressão impõe, abaixa a cabeça seguidas vezes, e por fim mastiga sem nada na boca, afirmando: sou apenas um herbívoro, não faço mal, quero me aproximar. A égua alfa, se vira de lado dando o flanco, olha para ele, mas não nos olhos, e volta-se ao grupo. Esse é o sinal para ele se juntar.
Nossa sociedade vive sob o império do tempo, de falsas urgências que não existem quando falamos da relação com cavalos. O tempo é deles e não o nosso. Portanto, aqui o aluno tem que reaprender a observar. Retreinar essa capacidade de contemplar, ler os sinais e estabelecer relações entre essa leitura corporal e fatos simples que ocorrem em torno do animal, como ele reage ao vento nas folhas, à aproximação de animais ou pessoas, a cheiros, a sons.
Os índios cavaleiros na América do Norte e do Sul, observavam esses sinais e fazendo o mesmo capturavam as manadas que os serviam. Adquirida a confiança, montavam até sem freio ou rédeas, só com a ajuda de pernas e fundiam-se ao cavalo anulando seu centro nervoso. Do cérebro humano, pelas pernas, nasciam como verdadeiros centauros. Ainda hoje, se monta e se consegue isso com animais com os quais estamos mais integrados.

Método prático de Horsemanship (Como ensina Eduardo Borba, “toda técnica é boa e toda técnica é ruim”)

Num ground work ( trabalho de base), isso se demonstra em 40 minutos e os resultados são idênticos.
a) o Redondel, ao contrário dos piquetes retangulares, não tem cantos vivos, nos quais o cavalo costuma embicar, mantendo-se de costas para o Homem, e quando quer evitar a aproximação roda o quarto traseiro, mantendo o Homem longe. No redondel, ele roda à esquerda e à direita, sempre com o flanco exposto o que o coloca na perspectiva de fuga.

b) Assumindo o centro do redondel, o Homem assume a condição de predador e olhos nos olhos faz o cavalo galopar. Deve manter-se em um ângulo de 35% em relação à cabeça do cavalo, numa diagonal. Quando quiser que o cavalo saia da programação mental de fuga, desloca-se do centro para o lado e isso “retira” a rota de fuga do cavalo. Ele de imediata estanca e roda no sentido contrário.
c) Um cavalo quando visto do lado esquerdo não é o mesmo do lado direito. Vimos isso no item “a visão do cavalo”. Portanto quando altera o lado, pode ter atitudes diferentes, chegando em alguns casos a negar o lado e se recusar a correr no outro sentido, passando a se sentir acuado. (cuidado na leitura de seus sinais e no alívio ou não da pressão)
d) Rodando ao contrário o cavalo tende a fugir cerca de 600 metros antes de dar qualquer sinal de negociação, isso representa cerca de 16 voltas em um redondel nas medidas profissionais (diâmetro de 16 metros a 19 metros).
e) Depois disso pode-se aliviar a pressão baixando o nosso olhar do olho do Cavalo para a paleta… ele entra em ritmo de marcha, ou trote e assim deve-se manter mais algumas voltas.
f) Ao abaixar a cabeça seguidas vezes e vindo a mastigar com a boca vazia, alivia-se a pressão, baixando o olhar para as patas traseiras, quando ele pára.

g) Se a comunicação foi estabelecida em bases claras e a leitura dos sinais feitas no timing correto, ele pára de frente para o centro do redondel, (contato franco) ou de lado, mas com o pescoço virado procurando o contato visual com o “predador”.
h) Nesse instante o Homem, abaixa-se no centro do redondel, ficando de lado e evita olhar nos olhos do cavalo. Pode-se mastigar com a boca vazia fazendo um som semelhante ao deles.
i) Muitos cavalos se aproximam francamente e vem cheirar o Homem, abaixando a cabeça até onde estamos. Sem gestos bruscos, sem mostrar mãos abertas (garras), levantamos lentamente e o tocamos no pescoço com o dorso da mão. Ele permitindo esse contato pode ser tocado entre os olhos (ponto cego), massageado no pescoço, coluna até a garupa, paletas, cilha, vazio, patas dianteiras e traseiras.
j) A seguir, nos afastamos, (o predador nunca se afasta). Ele deve seguí-lo no redondel, onde você deve manter um ritmo lento mas constante, andar em oito, em zigue-zague e ele amadrinhado escolheu fazer a conjunção.
Cria-se pela conjunção entendida como escolha por parte do cavalo, o momento de aproximação. Ele então escolhe adiante da conjunção, o acompanhamento. Se não for traído em sua confiança, a partir daí, estará sempre ao nosso lado. Se o aprendizado do cavalo for medido de 0 a 10, o passo mais importante é o de zero a um. Lembre-se que nunca há uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão. O segredo da verdadeira liderança está em criar um ambiente que favoreça o melhor de cada um a se manifestar. As pessoas devem escolher livremente seguí-lo.
Cavalos tem uma vantagem. Eles quando escolhem, o fazem de verdade. Eles não sabem fingir, mentir, ou dissimular. Se ele tiver alguma restrição, quando me afasto dele no redondel, ele segue outra direção. O acompanhamento (adesão) após a conjunção é efetivamente espontâneo.
O cavalo quando confia, aceita tarefas. Por exemplo, aceita ser encilhado e seguir uma rédea. Confia, logo aceita desafios novos.
Certos
1- Aproximar de um potro em inicio da doma com tranqüilidade e segurança mesmo com cavalos desconhecidos que você não tenha contato constantemente. Pegá-los em um local onde seu espaço seja limitado, facilitando a aproximação.
2- Colocar o cabresto pelo focinho e passar por trás das orelhas conversando principalmente com o potro e outros enquanto coloca lentamente sem assustá-lo.
3- Usar voz firme e sempre igual, isto é, no mesmo tom para que o animal entenda o que você espera dele.
4- Recompensar o cavalo com carinhos no pescoço a cada etapa executada de maneira correta, lembrando que deve-se premiar no momento em que o animal realiza corretamente a tarefa pedida.
5- Parar com a insistência ou aula assim que o animal realize por algumas vezes o que lhe foi pedido. Ministrar os ensinamentos progressiva e repetidamente.
6- Encilhar o animal pelo lado esquerdo, entretanto o cavalo bem domado aceitará o manejo pelos dois lados.
7- Para cada tipo de animal, melhor dizendo para cada tipo de modalidade que você quer fazer com seu animal necessita de selas diferentes, selas tipo australianas são usadas normalmente para cavalos de marcha, selas tipo Western coloca-se em cavalos Árabes e Quarto de Milha, selas tipo seletas mais leves usa-se em cavalos de corrida e saltos.
Errados:
1- Não se aproximar brutalmente principalmente pela sua traseira. Os cavalos têm medo dos homens e com susto poderão reagir repentinamente.
2- Não colocar o cabresto rápido e não amassar as orelhas, pois podem sentir dor ou irritação, e o animal pode reagir e criar traumas, difíceis de tirarem.
3- Não rode o animal com o cabresto e evitar dar puxões fortes.
4- Não repetir as palavras de comando na hora que o animal está realizando os ensinamentos. Se ele esta fazendo é porque já entendeu e a voz de comando nessa hora só irá confundi-lo.
5- Não recompensar o animal após não ter feito o que foi pedido ou recusar. Nunca bata em seu cavalo, pois só servirá para desorientá-lo.
6- Não pare com o trabalho ou a aula no momento que o cavalo errar o exercício. Caso o cavalo não execute o exercício de forma correta, mesmo que depois de algumas tentativas, mude o exercício para um mais fácil e termine a aula. A repetição demasiada cansa fisicamente e mentalmente o cavalo. Ele ficará cansado e perderá a disposição e o rendimento. Por isso procure variar as lições para mantê-lo sempre atento e disposto.
7- Não jogar o material que irá no dorso, pois é um lugar sensível (perto do rim) e esse impacto provocará dores e traumas.
8- Não usar a embocadura muito forte quando o cavalo é sensível e aceita o comando do cavaleiro rapidamente e a embocadura muito apertada poderá ferir o canto da boca.
Lembre-se dessas dicas e use sempre com muita calma e nenhuma violência nos comandos aos cavalos, eles irão te respeitar e aprender!

Trabalho de base (“ground work”)

Como fazer do “ground work”, ou “trabalho de base” uma oportunidade para seu cavalo se divertir enquanto trabalha

Durante muito tempo aqui no Brasil o trabalho de base, aquele que fazemos desmontados, foi subestimado. Depois, foi introduzido pelos que passaram a adotar aquilo que na época se chamou de “Doma racional”, na fase de preparação e iniciação, cabresteamento. Uma vez terminada essa fase e iniciada a doma de cima, pouco se voltava a fazer em termos de trabalho de base.

Com a evolução do conhecimento sobre a natureza dos cavalos, seus padrões de resposta e com a introdução da filosofia de trabalho dos notáveis “horsemens” norte-americanos, aumentou também a nossa percepção da importância do trabalho de base.
A chamada “doma racional”, que ainda é a mais usada no país, deu boas contribuições à melhoria da qualidade dos cavalos, seja para uso nos esportes ou no lazer e no trabalho. Mas, a filosofia de trabalho que adotamos, o HORSEMANSHIP, estabelece novos marcos nesta relação milenar entre Homem e Cavalo

a) o reconhecimento da sua natureza como animal de fuga e de manada, cuja emoção dominante é o medo;
b) ligado a isso, o reconhecimento do seu direito de usar seus instintos de auto- preservação;
c) o estabelecimento de uma relação entre homem e cavalo, do ponto de vista dele;
d) o aumento da nossa sensibilização, a necessidade de aprenderemos a LER o nosso cavalo a cada segundo, de observar os sinais claros que ele emite em sua própria linguagem, a usarmos o que o Borba chama de FEEL- intuição;
e) aprendemos a respeitar o TEMPO de resposta de cada cavalo que é único e diferenciado como eles são. Seja no redondel, seja no trabalho montado o tempo é dele e não nosso, o que nos obriga a trabalhar o esvaziamento de nossa visão caprichosa e autoritária, nos leva à necessidade de merecer liderá-los;
f) a refinar nossa maneira de solicitar ações e respostas, a sermos mais precisos na hora da AÇÃO, reconhecendo que se um cavalo não faz o que lhe foi pedido, isso pode ser também por problemas mais nossos do que dele. Ele pode não ter entendido o que foi pedido, podemos ter adotado uma atitude contraditória, pedindo duas coisas diferentes ao mesmo tempo por erro de postura ou expressão corporal descuidada ou ele não teve tempo de responder.
Nesse cenário de evolução, é claro que o trabalho de base teve sua importância revalorizada.
Nós, no Rancho São Miguel o adotamos diariamente, não apenas no trabalho de iniciação dos potros marchadores que começaram a nascer por aqui. O adotamos dentro de uma escala diária para as éguas de cria, de marcha, e para cavalos de passeio e trilha.

Esse trabalho, aliado ao manejo natural, às rotinas diárias os torna a cada mais compassivos, generosos e cooperadores. O trabalho de base, seja à guia, rédea longa ou em liberdade ajuda desde o aquecimento, nas transições, na associação de comandos de voz aos expressivos comandos do horsemanship no redondel. São repetidos em sessões de 30 a 40 minutos que culminam com a conjunção e acompanhamento.
Mas, com o tempo isso que era simplesmente maravilhoso, como se viu nos livros, acaba ficando enfadonho e rotineiro demais.
Foi então que tive contato com as clínicas de Clinton Anderson e seus programas de treinamento para trilhas.
E fiquei certo de que ele sentia o mesmo e inovou. Criou um chamado “creative ground work” e introduziu com método e segurança uma série de obstáculos divertidos que quebraram o que se tornava o entendiante trabalho de base no redondel.

Entre os ganhos que essa abordagem trazem estão:
1. Melhoria da sintonia fina no trabalho para torná-los mais responsivos, modela a sua atitude e obediência voluntária e desenvolve seus músculos , atleticamente.
2. Termina o tédio e a chateação de rodar para direita e esquerda, a passo, trote e galope. Principalmente os cavalos jovens, naturalmente curiosos passam a gostar das sessões de trabalho de arena que ficaram bem mais interessantes e estimulantes.
3. Reforça sua capacidade de liderança sobre ele, conseqüentemente reforça a confiança dele em você.
4. Fortalece o ele entre ele e você e ele sente que está mais capaz de superar desafios viáveis, com dificuldades crescentes, sem castigo, sem a pressão do trabalho hípico numa fase da vida em que ele precisa consolidar o aprendizado e não se rebelar contra os exercícios. E o melhor de tudo é que com o trabalho de base mais criativo e divertido tanto o horseman quanto o cavalo nem sentem o tempo passar
5. Como utilizar o trabalho de base criativo segundo Clinton Anderson

Prepare um percurso avançado para eles fazerem diariamente usando obstáculos naturais, obstáculos que favoreçam situações para o cavalo negociar com você a sua ultrapassagem. Ele tem que investigar, sentir, te seguir e experimentar. São obstáculos que amanhã ou depois, quando ele estiver trabalhando de verdade, ou fazendo um enduro ou uma prova de resistência ou mesmo uma trilha ele poderá encontrar pela frente.
Troncos de diferentes calibres colocados no percursos a distâncias irregulares, tambores deitados, caixas cavadas no solo com ou sem água em pisos não escorregadios, morros artificialmente colocados como os de uma pista de motocross, de curta distância, todos eles colocados dentro ou fora do redondel ou do piquete de trabalho.
Comece sempre conduzindo ele à guia para passar a passo, depois dele poder cheirar, observar, sentir a novidade. Depois e sempre à guia longa, conduza-o no trote, quando então ele já poderá saltar os mesmo ao invés de apenas passar por eles.
Aqui a questão não é para ser confundida com as provas caninas de agility, mas a de construir um espaço de convívio divertido, que introduz o potro no cenário do seu futuro, de um modo leve, como de fato seria se ele tivesse um jardim da infância. Com certeza, em alguns dois ou três anos, você e seu cavalo farão qualquer pista juntos enquanto se divertem e aí os resultados serão duradouros.

Um roteiro para prevenção de cólica nos Cavalos

Os cavalos são criaturas sensiveis e um dos maiores riscos à sua vida são as cólicas, que podem ser de diferentes tipos e causas, mas que tem seu risco de ocorrencias aumentado varias vezes quando em regime de confinamento em baias.
Por melhor que seja seu cuidado com eles, oferecendo tudo, desde uma nutrição apropriada a equinos, nas proporções corretas de concentrado e volumoso de primeira qualidade, com quantidades necessárias de proteínas, vitaminas, aminoacidos, mineirais e fibras, temos que ter em todos os estabelecimentos, estoques de suprimentos para um kit de primeiros socorros para cavalos.
Há também informações essenciais e produtos atualizados, e voce proprietário, criador ou treinador deve buscar conselhos de especialistas sobre como identificar e cuidar das várias doenças e enfermidades do Cavalo, incluindo as cólicas, laminite e parasitoses, além de um efetivo programa de vacinação.
Tudo que você precisa saber para cuidar de seu cavalo, do topo da cabeça até a ponta de sua cauda, pode ser encontrado conosco, afinal a proposta do Rancho São Miguel é ser um Núcleo de Conhecimento sobre a Natureza do Cavalo, seu padrão de respostas e comportamento.

Abaixo trazemos um roteiro mínimo de prevenção de cólicas

A Prevenção da cólica do cavalo deve ser uma prioridade de cada proprietário de cavalo. E para tornar mais fácil para você, trazemos um roteiro preparado por veterinários especialistas em cavalos na forma de algumas Dicas Úteis, para reduzir o risco do seu cavalo sofrer de diferentes tipos de cólicas:
• Alimentá-los com uma dieta de alta qualidade em intervalos regulares; cavalos precisam demais de rotinas alimentares, com horarios habituais. Fornecer por exemplo, aos cavalos confinados em baias, um esquema básico:
a) as 7h00 feno ou capim de qualidade ( 1,5% do peso vivo). Essa digestão é mais rápida.
b) às 8h30 concentrado ou seja ração na proporção de 1% do peso vivo. Essa digestão é mais lenta. Ela começa na boca, por isso mantenha a saude dentaria em dia. às 12h00 repete-se a oferta de volumoso e 13h30, repetimos a ração, finalizando entre 17 e 18h00 com feno suficiente para a noite.
c) Após o fornecimento de ração, deve-se aguardar duas horas para começar o seu programa de exercicios e trabalho leve;
• Quando tiver de substituir a ração, faça as alterações na ração do seu cavalo gradualmente ao longo de vários dias para evitar perturbar o sistema digestivo do seu cavalo.
• Ofereça água fresca e limpa a uma temperatura agradavel e potável disponível em todos os momentos. O ideal é o uso de bebedouros automáticos;
• Fornecer vermifugos regularmente (aqui recomendamos a cada tres meses)
• Dar a quantidade recomendada de exercício diário de cavalo, Equitação ou trabalho de chão em um redondel para aumentar a sua motilidade intestinal e mantê-lo em bom estado de espírito.
• Verificar regularmente se no seu ambiente, piquetes, potreiros, etc, existem no pasto plantas tóxicas ou substâncias que podem ser nocivas.
• Minimizar o estresse, evitando alterações freqüentes para sua gestão, mudanças de local, de baias, de companhias com quem ele come, ou a mesmo mudanças na sua rotina.
• Se ele estiver em uma cama de areia, coloque seu feno em um alimentador ou sobre um tapete de borracha para evitar sua ingestão areia (o que pode levar à cólica de areia – tipo compactação do bolo alimentar).
• Pergunte ao seu veterinário sobre outros fatores regionais de cólica, como formação de enterolitos (pedra intestinal), impactação intenstinal no Ileo, verificar dependendo da umidade do lugar, a formação de fungos e mofo que podem estar presentes no feno.

Inclua o Estetoscópio na sua farmácia antes de você precisar dele!

• Segundo a especialista norte americana, Dra. Juliet Getty, o estetoscópio, um equipamento a venda em lojas de produtos médicos é útil, necessário e voce deve aprender a usar um.
• Conhecer o básico do funcionamento do corpo do seu cavalo e as principais ocorrencias no trato digestivo em condições normais poderá ajudá-lo a identificar problemas de saúde com ele, antes que se manifestem de maneiras óbvias. Isso pode ajudar a manter o controle de freqüência cardíaca e sons do intestino de seu cavalo a reconhecer os primeiros sinais de cólica. Em nossos cursos nós procuramos demonstrar isso.
• Seu kit de emergência provável deve incluir um estetoscópio – uma peça altamente valiosa durante qualquer situação de emergencia médica. Sabendo do ritmo cardíaco normal do seu cavalo e conhecendo os sons do intestino em funcionamento normal, previamente, quando estiver proximo a eles, no manejo diario, na hora da escovação, ouça com o estestoscópio, (coloque o fone do esteto do lado esquerdo pouco atrás do cotovelo, atrás do braço, e ouça os batimentos cardíacos, em repouso, porque isso lhe permitirá avaliar melhor cada situação —
• Um pulso em descanso é normalmente entre 32 e 40 batimentos por minuto (os dos pôneis ligeiramente superior). Coloque o estetoscópio, logo atrás do cotovelo. Usando seu relógio ou um cronômetro (geralmente um recurso em seu telefone celular), conte o número de batidas durante 30 segundos e multiplique por dois para obter as batidas por minuto.
• Medir em diversos momentos do dia, antes e depois de comer e em qualquer alteração de circunstâncias, depois do trabalho montado, ou no redondel, ou de qualquer outro nível de atividade lhe dará uma idéia clara de como o seu cavalo geralmente responde ao seu ambiente. Marcado um desvio do normal (sem explicação óbvia como exercício) pode indicar a presença de infecção, dor ou doença.
• O estetoscópio também é especialmente útil para ouvir sons do intestino. É normal e saudável para sons próximos do aparelho digestivo devido ao movimento de alimentação, gases e líquidos. Intestinos são feitos de músculos; o processamento de forragem (volumoso) continuamente fornece o exercício necessário para manter esses músculos em boas condições.

• Normalmente, os sons serão baixos em campo com alguns roncos. A Cólica ocorre quando há uma alteração no intestino, normalmente devido a obstrução, por gás ou a mais grave, a torção, e os sons irão mudar ou parar completamente.
• Se você não ouvir qualquer ruído, ou se os sons tornaram-se maiores ou se diminuiu significativamente, ou ainda se apresentar um som oco, que ele provavelmente indica a cólica e você deve contactar o seu veterinário imediatamente.
• Pratique escutar em quatro áreas do intestino: ao longo do cano superior e a área de flanco inferior em ambos os lados. De modo geral, os sons do canto superior esquerdo vêm de dois pequenos pontos e tendem a ser agudo e de curta duração.
• No canto inferior esquerdo tem sons dos dois grandes pontos. No canto superior direito, os sons vêm do grande cólon e ceco, enquanto que no canto inferior direito tem dois grandes pontos. No entanto, o ponto de origem para os sons do intestino não é completamente previsível; o importante é identificar uma variação de sons normais do seu cavalo e para isso voce deve se habituar a escutá-lo na normalidade, para poder soar o alarme na emergência.
• Desvios do normal no pulso ou nos sons do intestino podem ter muitas explicações possíveis, para quem não tiver experiência, você nunca deve colocar-se na posição de diagnosticar a cólica ou outros distúrbios. Mas você pode ser um recurso valioso para ajudar com informações seu veterinário, se você sabe o que é normal para o seu cavalo e pode identificar uma mudança, antes de acontecer a doença. Portanto, inclua o quanto antes seu estetoscópio na farmácia de primeiros socorros.