Warning: Invalid argument supplied for foreach() in /home/ranchosaomiguel/www/wp-content/plugins/unyson/framework/helpers/general.php on line 1275
569 Views

Com muita satisfação há oito meses tenho podido colaborar com uma coluna na bela revista da ABCCC (Cavalo Cioulo),o que tem sido uma ótima oportunidade de conversar sobre a filosofia do Horsemanship para criadores de um dos nossos Estados com maior tradição no Cavalo e onde a cultura de raiz e a vida do gaúcho se entrelaça com o cavalo na lida, na musica e no dia-a-dia.
Decidi dar sequencia no nosso site com um resumo do que já foi publicado na Revista Cavalo Crioulo e porque entendo que as milhares de pessoas que amam o Cavalo e seguem nosso site e nossa página também podem ver utilidade nesses conceitos.
O horsemanship se apóia em alguns conceitos chave.O uso do “Feeling” (capacidade de ler o cavalo e sentir o que o cavalo sente a cada momento no seu relacionamento diário conosco), alguma coisa como ver o mundo como se fosse o Cavalo. O tempo, que é sempre o do cavalo e não o do nosso relógio. Cada cavalo tem seu próprio tempo de resposta. E o “balance” que é quando solicitamos alguma coisa a eles. Nesse momento entram os conceitos de pressão e alívio, sempre destacando que o cavalo aprende quando se alivia a pressão no exato instante em que ele faz menção de responder “corretamente” o que lhe pedimos.
Na nossa vivência esses conceitos servem como balizadores do manejo, criação e do treinamento. Esse texto se deidca aos dois primeiros desses conceitos. Começo por eles porque são como separadores de campo, a partir da nossa atitude diante deles, tudo o mais segue uma ou outra direção.

Assim, bem ao espírito de uma prosa na roda de mate, começo recuperando a ideia central da filosofia chamada de “Horsemanship”: uso da nossa intuição (“feeling”) como ferramental para ler, observar, sentir o cavalo, o esforço de tentar ver o nosso trabalho com eles, do ponto de vista deles, o que faz sentido na mente do cavalo? O segundo ponto deste tripé é o tempo, cada cavalo tem o seu tempo de resposta, de reação, fuga, aceitação que nos é dada generosamente quando ele pode sentir-se seguro ao nosso lado e que pode confiar que não colocaremos sua segurança em risco; por fim o terceiro tripé é o do pedido de ação, o “balance”.
E esse tripé desta filosofia de trabalho está alicerçado no conceito que chamei separador de campos: Respeitar a Natureza do Cavalo e Reconhecer o Direito do Cavalo usar sempre seu Instinto de Preservação diante de nós.
Sei que há alguns que chegam a dizer que isso seria uma “frescura”. Mas não é.
O Cavalo na Natureza é um animal predado. Ele serve de alimento a predadores. Algumas diferenças básicas até na morfologia definem essa condição. Por exemplo, a posição dos olhos na lateral da cabeça, obliquios, e não frontais como o dos canídeos, dos felinos… e os nossos.
Isso separa os campos. Nós, por tudo que somos e fazemos, do que nos alimentamos, pela adrenalina que exalamos, com o mesmo cheiro que a dos predadores na hora do ataque, estamos classificados, na memória olfativa do Cavalo que ele traz nos genes da espécie, como uma ameaça.
Se quisermos construir algo duradouro e obter do Cavalo não uma obediência pelo medo, mas uma adesão voluntária, para que ele dê o melhor das suas forças no trabalho, nas provas, devemos criar a condição para ele fazer a melhor escolha, para o que é necessário (ou certo) ficar fácil e as respostas naturais de medo, fuga e autodefesa (que seriam erradas do nosso ponto de vista) ficarem difíceis.
É por essa razão que ao sinalizar esse caminho, que faz mais sentido na mente do Cavalo, que reforçamos sempre que o cavalo aprende no exato instante que aliviamos a pressão, cavalos na sua natureza querem conforto mental e segurança e o alivio da pressão dá essa condição natural a eles. Com essa simples compreensão, no tempo de cada individuo, eles entendem que ao nosso lado não há ameaça e risco.
IMG_20150801_162210521
Quando ao contrário queremos mostrar quem manda, ou faça isso senão lhe acontece aquilo, (peias, chicotadas) o primeiro que conseguimos fazer é confirmar a eles que tem toda razão em sentir medo e querer fugir de perto de nós, e é isso o que todo treinador deve evitar. Queremos e aqui fazemos isso, ter o cavalo voluntariamente ao nosso lado, como parceiros para tudo, os encilhamos soltos pois ficam junto de nós todo o tempo.
É justamente por esse caminho que reabilitamos mentalmente cavalos mal tratados que incorporaram a necessidade de autodefesa, as reações naturais de morder, escoicear e manotar. É pelo conjunto desse posicionamento inicial, que comunicamos que não precisam disso quando estão com a gente.
Parece simples, mas não é tão simples, principalmente se nos deparamos com um “taura” que desde cedo precisou aprender a defender-se.
Mas, os três pilares básicos do “Horsemanship”, (observar, respeitar o tempo, saber pedir e aliviar a pressão), junto com o conceito central de respeito à natureza do Cavalo como animal de fuga, que pode exercer seu direito de autodefesa, até compreender que não precisa usá-lo quando estiver conosco, nos abrem um imenso caminho seguro e afirmativo para treinar nossos Cavalos.

Leave Comment

20 + catorze =