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Nunca como nos dias de hoje, os conceitos e atitudes decorrentes de um bom “horsemanship” ( expressão que pode ser traduzida como sendo a construção permanente de um “relacionamento entre humanos e Cavalos”, do ponto de vista do Cavalo), revelam-se extremamente uteis para as pessoas, que sendo do bem, desejam de verdade se tornarem melhores líderes de si mesmos, dos seus cavalos, das suas equipes, e até dentro da família.
Essa afirmação traz material para um dia de debate em um seminário, curso, palestra, etc. Leia de novo, com calma, pensando no que está escrito.
Mas aqui vou me ater a um único e não necessariamente mais importante, aspecto do tema. Primeiro; por que estou dizendo que nunca como nos dias de hoje isso foi tão útil?
Porque vivemos a cada dia mais uma época de quebra de valores, de perda e negação de uma série de atitudes em todos os ambientes, é uma espécie de vale tudo, de salve-se quem puder, de egoísmo elevado à condição de norma de vida, uma sucessão de fatos sempre piores que os anteriores, seja no cotidiano das cidades, seja desde o mau exemplo vindo de parlamentares, prefeitos, administradores, de profissionais de saúde que recebem se comparecer ao serviço, (azar de quem depende deles), até as frequentes ondas de noticias sobre a violência – muitas vezes maiores do que os fatos em si, mas com agravantes de a cada onda destas a barbárie é maior. Como nos inundam com noticias desagradáveis acerca da condição humana.
Basicamente, isso vem por conta de imaturidade, da incapacidade de lidar com expectativas/desejos x frustrações ou limites sociais.
Isso é estimulado pela febre multimídia, pelas ferramentas de edição de imagem e som, amplificados para milhões de pessoas, de todos os pontos do planeta, a cada segundo. Havia um clássico da literatura chamado “ a fogueira das vaidades” e ele está mais vivo do que nunca. Muita coisa desnecessária, inútil, que pode ser dispensada. As redes sociais também têm sido mal usadas. Se de um lado, amplificam o que há de bom, de edificante, de novo, de outro e em maior escala difundem também o que não tem utilidade e não serve para melhorar a vida de ninguém.
O “império de narciso” dos egos inflados, que leva as pessoas a fazer qualquer coisa pela exposição da imagem e da notoriedade, instantânea, chega também ao mundo do Cavalo. Assim vemos pessoas que nunca iniciaram um cavalo, que recém descobriram ensinamentos que há décadas são praticados, por puro exibicionismo, aparecerem como “descobridores” do ovo de colombo, fazem um livro por conta própria e alavancam com recursos financeiros uma exposição de mídia para aparecerem como “referencia” em um mundo, o do cavalo, cujo critério da verdade é o tempo. Bastaria perguntar a esses neo-genios do “horsemanship”, como escolarizar um potro? Como corrigir um comportamento não desejado? Como lidar no redondel com um cavalo defensivo que vem pra cima para morder e manotar? Isso no dia-a-dia da lida de um rancho, haras, fazenda, centro hípico é tarefa para todo treinador, mas as vedetes recém-iniciadas não atuam.
Outra observação é a respeito de aprendizes de mestres internacionais que aparecem no Brasil, “como se fossem o último biscoito do pacote”, ditando regras que recém aprenderam, priorizam shows e demonstrações, mas para isso, escolhem um dia antes quais animais tem “perfil” para a demonstração das técnicas, sem correr os riscos da realidade diária. Que confundem animais cooperadores, que abaixam a cabeça quando se aproximam da gente para facilitar a colocação do cabresto, por exemplo, com animais que “ invadem o espaço pessoal”, que se apoiam em ferramentas e ajudas especiais para obter respostas, que sem essas ferramentas de indução, teriam de ser espontâneas por parte do cavalo e assim por diante.
Isso tudo me fez optar por escrever esse artigo, simples, direto, mas que busca restabelecer alguns pontos criteriosos e importantes: o horsemanship não pode ser reduzido a técnicas de “show horse”, a técnicas a serem expostas em demonstrações com animais pré-selecionados. O horsemanship, estabelecido em boas bases, é um conceito do dia-a-dia, na lida diária, no conceito de hospedagem em baias, no manejo preventivo, na criação de condições de conforto emocional e físico, no ensinamento e treinamento diário do Cavalo, sem violência, na contenção amigável, sem dor, para intervenções simples do cuidado medico, entre outras aplicações.
a) Devemos nos relacionar com o Cavalo de igual para igual, a partir do respeito a seu ponto de vista, de animal predado que tem direito de utilizar seu instinto de auto-preservação, e mostrar a eles que não atuaremos como predador, não o colocaremos em situações que ameaçam sua integridade, que pretendemos liderá-los pelo respeito, pelo exemplo, pelo merecimento, a partir do ponto de vista deles. Uma liderança calma, assertiva, que treina comunicar as coisas com clareza e sem dupla mensagem. Isso o cavalo ao mesmo tempo pede e ensina.
b) Devemos trazer para as relações entre as pessoas a mesma atitude. Abertura para aprender todos os dias, não tentar ser dono da verdade, não subestimar a inteligência dos outros, não recitar regras feitas e querer que o mundo real se ajuste a elas. Ser humilde nas vitórias e digno nas dificuldades.
c) Não aceitar qualquer oferta ou qualquer coisa em troca de promessa de notoriedade rápida, de exposição à mídia, de encontrar atalhos que levem à fama em vez de trilhar o caminho diário do trabalho, da superação de situações novas a cada dia, de revisar a sensibilidade de ler o cavalo, de entrar com ele no redondel tendo um plano para ambos, de fazer o caminho conforme avançam juntos.
d) Desconfie de “magos” do horsemanship, que recém saíram de cursos certificados, não convivem, não criam, não competem, não treinam cavalos vencedores, e não trabalham todos os dias com cavalo ao longo do tempo, mas querem dizer a você o que tem de ser feito, e quando vão demonstrar isso, escolhem antes qual animal tem sensibilidade para responder a um minimo de pressão, e confirmar sua “ credencial” de professor. Professores, somos todos nós, desde o tratador que se habituou a ler os sinais de saúde na baia todos os dias, o ferreiro que lê as informações gravadas na ferradura velha, sobre distribuição de peso e desgaste das mesmas para melhorar o aprumo do cavalo, o treinador que entende e lê o cavalo antes de cada treino e sabe quanto pode pedir a mais ou não,o veterinário que pesquisa novas alternativas de tratamento, que indica atitudes preventivas para preservar a saúde do cavalo, o “horseman” que chega no cavalo e o acalma para que ele esteja mentalmente aberto a aprender o que queremos lhes propor e assim por diante. NÃO EXISTEM ATALHOS, E A BUSCA DE FAMA E RECONHECIMENTO À CUSTA DO CAVALO, mesmo dizendo que os ama, costuma levar a tombos doloridos.
e) Horsemanship, bom, não serve para animar egos vaidosos, antes demanda pessoas centradas, que não fazem o que escolheram fazer para obter títulos e certificados, mas que como consequência de sua vida com o cavalo, todos os dias, aprenderam a ler o cavalo e são capazes de fazer a diferença na vida deles. É muito melhor do que as palmas de uma platéia de iniciantes, você ouvir de um criador que confiou um de seus cavalos a voce dizer:- “que bom, o cavalo superou aquela atitude, ele voltou para casa diferente do que foi.”

f) Portanto, numa sociedade imediatista, do sucesso a qualquer preço, onde faltam referencias, vale muito, ler um livro, que é uma “bíblia do horsemanship”, do grande mestre norte americano Tom Dorrance, “O verdadeiro horsemanship através da observação dos sinais”, em inglês, “The true Horsemanship, trough feel”.
g) Cada cavalo, cada dia, cada situação, cada projeto, merece uma dedicação séria do capítulo “aprenda a ler seu cavalo”, sem egocentrismo, sem mandonismo, sem pressa, sem vaidade. Apenas leia, observe, anote, dedique horas lendo seu cavalo, na baia, no redondel, na pista, no treino, anote, estude, dedique-se e o resultado sustentável aparecerá nas pequenas situações diárias, pelo bem do cavalo, sem show, sem plateias, apenas faça o que deve ser feito.

A seguir quero compartilhar uma lista de dicas de posicionamento que tem sido uteis no nosso trabalho aqui.

Os cavalos são naturalmente criaturas com medo de movimentos bruscos e objetos erguidos sobre suas cabeças. Quando os cavalos foram abusados ou negligenciados, eles têm motivos para não gostar de pessoas e muitas vezes são ainda mais defensivos. Uma terrível característica é “uma cabeça tímida” que evita contato franco, que sobe o pescoço por qualquer coisa – isso acontece especialmente se o cavalo foi atingido no rosto ou teve suas orelhas torcidas ou puxadas. Um cavalo tímido terá um gesto assustado ou afastará para trás quando você tentar intervir sobre sua cabeça, passar um cabresto, colocar a cabeçada. É preciso algum esforço e paciência para ajudá-los a superar isso. Lembre-se sempre ser confiante e calmo em torno de um cavalo.

1. A Abordagem do cavalo deve ser devagar e com calma, primeiro desmontado, das patas para a cabeça, ao seu lado e não de frente . Não olhe o cavalo diretamente no olho primeiro; eles vêem isso como uma ameaça porque o predador olha nos olhos antes de se atirar sobre ele. Nunca deixe um senso escapar pela pele, de que você está nervoso, mesmo se você está. Irradie uma atitude calma, sem medo. Se você não pode fazer isso hoje ainda, você precisa aprender como fazer – é uma obrigação se você planeja trabalhar com cavalos.

2. Permitir que o cavalo possa te sentir como um líder seguro que o acalma mesmo se ele estiver com medo e parecer nervoso. Tente dissipar a adrenalina, assobie calmo, cantarole uma musica boa, com voz macia, algo suave, até que ele pareça ter relaxado.

3. Alce sua mão lentamente até tocar entre seus olhos e desça ao seu nariz . Tente não parecer ameaçador. Se o cavalo desenha sua cabeça longe, soltar a mão e dê um passo para trás alguns centímetros. Aguarde alguns segundos antes de tentar novamente. Os cavalos são tão curiosos que a maioria deles terá um passo em direção a você neste momento. O que é um bom sinal.

4. Esfregue suavemente o seu nariz até que ele entenda que você não vai machucá-lo . Muitos cavalos gostam de explorar ou mordiscar com seus lábios. Se você está com medo de que ele pode beliscar você, retire sua mão suavemente e sem alarme antes de qualquer coisa acontecer. Se você surpreendê-lo, com gestos bruscos ou ameaçadores, você terá que voltar à estaca zero. (leia o artigo sobre cavalos que mordem e veja como agir nesses casos).

5. Mova lentamente a mão até a ponta do nariz do cavalo e suba até a sua testa . Esfregue a testa suavemente em círculos e converse tranquilamente com o cavalo, com voz calma, baixa e grave. Você pode tentar olhar em seus olhos agora. Fazê-lo com seus próprios olhos semi-cerrados em uma expressão sonolenta; não olhe. Se os olhos do cavalo são também semi-cerrados este é um bom sinal, ou seja, ele não tem medo.

6. Acidente vascular cerebral zero em suas costas e pescoço- antes de esfregar seu rosto mais uma vez . Os melhores lugares para fazer isso são onde cavalos tocam uns aos outros: no pescoço superior direita atrás das orelhas e na cernelha (os ossos grandes na base superior do pescoço).

7 Olhá-lo suavemente no olho de vez em quando e deixe-o olhar de volta para você . Se nada alto ou assustador acontece ao seu redor, absolutamente ignore-o! Isto irá mostrar-lhe que você não tem medo. O medo é o primeiro ponto que deve ser enfrentado por quem trata os cavalos e a primeira coisa a ser trabalhada pelos que preferem ter alguém para lidar com isso para eles. Mostrando-lhe, você é corajoso, o cavalo vai começar a considerá-lo o cavalo”alfa” e ele vai se sentir mais seguro em torno de você.

Assim, antes de começar, lembre-se que cavalos tem medo do seu medo. Eles são como amplificadores das emoções e do estado de espírito das pessoas. Eles apreendem no alívio da pressão, portanto não o submeta sem folga a pressão constante porque ele não saberá que resposta lhe dar para fazer você aliviar a pressão. Se você pressionar,no exato instante em que ele começar a responder na direção ou sentido que vc demandou, alivie, assim você estará confirmando a ele que a resposta esperada é aquela.
Boas cavalgadas

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