Iniciar potros exige refinamento da sua comunicação e atitude

Como aumentou o número de potros escolarizados aqui no Rancho São Miguel, tanto nossos quanto de fora além dos cavalos que reabilitamos retomando do zero, costumo estudar, rever e revisar nosso próprio trabalho.
Incrível como eles nos ensinam sobre suas personalidades e sobre quanto tempo cada um precisa para confiar que, naquelas novidades apresentadas com cuidado, não existe o perigo de vida que eles sentem.
Como fica claro com cada um que suas reações de defesa e fuga são ainda confundidas por esse país afora como sendo reações de cavalos ditos nervosos, perigosos e quanta gente castiga potros para que não se defendam, em vez de atuar no tempo de cada um, entendo a linguagem natural de pressão e alívio, para então aliviar no momento exato que tentam fazer o seu melhor.
E alerto para a necessidade de sempre se colocar no lugar do potro, aprender a ler suas expressões de tensão, medo, sem alterar sua adrenalina e sentir-se desafiado por eles, porque não se trata disso, nunca.
É bem importante admirar o potro por suas tentativas de fazer o certo. Um passo dado com uma sela pela primeira vez, sem tentar tirá-la de cima é um baita avanço. Um primeiro passo com o peso de um cavaleiro em cima é sempre o mais difícil e o que melhor pode acontecer é o potro, mesmo tenso e com medo, mostrar e pedir se pode confiar em você e aos poucos ele ir relaxando na sua mão.

Ao fim de cada sessão que não pode ser exaustiva ou dolorida, é essencial você poder estar ao lado dele por um tempo depois do trabalho, ter uma conversa sem palavras, estar lá ao seu lado, abraça-lo, sentar na grama para ele pastejar a seu lado, ou dar banho e estar na baia ao lado dele por um tempo, como dizendo… “sou seu parceiro, sei que não foi um dia fácil, foram novidades duras, mas sobrevivemos a elas, podemos ser parceiros aqui ou montado cavalgando em seu dorso”.

Quando o potro se apavora, acredite, que se você mantiver a calma, sem criar a espiral de medo, fuga, pânico, ele rapidamente presta atenção em você, na sua calma e se acalma.
Algumas chaves são essenciais, como usar bons equipamentos, nada que cause dor ou incômodos desnecessários além da novidade em si.
Usar muito a linguagem corporal, de pressão e alívio, trabalhar o mais possível sem contenção física, dando a ele a opção de se afastar, mas que bom que é quando ele opta por si mesmo a permanecer ao seu lado, explorando a curiosidade natural deles, do que vai dar aquilo tudo.
Como uma criança que sai do jardim da infância e entra na pré-escola e primeiro ano, os primeiros dias de aula, tenho certeza que você se lembra da sua primeira professora, para o bem ou para o mal que aqueles dias representaram na sua vida, na sua formação, com eles se passa o mesmo.
Não é preciso loucura no treinamento, violência não faz parte dessa história, não o esprema com correias além do mínimo necessário, não use metais ou ferramentas pontiagudas, não tolha o movimento natural do pescoço deles, a ajuda de rédeas foi ensinada na fase do doma do chão, ele já sabe nessa altura o que significa um leve toque nas rédeas, não dê chamadas duras na rédea e embocadura, ou se for no hackamore no nariz dele.
Não queira que nas primeiras dez montadas ele saia como se já soubesse de tudo, porque nessa fase da doma de cima, o primeiro desafio é ensiná-lo a deslocar-se com um peso extra que muda seu centro de gravidade e equilíbrio. Lembre-se que onde ele tem as patas está a sua mente.
Cada novidade deve ser alimentada na confiança mútua.
Apresentou a sela, quando for colocar peso no estribo na primeira vez faça uma leitura dos sinais corporais dele, se estiver parado estacado nas paletas, com as mãos abertas, o pescoço tenso, olho arregalado, não monte ainda, mova-o um pouco, relaxe ele, quando ceder o pescoço, parar corretamente a chance dele querer sair corcoveando é menor. Use suas mãos para tocá-lo com empatia, como faz um cavalo amigável e experiente quando se apresenta a ele.

Observe estes princípios na escolarização do potro

– Controle da mente do cavalo, a psicologia é tão importante quanto o físico
– Seja claro nas solicitações
– Ensine uma coisa de cada vez
– Reforce os comportamentos adequados através de uma repetição consistente e recompense ele com alívio e boas palavras num tom de voz brando
– Evite toda e qualquer confrontação
– Use a firmeza ou força apenas necessária para conter uma fuga, sem ser estúpido e sem machucá-lo, como dizendo , sei que você está com medo e não irei machucá-lo, confie em mim, isso é pesado mas necessário nesse momento
– Deixe que ele experimente sua curiosidade natural sobre tudo,cheirar baixeiro (manta),passe nele devagar, cheirar a sela, não jogue a tralha sobre o lombo com estupidez, converse ele quando começar a apertar a cilha.
– Dessensibilize o potro, puxe o loro e estribo fazendo barulho do estalo do couro, sem bater o estribo nele enquanto o contém com a outra mão, mantenha sempre uma das mãos em contato com ele para que saiba qual sua intenção, nunca o pegue de surpresa
– A primeira boa impressão é a que fica, difícil depois de causar dor querer a adesão dele a esse seu projeto (montá-lo) para que ele o aceite como sendo dele também (ser montado) e trabalhar juntos dali em diante.
– Do chão, manuseie cordas passando pelo corpo e patas dele , com ele na sua guia (que pode ser longa),mas para que no futuro entenda que cordas fazem parte
– Ao apresentar a embocadura, faça com suavidade, sem bater nos dentes, de a ele o tempo que precisa para experimentar aquilo, use embocaduras com maior calibre, mais mais finas são as que mais machucam, língua, maxilar, ponta do nariz, boca, focinho são áreas muito enervadas com muita sensibilidade a dor
– No início sempre monte em dois tempos, ficando em pé no estribo, balance em cima sem passar a perna, quando passar não cutuque, aceite ficar um tempo montado parado com ele, para que perceba que não irá doer nem que aquilo é perigoso para ele
– Na primeira volta montado, pode usar um madrinheiro do chão, com uma guia, uma pessoa com boa energia e experiência que estará passando informações de segurança a ele, quando assumir as rédeas trabalhe as primeiras voltas com relaxamento do pescoço para ele ceder a nuca e alongar o pescoço, indo devagar a qualquer ponto do redondel que ele preferir, antes de querer um cavalo pronto, com cabeça colocada, retidão e energia no movimento, ele não está pronto, claro.
– Bons cavalos são como diamantes a serem lapidados, se errar a mão vai quebrar e perder a joia que nascerá daquele processo, é como forjar uma peça de aço no fogo, se errar inutiliza a lâmina ou o ferro.
– Pode passar uma cilha por trás da garupa para ajudá-lo a engajar os posteriores, reunindo ele de trás para frente sem apoiar na boca
– Depois de umas dez montadas de breve duração, encilhe o cavalo e a primeira saída a campo, ou para a rua, procure leva-lo chinchado a um cavalo madrinha experiente que nunca se assusta com nada, nem cachorro, nem gado, nem moto, ônibus ou caminhão.
– Na segunda saída vai desmontado até o meio do caminho e volta montado com o “madrinheiro” do lado esquerdo dele, e ele perto da beira da estrada (mato).
– Depois da decima quinta montada comece o desbaste, o refinamento preparando ele para o uso a que se destina. Na Europa o treinamento propriamente dito começa aos seis anos e dão o cavalo como adestrado e pronto entre dez e doze anos. Aqui, tudo é feito a toque de caixa, o que explica tantos cavalos estropiados de tendão, cheios de ovas aos sete anos, com vida útil curta, isso é tempo e dinheiro jogado fora.
– Nunca, nunca mexa com cavalos novos para provar nada a ninguém, nem a si mesmo, faça sempre do ponto de vista do cavalo, no tempo de cada um.
– Iniciar bons cavalos é uma arte. Toma tempo, cuidado, dedicação, custa caro fazer bem feito e mais caro arrumar o que mãos erradas fizeram antes e mal, não faça o que não está preparado, estude antes, aprenda a ler o animal, mas todos podem fazer, desde que respeitem estes princípios para fazer animais de confiança, seguros e que poderão ser montados por todas as pessoas, experientes ou não.
– Não mexa no cavalo em horas vagas, fazer cavalos é uma opção profissional, enviou ele para escola, acompanhe o que está sendo feito, use bom senso para avaliar, quem diz se as coisas estão indo bem ali é o cavalo, sua atitude de cauda, expressão facial, e quando pronto, monte nele duas a três vezes por semana para consolidar o período da escola.

A pratica veterinária com equinos fica melhor quando há compreensão sobre aprendizagem do Cavalo

Incorporar princípios de aprendizagem equina na prática veterinária

Esse vem sendo desde 2011 o foco dos cursos do Rancho São Miguel para estudantes de Veterinária. Agora a aplicação de princípios da teoria na prática veterinária equina sobre aprendizagem e como pode melhorar a segurança e bem-estar dos cavalos, bem como a satisfação do cliente, é o que nos confirma em artigo  Alexandra Beckstett, a Editora-chefe da Horse Managing (EUA).

O objetivo da modificação do comportamento em cuidados veterinários é reduzir os medos do profissional, o que aciona gatilhos de comportamento de fuga e defesa do cavalo, bem como estimular a adesão voluntaria do Cavalo à sua presença e procedimentos. Na nossa linguagem da roça, saber chegar no cavalo sem ele querer fugir de perto de você… Ah cavalos não são perigosos e não atacam também… apenas preferem fugir e se não tiver como, se defendem quando se sentem ameaçados.

Problemas comportamentais durante procedimentos veterinários não são incomuns. Cavalos que estão assustados, feridos ou não estão familiarizados com um procedimento não só irão demandar mais tempo para serem examinados, mas também podem constituir um risco de segurança para os profissionais envolvidos.

Nos últimos anos, pesquisadores identificaram uma possível ligação entre os veterinários com limitada compreensão dos princípios da aprendizagem do Cavalo e a alta incidência de lesões na prática de equina.

Então, para ajudar os profissionais a reduzir comportamentos problema e medo e promover cuidados veterinários positivos, Robin Foster, PhD, CAAB, CHBC, descreveu técnicas de modificação de comportamento baseadas em princípios do aprendizado do equino, em 2017 na  Convenção de praticantes da Associação Americana de Equinos realizada de 17 a 21 de novembro em San Antonio, Texas.

Os benefícios de incorporar princípios de aprendizagem prática equina são muitos:

-pode reduzir os custos veterinários (por exemplo, menos sedação, menos visitas para começar o trabalho feito),

-promover cuidados positivos,

-eliminar comportamentos problema,

-melhorar o bem-estar de equino e reduzir o risco de lesão humana.

E tudo começa com a fonte de aversões processuais: o medo.

“Medo e ansiedade são a causa raiz de problemas de comportamento com cuidados veterinários, incluindo não dar o e pé  para exame; intrometendo-se ou empurrar; recusando-se a entrar em uma sala de exame ou trailler; afastar-se  da aproximação, negar fortemente a cabeça, murchar as orelhas, morder, chutar, golpear com manotaços” disse Foster. “Esses comportamentos são muitas vezes inadvertidamente reforçados pela liberação de pressão (chamado de reforço negativo) e serão repetidos”.
Por exemplo, se um cavalo ansioso puxa para trás durante uma recolha de sangue e, assim, retarda o processo, ele vai continuar com esse comportamento defensivo, pois é eficaz, já que o profissional sem saber ler e sentir o cavalo, alivia a pressão na hora errada.

O objetivo da modificação do comportamento em cuidados veterinários, disse Foster, é reduzir o medo do profissional que aciona gatilhos de comportamentos indesejados do cavalo, bem como aprimorar a conformidade. Para fazer isso, ela descreveu várias técnicas veterinários podem usar.

Reduzir a excitação Muitas vezes não reconhecemos os sinais de um iminente problema até um cavalo “explode”. Portanto, é importante conhecer e estar pronto a ver o mundo como um cavalo ve, usar a linguagem corporal dos cavalos para os primeiros sinais de medo e ansiedade.

O cavalo por sua natureza de predado na natureza, sente medo diante do medo do profissional que maneja ele.

Pessoas com medo, mesmo sem fazer nada, liberam adrenalina, hormônio cujo cheiro o cavalo sente, e na memória genética do cavalo está gravado que esse cheiro é perigoso, por ser o mesmo cheiro que a onça e o lobo liberam quando atacam suas presas a campo. Ora, se seu cheiro traz informação de perigo, você quer que o cavalo reaja como?

Nos nossos cursos, nós ensinamos como isso funciona e como você deve agir diante de um cavalo assustado.

Cavalos tem direito sagrado de se protegerem de nós, e cabe a nós lidera-los e mostrar que não estão em perigo ao nosso lado, mas essa atitude não pode ser contraditada por um medo difuso que libera o cheiro do perigo… faz sentido?

“A linguagem corporal pode revelar informações sobre excitação e estado emocional antes dos atos do cavalo,”, disse Foster. “Atenção às expressões faciais (incluindo rugas nos olhos, a posição da orelha, a boca e a tensão facial, narinas dilatadas). 

Observar isso é importante porque os seres humanos são bons em reconhecer expressões e no manejo não é possível ver todo o corpo do cavalo o tempo todo.”

Mas um olho arregalado,orelhas para trás, retesar o pescoço e subir a cabeça lá  onde vc não alcança são sinais iminentes de explosão de fuga. Aqui você aprende a ler o cavalo e a tomar a melhor decisão nestas situações

Depois que um veterinário aprende a identificar a excitação, ele ou ela pode tomar medidas para criar um ambiente mais relaxante para o paciente. Escolha um local familiar mas neutro (aquele que não tem sentido para o cavalo, ou seja, ele não associa-lo com experiências negativas, como castigo, ou com os positivos, tais como a hora da refeição) que é tranquilo, com poucas distrações em que para realizar os procedimentos, disse Foster.

Com cavalos particularmente assustados ou turbulentos, o veterinário pode usar no local do procedimento um cavalo auxiliar — um amigo familiar, calmo que pode atenuar o estresse através de buferização social — para promover o relaxamento, ela acrescentou, colocando-o nas proximidades. Ou ainda pode aprender a manter-se calmo e assertivo e assim acalmar o cavalo antes de agir.

Habituação e sistemática

“A experiência veterinária inicial pode ter um efeito profundo e duradouro sobre o comportamento futuro,”, disse Foster.
Pegue uma seringa, por exemplo. Inicialmente é um estímulo neutro e inofensivo. Só ganha significado quando provoca dor e desconforto, no ponto em que o cavalo aprende a temer e evitá-lo. Então, esse cavalo pode aprender a temer e evitar o veterinário e seu cheiro, caminhão, clínica ou equipamentos através da associação com a seringa, também. Nesse cenário, a prevenção através da habituação e aclimatação é o melhor remédio, disse Foster.

Para fazer isso, expor gradualmente cavalos novos ou levemente aversive objetos ou situações. Habituação é um processo neurológico, ela explicou, então se você apresentar um estímulo repetidamente, comportamento de resposta do cavalo deve tornar-se mais fraco.

Dessensibilização sistemática

Essa técnica — ajudar a desaprender os medos de objetos, por si sós inofensivos ou situações através de uma  exposição gradual, progressiva, para o processo de superação de um cavalo — é mais comumente usada para tratar medos existentes, disse Foster.

“O cavalo não deve sentir desconforto ou dor,” ela disse. “Comece com uma intensidade fraca, menos ameaçadora e aumente-a gradualmente.

Condicionamento afirmativo

Este processo de condicionamento clássico envolve um estímulo de um procedimento ou situações temidas, com uma surpresa agradável, com o objetivo de substituir um comportamento problema baseada no medo por um descontraído de emparelhamento e adesão.

Esfregar suas costas e fazer massagem ( como um grooming) também podem ser eficazes distrações positivas.

Um cavalo de”auxiliar” pode ajudar a manter um paciente quieto durante o tratamento. |

Ofuscando

Esta técnica envolve liderar ou pisar o cavalo e para trás com determinação ao apresentar um estímulo temido. “O movimento ‘ofusca’ e impede que a resposta de evasão,”, disse Foster. Ela explicou que isto pode ser eficaz com cavalos que são medrosos durante procedimentos, tais como injeções ou recorte, mas requerem um hábil manejador, aquele que sabe aumentar a pressão e ceder em seguida, colocando ao mesmo tempo limite, para fazer isso, confiança, energia baixa, e calma são essenciais.

Reforçar comportamentos desejados

“A maneira mais eficaz de mudar comportamento é para reforçar o comportamento que você quer e não o comportamento indesejado,”, disse Foster.

Como alternativa, se o cavalo tenta vir para a frente quando o veterinário se aproxima com uma seringa, ele ou ela deve manter a seringa na posição constante (se for seguro fazê-lo), movendo-se com o cavalo e só tirar a seringa quando o cavalo para de se mover.

Este exemplo de reforço negativo “irá reforçar o comportamento desejado de ficar parado, mas não o comportamento indesejado de afastar-se.”

Evitar a punição ,

“Na prática, comportamentos baseados em medo são muitas vezes punidos com métodos fortes, dolorosos e conflituosos, que é o que maioria dos profissionais despreparados faz, o que só reforça e jusitifca a reação de medo incluindo puxar uma vara; balançando um chicote ou corda; acentuadamente a gritar com o cavalo; e isso tudo é negativamente marcante para o cavalo,”disse Foster.

Punição, no entanto, não aborda o medo na raiz de um problema. Em vez disso, ela disse, apenas valida o medo do cavalo e adiciona sua presença e seu cheiro à uma experiência desagradável. Cavalos tem memória de elefante e memória associativa a cheiros e sons. E hoje também sabemos, eles sabem ler nossa expressão facial.

“A utilização repetida da punição pode também levar a… um agravamento do problema de comportamento, com maior intensidade e o cavalo se antecipa a isso, não só nos cuidados veterinários. Assim um profissional despreparado estraga um cavalo, às vezes feito desde cedo com base em confiança e cooperação.

O Horsemanship é uma ferramenta de reciclagem inclusive para veterinários experientes e formados em gerações passadas sem preocupação em ser pró ativos com o bem estar comportamental. Aqui no Rancho São Miguel – Núcleo de Horsemanship é proibida qualquer contenção por dor ou castigo. Sequer dispomos e proibimos a entrada do chamado pito ou cachimbo.

Retenção mínima de uso

Para manipulação de baixa-tensão, Foster recomenda usar o mínimo de restrição possível. No entanto, retenção muitas vezes desempenha um papel importante na gestão de comportamento de cavalo. Métodos menos estressantes incluem  voce aprender a conversar o cavalo,fazer sons com a boca que os acalmem e, para procedimentos particularmente dolorosos, usar a sedação.

“Eles devem apenas ser usados se o procedimento veterinário não pode ser adiado,” acrescentou.

Mensagem para levar para casa

Foster disse que a aplicação destes princípios de aprendizagem na prática pode melhorar a segurança e bem-estar de equino, bem como a satisfação do cliente. Usado pelo proprietário do cavalo nas visitas veterinárias e ao longo do tempo de vida de um cavalo, eles devem reduzir problemas de medo, ansiedade e comportamento dos animais.

Na pratica aqui, dos 76 equinos hospedados conosco, nenhum tem bardas defensivas. Mas os procedimentos são feitos no tempo de cada cavalo, e os profissionais que atendem aqui sabem disso e os que estagiam aprendem isso, assim como os estudantes que vem fazer curso de extensão de prática equina.

Eles também são importantes porque “veterinários profissionais deveriam servir de exemplo para os proprietários e o público em geral sobre como lidar corretamente com animais de uma forma segura e humana”, ela disse.

Costumo dizer aos veterinários que vem ao Rancho, que atender aqui é mais complexo, porque espero que eles tragam contribuições e conhecimentos novos, para mim e minha equipe, mas via de regra é o contrário que se passa, e eles aqui percebem que existe outro modo de fazer os procedimentos melhor do que estão habituados a fazer lá fora. O desafio é admitirem que só foram treinados a usar contenção física, repetem a bobagem de que cavalos são perigosos e não admitem facilmente que, o que os torna “perigosos”  por preferirem fuga e defesa é justamente o cheiro de medo com que são abordados.

Esse artigo foi baseado no texto de Alexandra Beckstett, Editora-chefe do The Horse . Ela é de Houston, Texas, é dona de um cavalo, é formada na Universidade de Duke

Como você se percebe em cima do cavalo?

Neste texto curto volto ao tema da postura, do assento e do equilíbrio em cima do cavalo, independente de qual modalidade (western ou inglesa)
Um cavalo é tão equilibrado e disciplinado quanto o seu cavaleiro/amazona. Já repetimos muitas vezes que o cavalo é espelho de quem monta, trata, maneja, seja comportamentalmente, seja em movimento.
Quem já dedicou um tempo importante em cima da sela, aprende a prestar atenção ao seu corpo. Muitas vezes, reconhecemos algumas características quando montados, que precisamos corrigir. Se tiver apoio de um professor/treinador dedicado você já deve ter ouvido aquelas chamadas, sente-se mais alto, coloque os calcanhares para baixo, olhe para cima – abaixe as mãos, tome as rédeas corretamente, coloque a perna no cavalo, arruma a posição do pé… mas transformar esses alertas em uma espécie de consciência corporal não é tão simples para muitas pessoas.
Isso porque não estudaram quais os grupos musculares usados pelo cavaleiro/amazona na equitação, porque alguns destes músculos, como por exemplo, o adutor posterior da coxa, são pouco usados no dia-a-dia e etc
Poderíamos usar emprestada uma expressão “criar uma espécie de memória muscular do cavaleiro”.
E para isso, vejo nas aulas aqui no rancho algumas pessoas mais verdes superarem no aproveitamento aquelas que já se dizem mais experientes, essas vem com hábitos errados, posturas mais duras que resultam em entortar o cavalo que para não sentir dor tenta se ajeitar e compensar a má postura na sela de quem está sendo levado por ele.
Já vimos o caso de quem andava torto, “um ombro mais baixo que o outro ou uma perna mais dobrada que a outra), um era porque montava com celular na calça, (hoje proibimos isso nas aulas), outro porque a carteira fazia um grande volume no bolso de trás, outro porque dizia que o tendão a frente do joelho doía”.

Aqui vão algumas indicações interessantes para ajudá-lo (a) a criar bons hábitos de condução. Comente abaixo com os seus próprios!

1. Pegue as rédeas debaixo do seu polegar


É bom andar com uma mão macia, (digo sempre mãos de pianista) mas seu polegar precisa segurar as rédeas com segurança para que elas não escorreguem dos seus dedos. No início, você pode usar rédeas com marcadores de couro, como rédeas de hipismo. Ou passe uma fita na altura da rédea onde deve estar sua mão, com ajuda de um instrutor, para não ficar nem apoiado na boca, nem com a rédea bamba.
Concentre-se em segurar os marcadores no lugar, isso irá ensinar você a apertar as rédeas firmemente entre o polegar e o nó do dedo indicador.

2. Monte com uma rédea de condução

Rédeas e embocaduras não tem NADA a ver com contenção do cavalo. Okay? Rédeas são instrumentos de comunicação com o seu cavalo. Você pode comunicar-se GRITANDO, ou num tom claro e moderado. Se você agarra as rédeas e se percebe apertando a palma da mão com os dedos até que fiquem brancos; Atenção.
Nem deve usá-las para o seu equilíbrio, (quem se apoia na boca do cavalo faz isso), experimente essa mudança simples: leve suas rédeas, como você está dirigindo uma equipe de cavalos.
Isso suavizará imediatamente seus pulsos e antebraço, tornando impossível engolir as rédeas. Gradualmente, seus músculos terão o hábito de andar com um contato suave e elástico e seu cavalo irá agradecer! (faça apenas contato com a embocadura ou com Bitless no chanfro se for esse seu caso). Equitar Bitless (sem ferro) e fazer uma baita força no nariz dele não traz qualquer bem estar a ninguém.

3. Segure um rolo de jornal sob seus braços

Manter os braços perto do seu corpo ajuda a manter seus cotovelos e pulsos macios, para que suas mãos sigam suavemente o movimento da cabeça do cavalo. Pare e se observe em fotos ou vídeos se não tem o mau hábito de abrir os cotovelos para fora…
Se o seu cavalo não gosta de aceitar o contato na embocadura, verifique seus cotovelos. Se eles estão saindo como asas de uma galinha, ou se eles estão trancados e seu cavalo não pode relaxar no bocado.
Coloque os jornais enrolados sob seus braços e concentre-se em segurá-los no lugar. Isso irá ajudá-lo a ter o hábito de manter seus cotovelos próximos ao seu corpo, porém não GRUDADOS ou tensos demais.

4. Nada de inclinar o tórax para frente nem para o lado

Creio que por instinto de defesa as pessoas tendem a dobrar o tórax para frente, como se estivesse em guarda em uma luta de box, ao dobrar para frente você tranca seu diafragma e passa a respirar mal, o que lhe trará dores musculares ardidas, porque sem respirar aumenta o ácido lático nos músculos.
Mas o pior não é isso, isso só prejudicaria você. Quando se dobra para frente, você altera o centro de gravidade do conjunto e o cavalo para não cair para frente desequilibrado, faz muito mais força para se colocar e colocar você no lugar certo. Ainda assim tem gente que briga com o boca do cavalo como se ele estivesse rebelde.

5. Apóie-se com apenas um estribo

Se a sua sela escorrega sempre para um lado, após algum tempo montado, provavelmente você está andando com mais peso nesse estribo. A maioria das pessoas tem uma perna mais forte do que a outra.
Quando o cavaleiro/amazona apoia o pé no estribo, sempre empurra mais a perna mais forte do que a outra. Depois de cerca de 15 minutos, notará que minha sela se inclina para o lado com mais peso. Se você perceber isso, experimente:
– Durante o aquecimento, solte o estribo na sua perna forte e coloque no trote usando apenas sua perna fraca. É bastante desafidor no início – O estribo sob sua perna mais fraca sentirá como se estivesse se movendo por todo o lado. Mas depois de algumas sessões, sua perna ficará mais forte. Em breve, você será mais equilibrado em ambos os estribos e sua sela irá deslocar-se menos.

6. Coloque uma toalha debaixo da bochecha

Se você costuma inclinar-se ou entortar seu corpo para um lado, com um ombro mais baixo que o outro, aqui está um truque para ajudá-lo a nivelar o trapézio.
– Dobre uma toalha de rosto em um pequeno quadrado e coloque-o debaixo da bochecha no lado que você se inclina. Isso irá ensinar-lhe o que uma pelve nivelada sente, e também levará seu peso de volta para o centro da sela.

7. Imagine que você gosta de dançar um samba ou forró

Se você entra na marcha batida ou no trote, seu corpor ficar igual a um boneco de Olinda em cima do cavalo, saltando para todos os lados, ou ficar como milho de pipoca, em um trote sentado, isso é porque você está segurando a tensão em seus quadris.
Curiosamente, a única maneira de se sentar ainda em seu cavalo é mudar, de atitude na vida, e de postura na sela.
Sempre repito que a melhor comparação da equitação é com a dança. Tem de ter molejo…
Seus quadris devem balançar-se com o movimento acima do trote, e para baixo com batidas baixas. Concentre-se em seguir o movimento do cavalo e empurrar sua pelve para a parte mais profunda da sua sela. Confie em mim – você irá se divertir mais e montar melhor e seu cavalo vai agradecer o seu empenho para com ele. E irá retribuir.

Estudos confirmam interação emocional do Cavalo com as pessoas

Uma equitação de qualidade deve ser construída a partir de uma ação integrada e sincronizada, não apenas no aspecto físico como também através de uma conexão mental, intuitiva e emocional com o seu Cavalo. O que as pesquisas atestam agora é que esse sentimento também existe por parte do Cavalo com relação às pessoas, quando lhe é dada a oportunidade de escolher estar com você, em vez de obriga-lo a força ou por contenção a fazer isso.
Você já sentiu ou se dedicou durante um treino, uma cavalgada, a construir uma conexão especial com seu cavalo? Você já teve uma sensação de que você e seu cavalo estariam conectados como se fossem um só ser, como ensina Bjarke Rink, no seu “Enigma do Centauro”, como se sentissem as mesmas percepções e emoções, ligados através de elo de qualidade superior?

Certa ocasião durante um curso, aqui sempre no final é feita uma cavalgada de 13 a 15km, uma aluna em certo ponto experimentou essa conexão e gritou: – Meu Deus ela está se movimentando junto comigo, como se eu pensasse e ela fizesse os movimentos, que loucura é essa?
Não, não é nenhuma loucura, e em diferentes universidades, pesquisadores estão empenhados em tentar entender o que exatamente acontece quando ocorre essa conexão, que muitos cavaleiros e criadores afirmam sentir quando estão trabalhando com seus cavalos, montados ou até mesmo do chão.
Isso começa a ser documentado em um estudo preliminar, disse Paolo Baragli, DVM, PhD, pesquisador do Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Pisa, na Itália. Juntamente com o colega Antonio Lanata, PhD, do Centro de Pesquisa de Bioengenharia e Robótica de E. Piaggio da Universidade de Pisa e do Departamento de Engenharia da Informação, onde estão investigando os mistérios das conexões do coração cavalo-humano.
Através de pesquisas de alta tecnologia usando sistemas de monitoramento “wearable” e algoritmos, eles já concluíram que cavalos e humanos tendem a alinhar suas respostas fisiológicas a um estímulo emocional, que pode sim fazer com que os dois seres sintam as mesmas coisas.
Na Itália, estudiosos em comportamento e fisiologia começaram testando parâmetros cardíacos de 11 humanos e uma égua em diferentes tipos de interação.
Nós, que praticamos o Horsemanship partimos de alguns pressupostos que também foram considerados na pesquisa. Primeiro, reconhecemos o direito do Cavalo se auto proteger, e ao invés de submissão e contenção trabalhamos confiança e cooperação e proporcionamos ao cavalo direito de escolher, a seu tempo, estar conosco ou não e o convidamos a fazer essa escolha.
Eles descobriram que os cavalos e os seres humanos tendiam a “unir” o seu estado emocional (medido por indicadores de frequência cardíaca) e programas algoritmos que interpretam esses dados, associando os mesmos com situações, confirmando que quando a interação é espontânea e parte do cavalo as sensações se tornam similares.
Quando forçado a seguir ou acompanhar o Humano, a sua frequência cardíaca se altera, saindo da conexão sincronizada com a pessoa. A oportunidade de escolha é uma das novas fronteiras do bem-estar dos animais e, dessa forma, os resultados preliminares da pesquisa parecem confirmar que dar aos animais a oportunidade de escolher as suas necessidades emocionais os encoraja, anima e acalma.

Há décadas atrás os mestres do Horsemanship, como Tom e Bill Dorrance, Ray Hunt e ainda hoje Buck Branaman recomendavam essa atitude em suas clínicas, “procure ver o mundo como cavalo vê e sente”, e aqui praticamos isso desde o início da vida do potro, na sua escolarização, todo o tempo, e os resultados práticos são fantásticos, por exemplo, quando os encilhamos soltos ao nosso lado, ou solicitamos a parar com um leve assobio em vez de uma dura e errada ação de rédeas na sua boca. Aqui costumamos dizer que o Cavalo fala conosco e nós buscamos a cada momento sentir o que eles sentem.
“Este estudo preliminar é como uma tentativa de abordar a pesquisa sobre transferências emocionais interespecíficas, o que pode ser relevante na intervenção assistida com cavalos, mas mesmo no relacionamento cotidiano para lazer e esporte”, acrescentou. “Essencialmente, parece que a qualidade e o tempo do contato em si afetam a atitude emocional entre duas espécies diferentes”, analisa o pesquisador Baragli.
Se os estudos futuros o confirmarem, prossegue Dr. Baragli, “isso significaria que ambos os sistemas nervosos autônomos de cavalo e humano podem ser influenciados reciprocamente”, disse ele. “Isso poderia ser um sinal de uma transferência emocional entre cavalo e humano. Mas, neste momento, não podemos excluir outros motivos menos relevantes “.
O estudo, “Medidas quantitativas do acoplamento de batimentos cardíacos na interação homem-cavalo”, foi publicado nos Procedimentos da IED 38a Conferência Internacional Anual da Sociedade de Engenharia em Medicina e Biologia .
Vamos acompanhar os desdobramentos nas Universidades europeias que buscam financiamento para prosseguir seu trabalho, enquanto no correr do tempo, no Rancho, praticamos a linguagem natural do cavalo e podemos testemunhar que suas respostas são generosas, compassivas, colaborativas e seu desempenho em atividades de esporte e lazer são absolutamente surpreendentes, se comparadas com a brutalidade de manejos tradicionais que nada tem a ver com Bem Estar e nem com respeito a esta espécie que sempre pagou um alto preço por ajustar-se generosamente ao ser Humano.