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Chegamos ao sexto mês depois do final da estação de monta de 2011/12 que terminou no final do verão passado. Portanto no desmame de potros que nasceram entre fevereiro, março e inicio de abril de 2012.
O processo da desmama é um momento crucial na vida dos jovens equinos e precisamos cuidar para serem o menos traumáticos possível. Recupero aqui um trabalho de referencia da Dra. Martha Gruber, formada em 1985- USP – SP, Veterinária Autônoma e Anestesiologista do Hospital Salles Gomes, Jundiaí, SP, publicado há anos atrás em algumas revistas e sites, e com objetivo de disseminar conhecimento organizado, preparei este artigo baseado como fonte no trabalho da Dra. Martha.

Há entre cinco e seis meses de idade dos jovens potros, o debate entre criadores de diferentes raças, em face à funcionalidade das mesmas e da economia do manejo ou da preservação das matrizes, acerca de se proceder à desmama ou que se deixe ao natural, ou seja, entre esta idade e um ano de vida – porque daqui por diante, o leite se enfraquece em termos nutricionais, o potro a campo, passa mais tempo longe da mãe entretido com brincadeiras com outros potros e assim por diante.
A opção pelo desmame, parte de três importantes razões para o procedimento do desmame: 1ª.) Evitar o desgaste da égua se ela foi fecundada nos primeiros cios após a parição (a demanda de nutrientes, vitaminas, proteínas, enzimas e minerais é muito maior no caso da gestação e lactação simultaneas);
2ª.) Quando o potro apresenta bom desenvolvimento e a posição adotada no ato de mamar já compromete seus aprumos; ou seja por sua altura ele fica obrigado a se abaixar e abrir as patas dianteiras, forçando-as para dentro para poder chegar ao úbere da mãe.

3ª.) Para os casos de reprodutoras idosas ou desgastadas e para os potros que irão iniciar condicionamento (exposições, torneios de animal puxado á guia), onde há necessidade de manejo alimentar criterioso e um trabalho prematuro de preparação deles.

Decidida a desmama. Como proceder?

O desmame traz a privação do alimento materno, a ausência do convívio protetor da mãe, a mudança da sua rotina com a entrada diária em cena do ser humano, e quando realizado de maneira radical, significa para o potro um acontecimento traumatico.
Muitas são as novas situações às quais ele deve se adaptar. Eles perdem, pela falta do leite e pela mudança alimentar, além do estresse; sua resistência cai e diversos ferimentos acontecem quando se lança em portas e cercas para tentar reencontrar a mãe. Portas abertas para as infecções devido à queda de resistência orgânica que todo esse estresse causa.

Para minimizar os efeitos dessa primeira grande mudança em suas vidas, concordo que devemos adotar um desmame gradual, criando mais situações que se assemelham às naturais, com mudanças planejadas, lentas e progressivas, permitindo que o potro se adapte à nova alimentação e ao convívio mais intenso com o homem e outros potros e potras de sua idade, em campo, nos chamados potreiros.

“Essas orientações servem principalmente para um criador com vários nascimentos no ano onde é necessário ter um sistema de desmame planejado, mas, mesmo quem tem um ou dois potros em sua propriedade e quer saber qual a melhor maneira de desmamá-los poderá adaptar essas recomendações à sua realidade, sempre tentando diminuir o trauma que essa separação representa”, sugere a Dra. Martha Gruber.

DICAS PARA ANTES DO DESMAME
1. Nos sistemas de criação a campo, onde os lotes de animais permanecem dia e noite soltos, a partir de vinte dias de idade, o potro com perfeita saúde já pode dormir no piquete, mesmo no inverno. A baia fica restrita a potros que apresentem algum problema e por isso necessitem de cuidados intensivos.
2. Manter os potros a campo é mais econômico, higiênico e saudável. As brincadeiras desenvolvem melhor seus músculos e sua resistência, além de moldar suas mentes como sendo CAVALOS. Eles adquirem maior resistência às infecções, especialmente àquelas da esfera respiratória.

3. Para as regiões de condições climáticas muito severas onde há exigência da restrição em baia durante a noite, é importante manter uma perfeita higiene dessa instalação e conservar a cama (revestimento do piso) sempre bem limpa e seca, além de ser espaçosa como baia maternidade, para mãe e filho.
4. Os contatos do potro com seu tratador já se estabelecem nos primeiros momentos de vida quando se realiza a desinfecção de seu umbigo. E aqui no Rancho São Miguel, a partir da primeira hora de vida, realizamos o imprinting (gravação na mente), quando após uma prazeirosa sessão de massagem e dessensibilização completa das áreas que serão manipuladas na vida jovem e adulta, que termina com um leve sopro em sua narina, (ele guardará nosso cheiro associado a um bom momento desde o inicio da sua vida). Aqui oferecemos um curso de imprinting como modulo do curso de Horsemanship.
5. É um bom procedimento de manejo, colocar no potrinho um cabresto e, delicadamente fazer com que ele se acostume ao contato humano e obedeça aos comandos, ainda ao lado da mãe.
6. Desde o nascimento do potro, quinzenalmente é importante fazer um levantamento biométrico, peso, a altura e situação dos aprumos de seus membros, para evitar que fiquem cambaios de dianteiro ou com jarretes fechados. Esses aspectos devem ser observados e corrigidos, permanecendo atualizados por ocasião do desmame.
7. A vermifugação mensal a partir dos trinta dias de idade, com produtos sabidamente eficazes (vacinação contra tétano, encefalomielite leste e oeste, gripe, garrotilho e/ou outras vacinas conforme necessidade regional ou do próprio haras), devem ser procedimentos de rotina a partir do nascimento do potro. Ver artigo sobre esquema de vacinação já publicado aqui.
8. Quanto ao casqueamento, o início e sua periodicidade estão na dependência de cada animal individualmente. E preciso verificar se existem defeitos nos aprumos (com desgaste desigual dos cascos) e qual à gravidade deles. As correções devem ser realizadas sob orientação técnica do Veterinário que o atende e de um ferrageador profissional.
9. Com o passar dos meses, a produção de leite da égua declina em qualidade e quantidade. Para um desenvolvimento perfeito do potro, existe a necessidade de uma suplementação alimentar. A maneira mais usual é começar a oferecer, a partir de um mês de idade, ração para potros, seja em um creeper (local de acesso exclusivo aos potros) ou simplesmente em cocho separado da égua. Essa ração é mais proteica que a da tropa e mais macia, além de utilizar-se produtos como Hemolitan, ou probióticos, sob orientação médica;

A HORA DO DESMAME

1. O desmame pode ser feito por volta de seis meses de idade, considerando principalmente o bom desenvolvimento dos potros e a queda na produção do leite. Geralmente, para as raças de bom porte, com cavalos altos, o desmame ocorre aos cinco meses. Há também criadores de raças para trabalho que separam seus potros com quase quatro meses para um acompanhamento mais rígido e uma alimentação mais controlada.
2. A forma tradicional de desmame consiste na separação abrupta e definitiva do potro e sua mãe. Ele é colocado em baia, ficando restrito por até 15 dias para que se acostume à ausência da égua. Nós não recomendamos essa prática, mais econômica e mais fácil, mas pior para o potro; muitas mudanças em um só momento, como a separação da mãe, falta do leite, restrição à baia, contato humano, nova alimentação, acompanham grande estresse e vão predispor o potro ao já conhecido quadro de baixa resistência x doenças, já que nascidos no verão, desmamam no outono/inverno. Ferimentos, infecções, alterações do sistema digestivo e os problemas respiratórios são só alguns exemplos das conseqüências da mudança abrupta do manejo de potros.
3. Na tentativa de minimizar o trauma dessa separação, adota-se um sistema de desmame no qual as mudanças são lentas e progressivas, permitindo ao potro uma melhor adaptação ao seu novo manejo. Dependendo do número de potros a serem desmamados podemos ter variações nesse sistema. Para o caso de criatórios maiores, com seus animais a campo, formam-se lotes de éguas com potros ao pé de idades próximas. Eles são colocados em piquetes com boa forrageira e que possuam manutenção cuidadosa de suas cercas. Assim, gradativamente diminui-se o convívio diário do potro com sua mãe.
4. Próximo à idade escolhida para o desmame, ele tem início retirando-se a égua do lote durante o período da manhã. O potro ficará em companhia dos outros de sua idade e das éguas. A princípio, ele correrá bastante à procura de sua mãe, deixando de se alimentar.
5. Observando-o sempre. Tão logo esteja calmo, pastando por períodos maiores e brincando com os outros potrinhos, a separação durante a tarde pode ser iniciada. O potro terá sua mãe somente durante três horas no meio do dia e durante à noite no piquete.
6. Mostrando bom desenvolvimento, perfeita saúde e convívio adequado com os outros animais do lote, agora a separação se faz em definitivo. Por um período curto de tempo, ele passará todo o dia longe da mãe até que também fique sozinho durante a noite. Essa primeira noite, se possível, deve ser observada. Um bom procedimento nessa forma de desmame é fazê-lo em dois ou mais potros simultaneamente. Eles, na ausência de suas mães, convivem mais intimamente, o que atenua o trauma da primeira noite sem elas. A duração de todo esse procedimento está na dependência das reações dos animais envolvidos. Como o objetivo é diminuir os traumas, a velocidade das mudanças é ditada pela avaliação do comportamento.
7. Na disponibilidade de baias amplas e limpas pode-se proceder a uma desmama gradativa. Égua e potro passam a noite na baia por uma semana para um período de adaptação ao local. Durante o dia integram o lote de éguas de potro ao pé. Quando são muitos os potros a serem desmamados, decorridos os sete dias, retira-se a água da baia permanecendo o potro sozinho. Ele ficará em baia para iniciar condicionamento se a intenção for levá-lo as exposições da raça ou logo que se acostume à ausência da mãe (cerca de dez dias), poderá ir para o piquete integrando o lote de potros desmamados.
8. Quando um número mais reduzido de potros permite um manejo mais completo, faz-se o desmame em baia de forma mais gradual. Égua e potro passam a noite na baia, retira-se a égua pela manhã e o potro permanece preso, quando deve ser escovado e alimentado. Irá unir-se à sua mãe no piquete no começo da tarde. Ambos são recolhidos para a mesma baia no final do dia.
9. A seguir, o potro ficará em baia também durante a tarde. No piquete, terá contato com a mãe somente durante três horas no meio do dia. A tarde, na baia, deverá ser novamente escovado para que se torne ainda mais dócil. Apresentando bom desenvolvimento, a ausência da mãe passará a ser completa durante todo o dia.
10. Por poucos dias a égua será recolhida para passar a noite como potro. Agora que há completa adaptação à baia, à alimentação e ao novo manejo de contato estreito com o tratador, égua e potro podem ser separados em definitivo.
11. No caso da égua, não há necessidade de mudanças bruscas na alimentação, principalmente se ela já se encontrar novamente prenhe. O leite deverá ser esgotado inicialmente duas vezes ao dia, aumentando esse intervalo conforme se observe queda na produção leiteira.
12. Depois de desmamados, machos e fêmeas poderão ficar no mesmo piquete até no máximo um ano de idade, devendo então ser separados.
13. Se você tem poucos ou apenas um potro na sua propriedade, deve adequar estas orientações, tendo em mente o tipo de sistema que pretende estabelecer, isto é, saber para qual finalidade está criando o seu ou os seus potros e seguir manejo e desmame que melhor lhe convier. Começar a participar de exposições e se preparar para algum esporte exigem manejos diferenciados e específicos, por isso é bom definir a sua intenção para com o potro, se possível, já na época do desmame.

FONTE: Dra. Martha Gruber, formada em 1985- USP – SP, Veterinária Autônoma e Anestesiologista do Hospital Salles Gomes, Jundiaí, SP,

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