De novo a velha questão sobre qual a melhor embocadura, que é tema constante em cartas, e-mails e cursos em varias partes do país. Aqui também. Esta semana foram tres as mensagens com questões sobre: “Qual embocadura resolverá o problema do controle?
Uma delas chamou a atenção: “As respostas do cavalo não estão sendo as que eu espero. Minha filha tem doze anos e não é muito alta. Tem um cavalo novo. Nós o compramos porque os proprietários não estavam com recursos para alimentar mais cavalos.
Era magro, mas agora isso é passado, ele mudou está forte, musculoso e está muito mais ativo e a Anna está com receio de montá-lo. A senhora que o vendeu deu-nos a sela e um bridão bem leve. O bridão tem uma tração articulada e não dá bastante controle agora que este cavalo está em melhor forma.
Ele fica rebelde, ameaça pular e nega o lado direito. Não estamos com recursos para manda-lo a um instrutor como vocês no Rancho que reabilitam comportamentos para refazer sua mente. Ele quer sair com suas amigas a cavalo para mais longe de casa mas ficamos receosos sobre como ele vai se comportar e achamos que não é seguro.
Cheguei a pensar em cortar a comida dele para voltar a emagrecer, mas isso parece coisa de louco. Nos diga como resolver isso em breve porque as férias estão chegando”
Outro caso é de um cavalo marchador, muito, muito dócil que nós iniciamos há uns três anos e agora vendo no youtube.com um vídeo sobre como ele está, duas coisas me chamaram muito a atenção, uma é que o equitador trabalhava as rédeas baixas na altura dos joelhos, abertas e como se ele fosse um QM, outra mantinha a boca sob forte pressão o tempo todo e eu senti a dor do cavalo querendo escapar daquele desconforto como se fosse em mim, além é claro que ele usava um pelian com perna longa – e forte ação na boca – o tempo todo, claro que o cavalo dava galões e desobedecia mesmo, querendo escapar de baixo do “predador”, e exercer seu direito à auto-preservação.
Por fim o terceiro foi o e-mail de um jovem que fazendo mais ou menos a mesma coisa, queria, por conselho de curiosos, aplicar um freio agua choca fino, a mais dura das embocaduras em um cavalo de quatro anos.
É até triste pensar com que frequência acontece esse mesmo tipo de situação, ruim para o cavalo e ruim para as pessoas que não podem usufruir com tranquilidade do seu parceiro de passeios e esportes, muito por causa de uma certa falta sensibilidade e responsabilidade de “domadores” e curiosos que se põem como equitadores em hospedagens de cavalos. Mas, claro que nesses lugares também tem gente muito boa e não estou de modo nenhum generalizando criticas.
A segunda coisa que acho importante é que os cavaleiros em geral precisam se aperfeiçoar, conhecer mais equitação e melhorar dois pontos centrais no trabalho montado: a qualidade do seu assento (da sua sentada no cavalo), e o equilíbrio. Um excelente exercício para isso é montar a pelo, dentro de um piquete cercado, de preferencia um redondel, e isso pode começar a ser feito em um cavalo de confiança, dócil, um cavalo professor. Depois passa-se a fazer isso como o cavalo que em tese está oferecendo problemas.
Aqui outro parênteses: NÃO EXISTE CAVALO PROBLEMA, EXISTEM APENAS CAVALEIRO/AMAZONA – PROBLEMA.
Ocorre que muitas pessoas querem compensar a sua dificuldade em equitar bem, em saber sentar, com equilíbrio e foco no horizonte, querem compensar essa falta com apoio mais forte na boca, com embocaduras cada vez mais agressivas.
Portanto, a todos que me mandaram perguntas, a primeira coisa que quero dizer é que temos de melhorar a qualidade do trabalho montado, antes de agredir a boca.
Quando se começa a trabalhar com um cavalo é preciso ter um plano, saber onde estamos, nós e o cavalo, em que estagio de desenvolvimento no trabalho e saber onde queremos chegar. Sem um plano, a chance de erros é grande. Não dá para fazer as coisas na base apenas da tentativa e erro, e deve-se também estar aberto o tempo todo a ler o cavalo, a sentir o cavalo, a olhar seu equilíbrio, distribuição do peso, capacidade de engajar e reunir e capacidade de flexibilizar primeiro o pescoço, nuca e cabeça, depois os traseiros, e estes exercícios de arena, fazem bem tanto ao cavalo quanto ao cavaleiro, antes de se querer chegar no fim, na troca de uma embocadura magica e ir pra rua.
Isso mostra a grande responsabilidade de ser dono de um cavalo. Não é um brinquedo novo, uma moto que você abastece e faz piruetas.
Seu cavalo novo necessita treinar; sua filha necessita lições. Eu poderia (mas não vou ) sugerir um sem número de embocaduras, mostrar seus desenhos e ação e resultados que fariam um trabalho grande de rasgar a boca do seu cavalo, mas “posso infligir dor neles” e isso não é a coisa magica que “dará ao cavaleiro o controle.”
A linha inferior é que não há nenhuma bocado que dará a Anna o controle que necessita. As embocaduras podem ferir cavalos, mas não param cavalos. Os embocaduras não são freios; as embocaduras não funcionam como passe de magica.
O próprio significado de freio, ou bridão não quer dizer “ferramenta de parar cavalos”. são significados entendidos pelo cavalo no exato instante em que se alivia a pressão e não quando se faz a pressão. Sinais que o cavaleiro dê claramente, sinais de quieto ao cavalo, vire à esquerda, ou vire à direita.
Um exemplo. Você está guiando seu carro e o semáforo vermelho surge à sua frente. Aquela luz vermelha não é capaz de parar seu carro, nem tem o poder de acionar os freios do automóvel de longe. A luz vermelha é apenas um SINAL. Controlam suas ações porque você compreende o que aqueles sinais médios significam e você têm dirigido há algum tempo e se acostumou a agir de um determinado modo quando vê ou ouve um sinal. Você simplesmente sabe o que tem de fazer.
Se um louco qualquer, mudar esses sinais, trocar a cor da luz vermelha de posição, mudar a cor, mudar o som de uma cancela de trem, você ficará desorientada na hora sem saber o que fazer e poderá se acidentar. Isso faz algum sentido a vocês, amigos e amigas sobre o que é uma embocadura?
Não é diferente para cavaleiros e cavalos – necessitam uma instrução básica boa e umas habilidades e de uma comunicação CLARA antes que possam ser levados para externas ou longos passeios.
Nós – e pelos “nós” quero dizer, eu, vocês que escreveram e todos que estão lendo não queremos que aconteça nada de ruim para cavalo e cavaleiro. Você está procurando uma solução rápida e simplesmente não há. Os cavalos não responderam corretamente com embocaduras mais pesadas ou que os agridam a boca. Apenas ficarão confusos, sem vontade de trabalhar e quando ele ver você chegar com a cabeçada vai querer sempre subir mais com a cabeça para aquilo não ser colocado. Aqui domamos cavalos que são encilhados soltos, sem sair do nosso lado e que abaixam a cabeça para colocar a embocadura, ficando acomodados debaixo do meu braço para vestir a cabeçada.
Cavalos jovens responderão bem através das embocaduras porque não têm nenhuma idéia de aquilo poderia causar dor em sua boca, e muito menos iriam associar a dor ou o freio com seu pedido de parada.
Os cavalos tem direito de escapar da dor, do medo, e da confusão se afastando – sua defesa preliminar está até mesmo na velocidade, já que na natureza são animais de fuga. Quando um cavaleiro usa uma embocadura mais severa e/ou dá arrancos nas rédeas, a única mensagem que o cavalo processa é um “EI, VOCE ESTÁ ME FERINDO” Aquele não é um sinal de parada, e de fato pode soar como ameaça e provocar uma fuga em disparada.
Se você não está no momento com recursos para encontrar a ajuda de algum bom instrutor ou horseman pode acessar a internet, ver vídeos, pesquisar, ler bons trabalhos e num piquete cercado trabalhar o cavalo até que ambos criem confiança, recorrendo como agora a consultas técnicas.
Por fim, dizer que o cavalo era magro por isso mais manejável e que depois de seis meses de baia ele ficou saudável, eu posso discordar porque equivale a uma pessoa ficar seis meses em repouso no quarto. Ele está sim cheio de gás e energia e deve gastá-la com exercícios programados de chão, depois montado, pelo menos três vezes por semana no começo, depois duas, com método com uma escala de tarefas progressivas a cumprir, e ele em regime de baia sem trabalho organizado e fechado, fica sim redomão, ocioso, preguiçoso, sem condicionamento, com algumas dores musculares por contração excessiva de seus músculos, e sem querer obedecer a um pedido de trabalho montado.
É muito provável que você possa ver e perceber gordura adicional, mas terá havido as perdas invisíveis que são mais importantes distante: Os músculos serão menores e mais fracos, e os OSSOS serão mais finos e mais fracos também. Eu repito: Este cavalo não está em boa forma.
Se a menina Anna não puder controlar seu cavalo no piquete ou pasto em casa onde tudo é quieto e familiar, não tem exatamente NENHUMA possibilidade de controlar o cavalo na rua ou numa trilha ou pista com imagens, sons e estimulação novos em toda parte.
Deixar sua filha fazer exame deste cavalo para fora para passeios longos longe de casa e direito agora, mesmo para passeios curtos em seu arena ou pasto estará colocando-a em risco. Está pondo também o cavalo em risco, e – pense sobre isto – está pondo também em risco toda a pessoa ou pessoas que montam com sua filha, e qualquer pessoa ou pessoas
As embocaduras são para uma comunicação, não para o controle.
Entendo a pressa da sua menina em aproveitar o cavalo, mas diga a ela: ESPERA. Há formas divertidas de usar um cavalo no trabalho de base, exercícios de arena, aprendizados juntos, de modo regular, ela estará construindo seu cavalo dia a dia, será bom para ela e seu cavalo.
Pode não ser tão livre como sair em longas cavalgadas, com os amigos, mas isso será uma conquista e trocar de embocadura, depois que estragar totalmente a boca deste cavalo, trocar de cavalo por um pronto, se não for feito o que sugerimos o outro trará problemas depois de um tempo, sei que esta não é a resposta que você gostaria, mas é verdadeiramente a única resposta eu posso dar.