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Reproduzimos aqui, um artigo memorável elaborado a partir de uma carta do Núcleo Sul de Minhas da ABCCMM para a diretoria da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador. No caso da nossa decisão anos atrás de deixar uma criação de Cavalo Mangalarga e passar para o Mangalarga Marchador,  justamente esse texto serviu como base para tomada de decisão das primeiras compras de matrizes. Com base nas indicações históricas aqui relatadas saimos a campo visitando fazendas e criadores e adquirimos pelo menos uma égua de cada linha de base. Boa Leitura!

A formação das famílias sul-mineiras a partir das famosas Ilhoas, que por sua vez deram início à seleção de animais, entre os quais o que viria a ser o Mangalarga Marchador, tem seqüência com os descendentes de Helena Maria do Espírito Santo, que se casara com João Francisco, iniciando assim, a família Junqueira. Deste casamento, nasceram vários filhos, dos quais sete chegaram à idade adulta.

Casamentos foram se realizando. Novas famílias se formaram, já então com outros nomes aduzidos àquele inicial, mas todas descendentes de Helena Maria do Espírito Santo.

Todos fazendeiros. Todos eram aficcionados das caçadas ao veado. Todos criavam cavalos para as lides do dia-a-dia e para seu lazer predileto. Então, alguns grupos se destacaram no mister de criar cavalos. São as LINHAGENS DE BASE DA RAÇA.

Posteriormente, outros fazendeiros desenvolveram criatórios, dentro do mesmo espírito dos precursores, formando novas linhagens. São as de TRADIÇÃO.

Alguns, no correr dos anos, pararam. Mas a influência de seus animais se fez e faz sentir até hoje no Mangalarga Marchador. São as LINHAGENS EXTINTAS.

Em linhagens de BASE citam-se: –

Favacho, Campo Alegre, Traituba, Narciso, Campo Lindo e Angahy.
 
 

 

FAVACHO: Dos vários filhos de João Francisco e Helena Maria, o mais velho foi João Francisco Junqueira Filho, que se instalou na Fazenda do Favacho. Do seu casamento com Maria Inácia do Espírito Santo Ferreira, nasceram 8 filhos. Deles, destacou-se José Frausino nascido em 1805, que ficou morando na Favacho após a morte do pai.
A partir de João Francisco Filho foi iniciada a seleção de cavalos, dando-se sempre ênfase na seleção do animal bom de sela, cômodo, mas ligeiro, cavalos “prontos”.
Do Favacho eram os reprodutores: Fortuna I, Fortuna II e Fortuna III. Este foi levado para o estado de São Paulo, depois de ter servido por alguns anos no plantel do Favacho. Em São Paulo, nasceram os Fortuna IV e V, tendo voltado para o Favacho um descendente deles, o Armistício, que foi pai de Candidato, cavalo de imensa importância no criatório sul-mineiro em geral.

Dos Fortunas também descende Colorado, de capital importância no criatório do Mangalarga Paulista. Reprodutores que tiveram influência na tropa do Favacho, no correr dos anos: Plutão, Canadá, Duque, Calçado, Manco, Trovão, Montenegro, Fla-Flu, Jambo, Gesso, Albatroz, além dos já citados Armistício e Candidato.

CAMPO ALEGRE: Fazenda de Gabriel Francisco Junqueira, depois Barão de Alfenas. Gabriel era filho do patriarca da família, João Francisco. Nasceu em 1782, na Campo Alegre, onde continuou morando. Casou-se com Ignácia Constança de Andrade e tiveram 10 filhos. Dentre eles, dois se destacaram na criação de cavalos: Gabriel Junqueira, chamado Chiquinho do Cafundó, de quem descendem os proprietários da fazenda Tabatinga, e Antônio Gabriel Junqueira, da Fazenda Narciso, onde também se criaram famosos reprodutores da raça.
A Gabriel Francisco Junqueira é creditado o mérito de ter criado um tipo peculiar de cavalos, assim como a fixação do andamento marchado, tudo a partir de cruzamentos feitos de seus animais com um garanhão que lhe fora presenteado pelo Imperador do Brasil.

TRAITUBA: Contruída em 1831. Seu primeiro proprietário foi João Pedro Junqueira, que foi pai de João Pedro Diniz Junqueira. Uma filha deste casou-se com José Frausino Fortes Junqueira, e a partir daí a criação de cavalos tomou vulto na fazenda. Tropa muito semelhante em tipo e aptidões à do Favacho com ênfase para as qualidades funcionais do cavalo.
Garanhões que influenciaram a tropa: Pégaso, Canário, Glicério, Armistício, Rádio, Rádio II, Bibelô, Beduíno, Candidato e Sátiro, este tendo ido para a fazenda do Angahy, onde exerceu marcante influência.

NARCISO: Criatório já extinto. Entretanto, até hoje – e sempre será assim- seus animais têm marcante influência na raça Mangalarga Marchador. Era de propriedade de Antônio Gabriel Junqueira, filho do Barão de Alfenas. Quase todas as tropas daquela época, foram beneficiadas pelos reprodutores da Narciso, destacando-se entre eles: Abismo, Trovador, Pretino, Primeiro, Mussolino e The Money.

CAMPO LINDO: Do casamento de João Francisco Junqueira Filho, do Favacho, com Maria Inácia do Espírito Santo Ferreira, nasceram oito filhos. Destes, um era José Frausino. De seu casamento com Ignácia Carolina Fortes da Silva, nasceram sete filhos. Um deles era João Bráulio, iniciador do criatório da fazenda Campo Lindo.
João Báulio era grande conhecedor de cavalos, a par de ter sido excelente cavaleiro. Pelo seu alto grau de exigência quanto às suas montarias, João Bráulio conseguiu formar uma tropa de grande refinamento e expressão racil, sem se descuidar das qualidades funcionais. Embora seus descendentes – também notáveis cavaleiros – tenham anos depois passado a registrar os animais na Associação do Mangalarga de São Paulo, até hoje seus animais têm grande importância no Mangalarga Marchador.
Garanhões que se destacaram: The Money, que foi pai de Bellini, este de grande influência na tropa da Fazenda e no Mangalarga Marchador em geral, Farol, Rio Negro, Clemenceau I e II, Ouro Preto JF, Candidato, V-8 JF, Sargento e Diamante.

ANGAHY: Construída por volta de 1782, por José Garcia Duarte, bisavô de Cristiano dos Reis Meirelles, o iniciador do criatório de cavalos no Angahy.
Em 1940 assumiu a direção o filho de Cristiano, Adeodato, grande conhecedor de cavalos. Em 1959, por morte de Adeodato, a direção passou para seus filhos.
Cavalos que influenciaram na formação e continuidade da tropa: Bônus, Mozart, Mineiro, V-8 JF, Miron, este filho de Sátiro, cavalo da Traituba, de fundamental importância no Angahy, além de Salmon, Veto e Yankee. Foi do Angahy, um dos mais célebres reprodutores da raça, o Caxias I, nascido na Fazenda Luiziania, em Leopoldina. Era também do Angahy o garanhão de nome Angahy, registrado sob o número 1 na associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.

Correspondência recebida do Núcleo do Sul de Minas dos criadores do cavalo Mangalarga Marchador em março de 1988.

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