A posição clássica do corpo é a base da eficiência a cavalo. Infelizmente, “posição” é muitas vezes explicada sob o ponto de vista da imobilidade, descrevendo um cavaleiro montado num cavalo, que, obviamente, está parado. Este não está atuando ou tentando recuar ou em qualquer outra atitude.
Na verdade, esta situação é rara. A discussão sobre “posição” é, na maior parte das vezes, reduzida ao aspecto estética. A dúvida é: “Qual vem primeiro, a estética ou o correto posicionamento do corpo para permitir a correta utilização das ajudas, principalmente de pernas, criando o necessário equilíbrio e controle?”
Há um padrão para a “posição” o qual, se for devidamente observado, faz com que o uso das ajudas seja eficiente, confortável e fácil para o cavalo as entender. Mas, tem de ser observado corretamente, reconhecendo todas as graduações que isso implica. Se não, o esforço para manter uma posição correta funcionará como elemento inibidor e torna-se uma desvantagem.
Para compreender “posição” é importante compreender o funcionamento do corpo. O corpo do cavaleiro pode ser dividido em quatro elementos básicos – porção inferior da perna, base de suporte, corpo superior e equilíbrio. Cada um destes elementos atua com um objetivo específico. Se colocados e usados corretamente, serão bem sucedidos na execução das suas funções. Nisto se resume “posição”, quando pensamos em equitação.
Uma vez que o que estamos buscando obter é equilíbrio e controle, vamos começar com o equilíbrio. É o equilíbrio que nos mantém direitos. Evita que se caia quando se tropeça. Diz às partes do corpo como se devem mover de modo a que as ações combinadas criem um resultado equilibrado. Passar da posição sentada para a de pé, seria um feito monumental, se não tivéssemos equilíbrio.
Andar, seria terrivelmente assustador. Teríamos de gatinhar de um lado para o outro. É o que ocorre com um bebe perto de um ano de vida, quando começa a ensaiar ficar de pé e se mover nessa posição.O que lhe falta é a percepção de si e o equilíbrio.
(legenda) Imagem A – Cavaleiro sentado sobre o centro de gravidade ou tentando aproximar-se dele.
E a cavalo o equilíbrio tem que funcionar para os dois. O cavalo é soberbamente capaz de utilizar o seu próprio equilíbrio. Mas, só o usará para fazer coisas que tenciona fazer. Muitas vezes (a maior parte das vezes com um cavalo inexperiente) este não tem a menor intenção de fazer o que nós pretendemos que ele faça. O seu “equilíbrio natural” não o manterá equilibrado durante esses movimentos. De fato, poderá usá-lo para o ajudar a fugir em vez de obedecer e fazer o que queremos que ele faça.
Embora seja totalmente rotineiro usar o equilíbrio quando se está no chão firme, não é rotineiro quando dele se necessita em outras situações. Dar um passo de um cais para dentro de um bote não é rotina para a maioria das pessoas. Aquela sensação é típica de desequilíbrio. Algumas pessoas têm dificuldades em dar o passo para entrar numa escada rolante, vemos isso diariamente em estações de Metrô. O uso do equilíbrio pode também não ser natural para o cavaleiro. Mas, neste caso, pode ser desenvolvido.
Os olhos podem ser considerados quase como sinônimos de equilíbrio. Equilíbrio é uma função cerebral. O cerebelo é responsável pelo equilíbrio, manutenção do tónus muscular e coordenação dos músculos.
Funciona também como auxiliar na coordenação dos sentidos da vista, ouvido e tacto. E na sinestesia, quando todos esses sentidos são solicitados em relação a movimento e espaço. O equilíbrio funciona com base nas informações acumuladas pelos seus órgãos sensoriais. Embora o ouvido médio seja o que mais contribui, (quando há problemas nele, as pessoas sentem vertigem, como na labirintite), os olhos proporcionam a fonte mais eficiente de informações ao cavaleiro. O equilíbrio do cavaleiro usa essas informações para tomar a decisão equilibrada para o cavaleiro e o cavalo.
A base de suporte é composta pelas nádegas, coxas e joelhos. A sua função é manter o cavaleiro montado. Deve aderir ao cavalo e permanecer inabalável. Ao mesmo tempo, deve ser flexível e sensível ao movimento do cavalo. E isto não é fácil. O problema é conseguir que trabalhem os músculos corretos. Estes são os músculos adutores das coxas. São os fortes músculos que descem da parte interior das coxas até aos joelhos.
legenda: A posição B é a causa de 80% de todos os acidentes a cavalo.
Infelizmente, não usamos muito estes músculos em outras atividades. Ao andarmos sobre um piso escorregadio e se escorregarmos, notaremos que eles se esforçam para manter as pernas sem deslizarem para o lado de fora. Os adutores usam a sua ligação à pélvis como a alavanca de que precisam para puxar as pernas para dentro na direção do cavalo. A base de suporte atua como o ponto central para os movimentos da parte inferior da perna e a parte superior do corpo.
As coxas devem pousar rasas contra a sela. Os joelhos devem virar para fora apenas o suficiente para acomodarem à largura do cavalo e da sela. O contacto deve estender-se ao longo do fêmur até a borda da parte posterior/interior da cabeça da tíbia. Não se admirem se sentirem bastante pressão na parte interior dos joelhos. Não existe maneira de apertar o interior da coxa e magicamente não haver pressão contra o joelho. No entanto, se a pressão se move para a frente da cabeça da tíbia, transforma-se num tormento para o joelho. Isto pode fazer com que o corpo se mova para a frente, deslocando-se o peso do cavaleiro para os dedos dos pés colocando o corpo numa posição muito segura.
A parte inferior da perna é composta por todas as áreas abaixo do joelho. A sua função é suportar e absorver qualquer embate. Atua também como “acelerador”. A parte inferior da perna deve manter o contacto com o cavalo de modo que a parte de dentro da barriga da perna (musculatura da panturrilha) assente no cavalo. Com a base de suporte agarrada ao cavalo pelos músculos adutores, os joelhos podem livre e espontaneamente dobrar para trás a perna inferior. Isso coloca sempre os calcanhares por baixo do centro de gravidade do cavaleiro.
O centro de gravidade desloca-se quando o corpo do cavaleiro e do cavalo se desloca, e quando é exercida pressão nas mãos do cavaleiro. Assim, não há uma só posição da perna para todas as ocasiões. Contudo, há uma regra prática para a localização da posição inferior da perna. Imaginemos um fio-de-prumo (uma linha que cai sempre direta no sentido da atração da gravidade) que cai da barra do estribo da sua sela.
Na maior parte das vezes o loro (correia que segura o estribo) deve estar nesse alinhamento. Mas ajustando-o ligeiramente para a frente pode ser muito útil se for feito no momento certo.
Para se acomodar à largura do cavalo, o cavaleiro tem de abrir ligeiramente os joelhos. Em consequência, os dedos dos pés viram-se para fora mas, isto não deve ultrapassar cerca de 15 graus. Não é necessário virar mais. Se os dedos se viram mais, fará com que a base de suporte não cumpra as suas funções corretamente. Se os dedos virarem significativamente mais do que isso, o tronco desloca-se e usa o tornozelo e os músculos da barriga da perna para se equilibrar. Assim, todas as vezes que fechar as pernas como segurança, está a pisar no “acelerador” e criará também outros problemas.
Para as pernas serem simultaneamente firmes e elásticas, tem que se isolar os controles. Enquanto os músculos adutores da coxa se apresentam firmemente para o cavaleiro se segurar, os joelhos e tornozelos devem permanecer flexiveis. Isto dá à parte inferior da perna a independência de que precisa para colocar os calcanhares sob o centro de gravidade em todas as circunstâncias.
Os grupos de músculos que controlam estes movimentos são diferentes. Mas, coordená-los de maneira que quando se aperta um, o outro continuará distendido, e isso não é fácil. A separação dos dois é importante para o equilíbrio. Se o cavaleiro concentrar-se em fazê-lo corretamente, ficará surpreendido com a sua capacidade. Uma vez que fizer isso conscientemente, será fácil tornar-se um hábito.
Embora o cavaleiro esteja em movimento no cavalo, sob o ponto de vista dos pés, está parado. Quando o cavaleiro está montado, os pés devem trabalhar como se estivessem no chão. Grande parte do tempo os pés suportam uma boa porção do seu peso. Quando se está de pé no chão, os calcanhares suportam o peso do corpo. Devem fazer o mesmo quando se está montado. Mas não é natural na equitação.
Estamos enganando o equilíbrio quando colocamos os estribos na frente do pé em vez de coloca-los nos calcanhares. Se os estribos fossem colocados nos calcanhares seria muito mais fácil. Todavia, perderiamos grande parte da elasticidade e de absorção de choque, além do risco de arrasto, num caso de queda.
Os tornozelos são articulações muito flexíveis e fazem com que os calcanhares descaiam consideravelmente abaixo da planta do pé. A força da gravidade puxa-os para baixo. O que evita que eles caíam é a pressão que a planta do pé exerce empurrando para baixo os estribos. Afim de baixar o calcanhar tem que se dobrar o pé levemente para cima, (levantar a frente do pé). Este movimento é complexo, e inicialmente é por vezes desconfortável. É mais fácil procurar outra maneira de dobrar os tornozelos. Mas qualquer outra maneira é fraca e não serve para o que precisamos.
Os músculos que dobram o pé estão localizados na parte da frente da tíbia. Quando os usar para levantar a frente do pé assegure-se de que o levanta direito sobre a planta do pé no seu todo e não apenas sobre o dedão ou sobre o dedinho. Para a máxima flexibilidade e estabilidade, deve-se também flexionar os tornozelos revirando os pés de modo a que as plantas dos pés fiquem ligeiramente viradas para fora. Mas ao fazer isto não deve virar os dedos dos pés para fora. Se for feito corretamente, isto permite dar aos tornozelos uma posição natural e elástica e faz com que os pés assentem com segurança nos estribos. Ajuda a que se obtenha o ótimo comprimento dos estribos.
Para se determinar o comprimento correto dos estribos, retiram-se ambos os pés dos estribos deixando-os confortavelmente pendurados. Sem olhar para baixo, a plataforma dos estribos deve tocar ligeiramente nos pés abaixo dos tornozelos.
Pratique alongamento antes de montar. Sobretudo dos grupos musculares mais citados aqui. Na próxima postagem vamos tratar da preparação física do Cavaleiro e dos exercícios necessários antes da cavalgada.
A REPRODUÇÃO NOS EQUINOS
Trabalhando e criando cavalos há décadas, percebemos que manejo de equinos confinados, treinamento, nutrição, vacinação e também a reprodução são questões constantes nas consultas que recebemos. Este artigo é uma importante contribuição agora que está iniciando mais uma temporada de monta ou de fertilização de éguas.
QUANDO INICIAR O ANIMAL NA VIDA REPRODUTIVA
Os potros entram na puberdade aos 18 meses de idade, mas só devem ser iniciados na reprodução após os 30 meses de vida. As fêmeas devem ser cobertas, pela primeira vez, a partir dos 3 anos de idade, para que o primeiro parto ocorra entre os 4 anos e 4 anos e meio, quando a égua está madura e tem seu completo desenvolvimento. O pico de maturidade e fertilidade das fêmeas ocorre entre os 4 e 15 anos, e os machos podem estar férteis até os 24 anos em média.
Geralmente as éguas só aceitam serem cobertas durante o cio, período que estão preparadas para serem fertilizadas. O cio ocorre, em média, a cada 21 dias, dura de 7 a 9 dias, e a ovulação* ocorre mais ou menos 2 a 3 dias antes do término do cio.
(*)ovulação é o período fértil propriamente dito, quando o óvulo está pronto para ser fecundado, por isso quando ela começa a aceitar o cavalo, a monta deve ser repetida três vezes com intervalos de uma dois dias entre uma cobertura e outra.
A égua dá sinais de cio característicos, ela fica mais agitada, procura o macho, há aumento no número de micções, a vulva fica mais congestionada e faz um movimento de abrir e fechar, a cauda fica levemente levantada, diminui o apetite. A urina apresenta um odor característico que atrai o macho.
Os machos reprodutores por sua vez, ficam agitados encurvam o pescoço, ora inalam o ar profundamente e levantam o pescoço e a cabeça expondo os dentes fechados e dobrando o lábio superior sobre as narinas, para apreender e reter o cheiro do feronômio exalado pelas éguas no cio, esse comportamento é denominado reflexo de Fleichmann.
ÉPOCA DO ANO
Primavera e Verão são as épocas escolhidas para a “Estação de Monta”. Coincide com o final da temporada de exposições e provas, além das melhores condições de clima e pastagem. Na primavera também ocorre o aumento da luminosidade, aumentando também a produção dos hormônios responsáveis pela reprodução. As éguas tem fotossensibilidade e ovulam quando os dias tem mais luminosidade (dias mais longos) na primavera e verão. Como a gestação de equinos dura onze meses ou 330 dias, os potros sempre nascerão em épocas de pastos mais ricos e volumosos, esse é um cuidado da Natureza para evitar nascimentos no inverno, quando os pastos estão mais secos ou rareados.
Essa concentração de nascimentos em uma determinada época do ano pode ser bem complicada. Então o ideal é “diluir” as coberturas, para que os nascimentos ocorram em diferentes semanas, facilitando o manejo, cuidados com o parto, curativos no umbigo, alimentação.
COBERTURA
Aos primeiros sinais de cio, a égua deve começar a ser rufiada, para que se detecte o dia que ela começa a “aceitar” o macho. Quando ela começar a ficar receptiva, faça a cobertura/inseminação a cada 48 horas.
Esse intervalo é suficiente, já que os espermatozóides sobrevivem por esse tempo dentro do trato reprodutivo da fêmea. Se ela ovular durante esse período, os espermatozóides estarão viáveis.
Quanto aos garanhões, evite mudanças no seu manejo. Procure sempre deixar o trato dele para o mesmo cavalariço, e esse mesmo deve levá-lo para a cobertura. Faça as coberturas nas horas mais frescas do dia, como as primeiras horas da manhã e o final de tarde.
Cada propriedade tem seu protocolo de reprodução, mas nos locais de muita demanda, o macho pode ser usado 2 vezes ao dia, até 5 a 6 vezes por semana, devendo ter pelo menos 1 dia de folga. Em locais de menor demanda, pode ser usado 3 vezes por semana, em dias alternados.
ESCOLHENDO AS MATRIZES
Teoricamente, os pais contribuem com 50% dos genes da prole cada um. Mas alguns consideram que a fêmea colabora com uma parte maior, já que esta exerce influência física e comportamental no potro, incluindo gestação, nascimento e lactação.
Por essa razão, a escolha da matriz deve ser muito cuidadosa.
Já está comprovado que mesmo éguas usadas como barriga de aluguel para transferência de embriões tem participação no desenvolvimento do produto e não mais deve ser usada qualquer fêmea, senão aquelas com boa saúde e alguma carga genética também.
A fêmea deve estar em boa condição corporal (nem magra, nem gorda), vermifugada e vacinada. O calendário de vacinação deve ser combinado com seu veterinário, mas em geral, inclui raiva, tétano, garrotilho, aborto viral, leptospirose e encefalomielite.
É muito importante analisar a maior quantidade de produtos de uma matriz, para ter certeza do melhor cruzamento. Boas matrizes têm partos sem problemas, filhos premiados e também produzem bons garanhões.
ESCOLHENDO O GARANHÃO
O animal deve, antes de tudo, registrado na Associação de sua raça, assim como a fêmea. Avalie também o maior número de filhos possível e seu pedigree. Atenção aos padrões físicos da raça.
O macho também deve ser vacinado e vermifugado, além de ser importante o laudo de um veterinário, atestando sua perfeita condição de saúde e exame andrológico (boa qualidade de espermatozóides e avaliação do trato reprodutivo).
Além de todas essas avaliações individuais dos pais, é muito importante estudar os melhores cruzamentos. Nem sempre uma boa égua e um bom garanhão têm características compatíveis. E nunca esqueça que um bom cruzamento não é nada, se não oferecer boa criação, treinamento e alimentação a esse animal, já que 50% das suas características provêm da genética e os outros 50% correspondem ao meio ambiente.
Atenção ainda ao estudo da sua genealogia, notadamente quem é a mãe do Garanhão, uma vez que os cromossos “X” que ele passa vem da sua linha baixa.
PARTE II
MÉTODOS DE COBERTURA
Há diferentes formas de reprodução nos cavalos. Discuta com seu veterinário e com outros criadores sobre qual método é mais viável para você.
Aqui vamos discutir de uma forma bem rápida algumas das vantagens e desvantagens de cada método.
COBERTURA NATURAL/ MONTA NATURAL
Vantagens: ainda é o método de maior fertilidade das éguas, podendo atingir até 70%, quando houver um bom acompanhamento.
Desvantagens: custos e riscos no transporte da égua, principalmente quando ela está com o potro ao pé. Quando a viagem é longa, a égua ainda tem que ficar “hospedada” no Haras em que foi coberta, aumentando ainda mais os custos. Em uma viagem longa, o risco de reabsorção fetal é muito grande até os 50 dias de gestação.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL (IA)
Consiste na coleta artificial do sêmen, que pode ser utilizado “in natura” ou diluído. Após a coleta, há deposição desse sêmen no trato genital feminino.
Vantagens: diminui o risco de doenças sexualmente transmissíveis; controle de qualidade do sêmen e da égua; aumento no número de éguas enxertadas; diminui risco de acidentes durante a monta; permite que garanhões com algum problema físico realizem coberturas.
Desvantagens: altos custos; requer total controle do cio e ovulação, para que se aumente a taxa de prenhez com uma só dose.
A IA pode ser feita com diferentes formas de conservação do sêmen:
– A Fresco: o sêmen é coletado por um veterinário através de uma “vagina artificial” e preparado. Se diluído, pode inseminar 3 a 4 éguas. Pode ser conservado por até 2 horas em temperatura ambiente, permitindo que se use um garanhão que fique em uma propriedade próxima. Claro que com o passar das horas a qualidade dos espermatozóides diminui.
– Resfriado: o sêmen é processado e diluído em uma substância contendo açúcares, lipídeos e antibióticos, e colocado em um recipiente resfriado. Deve ser conservado à temperatura de 4ºC e tem validade de 48 horas. A grande vantagem é que pode ser usado quando o garanhão está em uma propriedade longe da fêmea. Mas requer habilidade para manipulação e altos custos, além do transporte. A taxa de fertilização é de 40 a 50%, em média.
-Congelado: o sêmen é preparado e congelado a -196ºC, em tanques de nitrogênio líquido. A taxa de fertilidade não chega a 40%. Geralmente a dose desse sêmen é paga “a todo risco”, ou seja, a fêmea estando prenhe ou não. A vantagem é usar sêmen de animais importados, ou mesmo dos que já morreram.
O controle da ovulação tem que ser ainda mais rigoroso nesse método, além dos cuidados com a congelação e descongelação do sêmen. Se possível, deve-se usar um endoscópio para depositar o sêmen diretamente na entrada da trompa uterina, para aumentar a taxa de fertilidade.
Há ainda a Transferência de Embriões, quando a fertilização é feita in vitro, no laboratório e quando estiver confirmada a fecundação o embrião é transferido para uma égua (barriga de aluguel), esse método é o mais caro e pode gerar diversos irmãos próprios em diferentes localidades.
GESTAÇÃO E PARTO
Uma vez que a cobertura foi realizada ou a égua inseminada é hora de prestar atenção à gestação. 4 horas após a cobertura, o espermatozóide já está no caminho para a fecundação, e fica nas trompas até o 6º dia, quando desce para o útero novamente.
O diagnóstico da gestação pode ser feito aos 14 dias com o ultrassom e 19 dias pela palpação retal. As éguas gestantes devem ser separadas das demais, e o exame de controle por ultrassom deve ser feito mensalmente, já que o maior risco de reabsorção fetal vai até os 90 dias.
A duração de gestação de uma égua é de 330-345 dias, podendo chegar a 12 meses quando coberta por um asinino/muar. Próximo ao parto, a égua deve ser vigiada, colocada em uma baia maternidade (mais ampla), com cama limpa e mais macia. A égua demonstra alguns sinais antes de parir, a veia mamária fica intumescida ao longo do abdome, ela fica inquieta e as mamas ficam cheias de leite/colostro alguns dias antes do parto.
A maior parte dos partos ocorre à noite e, em geral, sem muitos problemas. Mesmo assim deve ser observado, e se houver qualquer dificuldade, talvez seja necessário ajudar o animal. Lembrando que éguas de primeira cria requerem atenção especial nessa hora.
Nascendo o potro, ele tem mais ou menos meia hora para ficar em pé e começar a mamar, já que o colostro é responsável por passar toda a imunidade a ele e pela absorção de bactérias indispensáveis à sua capacidade futura de digerir capim/celulose.
NUTRIÇÃO X REPRODUÇÃO
A “superalimentação” é muito comum na gestação, assim como a suplementação, muitas vezes desnecessária, já que a maior exigência nutricional da égua se dá apenas no terço final da gestação. O que sempre se esquece é que o período de maior exigência é durante a lactação. Por mais estranho que pareça, nota-se que quanto mais gorda está a égua no final da gestação, maior a perda de peso no início da lactação.
A deficiência nutricional é até menos comum nas propriedades onde se cria cavalos, mas é importante citar os problemas que pode acarretar: irregularidade no cio, cio não fértil, abortos, nascimento de potros fracos ou prematuros.
Mas o erro mais comum cometido com animais em reprodução, ainda é o excesso da proteína fornecida. Isso predispõe a um desequilíbrio hormonal, podendo reduzir os índices de fertilidade. Nas éguas gestantes, pode induzir à mortalidade embrionária.
No início da gestação, a égua pode ser alimentada com ração de animais em manutenção, com 9% de proteína LÍQUIDA*. No terço final da gestação é que esse nível deve subir para 12% de proteína LÍQUIDA*.
A mesma coisa acontece com o garanhão, já que níveis altos de proteína podem aumentar os níveis de substâncias tóxicas, aumentando o risco de alterar a qualidade dos espermatozóides. Nos garanhões em estação de monta, os níveis de proteína LÍQUIDA devem ficar entre 12 e 13 %*.
(*) Os rótulos das rações costumam indicar os níveis de Proteína BRUTA
Por isso que antes de administrar qualquer suplemento para seu cavalo usado na reprodução é essencial o auxílio de um veterinário. Há, sim, suplementos indicados durante esse período, mas nunca os ofereça por conta própria.
Artigo apoiado em texto-base da Dra. Maria Rita Fagundes
Pensamentos e ensinamentos de verdadeiros mestres do Horsemanship
A relação entre Homem e Cavalo alcançou novos patamares a partir da ação de verdadeiros cowboys, do século XX, capazes de tocar a alma do Cavalo, mais focados em construir um ambiente de confiança, duradouro e focado no resultado do trabalho e menos dedicado ao espetáculo de marketing e aos aplausos para showmens que reduzem o cavalo à condição do espetáculo circense, sem relação com a boa ou a Alta Equitação.
Dentre estes mestres situamos os irmãos Tom e Bill Dorrance, que lidaram com cavalos toda sua vida, dos 5 aos 80 anos, a Ray Hunt que começou como discipulo deles e à Buck Brannaman entre outros, como o nosso Borba. Aqui, tomei a liberdade entre um pensamento e outro de inserir uma nota explicativa, fruto das nossas observações do dia-a-dia, mais como complemento e esclarecimento do que como pretensão pessoal.
Vale a pena ler, pensar, refletir, comparar com sua prática ao lado dos cavalos e tentar captar as mensagens essenciais que estão entre as linhas do pensamento destes Mestres.
Existe o verdadeiro horsemanship antes e depois deles, muitos dos nomes em evidência hoje, chegaram mesmo a ser alunos dos Mestres, mas que hoje tem se entregue à pressão da grande mídia, especializando-se em uma habilidade, valorizando um “reconhecimento pessoal” que a TV ou as revistas oferecem, enquanto Eles, e nisso eu concordo, buscavam muito mais a resposta certa dos mais de 10 mil potros que eles iniciaram, u a recuperação de um Cavalo traumatizado, como o trabalho de Buck que verdadeiramente inspirou o livro e o filme “O Encantador de Cavalos”. A reprodução do ensinamento generoso dos grandes mestres do Horsemanship, é um tributo ao que eles fizeram pelo Cavalo, lamentando ao mesmo tempo o quanto é triste a falta de referencia histórica das TVs, dos programas que hoje fazem um verdadeiro “auê” em torno de pessoas que vivem sim do Cavalo, mas não para o Cavalo. Vamos lá, boa leitura e reflexão.
“ A sensibilidade nos dá o tempo e o tempo nos dá o Equilíbrio” Ray Hunt
“Não é o cavaleiro que tem um cavalo com problema, mas o Cavalo que tem um cavaleiro com problema” Mary Tweelveponies
“Temos que aprender a sentir o que ele sente” Ray Hunt
“Pensar, sentir e reagir como o Cavalo, é muito mais do que olhar racionalmente com seu ponto de vista. O sentir o que o Cavalo sente quer dizer, colocar-se de fato e por inteiro no lugar do cavalo”. José Luiz Jorge (RSM)
“Quando um Cavalo não compreende o que esperamos dele, isso ocorre por três razões:
a) ou está confuso e não compreendeu o pedido,
b) não teve o tempo de resposta respeitado
c) não lhe foi ensinado antes.
Quando uma dessas três coisas acontece você vê isso refletido na sua expressão e na aparência do seu corpo pedindo ajuda”. Eduardo Borba (DOMA)
“Responsabilidade Mútua é fundamental para a verdadeira integração Homem-Cavalo. Você pede o Cavalo responde, Você alivia. É assim que ele aprende. Na verdade o que ensina é o alívio da pressão. Essa a linguagem natural deles”. Eduardo Borba (DOMA)
“Seu Cavalo não será cuidadoso e preciso se você não for cuidadoso e preciso”. Ray Hunt
“ Aprenda a pensar do ponto de vista do Cavalo, para poder compreender sua linguagem. Nunca perca o controle de si mesmo”. Ray Hunt
“ Quando o processo é o aprendizado, e não um processo que causa apreensão e desconfiança, onde o medo seja a tônica, os resultados não demoram a aparecer”. Tom Dorrance
“ O cavalo primeiro tem de desenvolver a confiança no ambiente, depois, nele mesmo e só depois no seu cavaleiro”. Tom Dorrance
“O cavalo é espelho do cavaleiro”. Dito popular
“ Aquilo que você não tolera ver no comportamento do seu Cavalo é o que você não gosta em si mesmo”. Mude e ele muda. No trabalho com potros e cavalos não existe pressa e nem respostas instantâneas” José Luiz Jorge (RSM)
“ Muitas vezes, ir devagar é o jeito mais rápido de se chegar lá”. Tom Dorrance
“Não tenha medo de expor seu Cavalo a coisas que ele nunca viu antes, mas …. tome cuidado para não sobrecarrega-lo. Nunca porém, o exponha a situações nas quais ele pode perder a confiança que acabou de adquirir” Tom Dorrance
“ Faça com que as coisas erradas fiquem difíceis e as certas, fáceis”. Ray Hunt
“Não se esqueça que existe um propósito e um significado atrás de cada coisa que você pede para seu cavalo fazer”. Ray Hunt
“ Todas as solicitações, além de claras e no tempo correto, devem ter sentido na mente do Cavalo, lembre-se de que ele é seu parceiro de trabalho e deve ser respeitado assim, e não um escravo a fazer até mesmo coisas sem sentido, só porque você mandou”. José Luiz Jorge (RSM)
“ Se você quer ensinar algo ao seu Cavalo e ter um relacionamento com ele, você não FAZ ele aprender, você PERMITE que ele aprenda, você é o responsável para criar situações onde ele possa aprender”. Ray Hunt
“ Se você controla seus pés, você controla a mente do seu cavalo”. Ray Hunt
“ Observe, relembre, compare”. Ray Hunt
“ Existe diferença entre ser firme e áspero. Você pode ser firme, mas não seja áspero”. Ray Hunt
“ A pior coisa, dentre vários comportamentos inadequados ao cavaleiro, é agredir o Cavalo. Isso só confirmará seus medos e a certeza de que aquele treinador não merece a confiança dele, o resultado é que essa pessoa não irá liderá-lo. A resposta por medo e submissão não é duradoura e nem se sustenta diante de outras pessoas que não o aterrorizarão, como o mau treinador fazia”. José Luiz Jorge (RSM)
“ Ninguém, em nenhuma situação, tem o direito de dizer, faça isso ou …..” Monty Roberts (Violência não é a resposta)
“ Admire seu Cavalo pelas coisas boas que ele faz. Ignore as erradas. Você logo vai perceber que as boas ficam cada vez melhor e as ruins, cada vez menores” Ray Hunt
“Monte a Cavalo com o corpo todo e a mente integrada, e não apenas com mãos e pernas” Ray Hunt
“Experimente dar a direção ao Cavalo, tanto no trabalho de chão, como no trabalho montado, com seu olhar. Para onde você olhar, você dará a direção, ele capta essa integração mente-corpo com muita sutileza e suas pernas apenas ajudarão suavemente a confirmar a sua escolha”. José Luiz Jorge (RSM)
“ O Cavaleiro deve estar sempre vivo e alerta, sem estar tenso e endurecido”. Ray Hunt
“ Diga sempre ao seu Cavalo: Você vai conseguir fazer isso, prepare-o antes de solicitar, isso é muito melhor do que dizer – você tem que fazer”. Ray Hunt
“ Perceba a menor mudança, a menor tentativa do seu cavalo na direção do que você está solicitando e reforce-o positivamente”. Ray Hunt
“ São as pequenas coisas, os detalhes que fazem a diferença. Quando ocorrer qualquer coisa fora do esperado, volte mentalmente a fita e lembre do que aconteceu imediatamente antes daquele acontecimento indesejado”. Ray Hunt
“ Algumas vezes, quando termino um trabalho e o Cavalo está mais quente e suado do que o normal, gosto de ficar com ele, ajudando-o a compreender que tudo aquilo é um assunto que vamos ter de conviver, e gosto de deixar ele explorar um pouco mais o que ocorreu”. Tom Dorrance
“Existem muitas coisas que, acidentalmente, podem acontecer ao seu cavalo mas, se ele for dócil e confiar em você como amigo, ele vai permitir que você o ajude a sair daquela encrenca, em vez de perceber você como a causa daquela encrenca”. Buck Brannaman
Regras de segurança para treinar crianças em torno dos cavalos
Nas aulas de equitação, especialmente para crianças, segurança é fundamental. Cavalos, como qualquer animal, podem ser imprevisíveis. Saber agir com segurança em torno dos cavalos pode ajudar a minimizar o risco. Aqui algumas dicas baseadas na nossa vivência e em uma troca de correspondencia com Amanda Nelson (EUA) e Jenny Meyer, para uma cocheira mais segura e uma experiência mais agradável com o cavalo.
Aqui vai um conjunto abrangente de normas de segurança para a manipulação e trabalho montado com cavalos, especialmente inclinados para as crianças.
Segurança na aproximação quando desmontados (trabalho à guia e do chão)
• Aproximação e captura: sempre falar com o cavalo antes de se aproximar para alertá-lo de sua presença, andando por perto; isso evita provocar seu instinto de proteção, e reflexo de fuga. Aproximar-se do lado, para evitar seu “ponto cego” (que estão diretamente à frente e exatamente atrás dele). Tocá-lo pela primeira vez no pescoço ou no ombro, com um movimento de carinho esfregando firme mas suave. Isso equivale a um aperto de mão com uma pessoa que voce acaba de ver ou conhecer.
Tenha especial cuidado ao entrar em um pasto ou paddock contendo vários cavalos (podem inadvertidamente empurram ou pisar em você, ou até mesmo cercá-lo com curiosidade e aí antre eles pode sair um coice). Além disso, não chegue a ales com um punhado de grãos apetitosos, ou outros alimentos em um grupo de cavalos – isso apenas seduz a multidão em torno de você e pode incitar uma luta pelo melhor bocado de comida”, com você espremido no meio deles.
• Líder: Sempre use um cabresto com guia com mosquetão e peso na ponta, ligada à cabeçada do cavalo, em vez de agarrar o cabresto propriamente dito, que não dá opção se o cavalo assustar e quiser pular e se livrar. Não enrole o final da corda (guia) em torno de sua mão, pois podem apertar os dedos; em vez disso, dobre-o e para trás e segure o meio das dobras. Para evitar ser puxado e arrastado, nunca dobre uma corda (guia) ou qualquer outro cabo de corda ligada a um cavalo em torno de qualquer parte do seu corpo. Não permita que o cavalo que você está levando a tocar o nariz com um cavalo desconhecido, como isso pode levar as “estranhos” de repente a se morder ou atacar uns aos outros, principalmente se um deles for inteiro. (Isso se aplica também quando você estiver montado, como norma de segurança pessoal.)
• Amarrando:. Amarre um cavalo “no alto e não acima do seu braço,” ou seja, o “nó da gravata” dado na guia deve ser pelo menos tão alto quanto a ganaacha do cavalo, e a distância entre o nó e o cabresto deve ser não mais do que o comprimento do seu braço (até um metro). Amarre somente a um objeto seguro, sólido, usando um nó de liberação rápida, aquele que voce puxa uma ponta e ele está solto, ou uma “corrente de nós frouxos) (o instrutor da criança vai explicar como). Mantenha os dedos fora de laços, como amarrar o nó. Amarre apenas com uma cabeçada e guia, nunca com bridão e rédeas.
• Enfeitando / manipulação: Pare perto do ombro (paleta) ou avance para os quartos traseiros em vez de diretamente à frente ou diretamente por trás de um cavalo ao alisar sua cabeça ou escovar ou trançar sua crina e sua cauda. Ao andar atrás de um cavalo, ir a um metro e meio de distância, perto o suficiente mas onde um chute não teria nenhuma força real, mantendo uma mão em sua garupa quando você passar ao redor; ou suficientemente longe para o caso dele chutar o vácuo. Evitar passar sob a corda de amarração; Você pode fazer com que o cavalo puxe para trás, e nesse caso você estaria extremamente vulnerável à uma lesão indesejável se ele o fizesse. Esteja atento aos pés do cavalo enquanto você estiver trabalhando em torno dele, leia seus sinais, orelhas murchas, por exemplo, um sinal de que ele está muito incomodado. Outra coisa, deixe sempre um intervalo de pelo menos meio metro entre voce e ele enquanto escova, pois cavalos são frequentemente descuidados sobre onde pisam. Ao liberar o pé do cavalo depois de limpá-lo, certifique-se de que seu próprio pé, por exemplo, não está no lugar onde o casco volta ao chão, pois é claro, ele retorna ao solo. Quando tiver que mexer nas partes inferiores do membro, como em aplicar um curativo, nunca se ajoelhe ou sente-se no terreno. Permaneça agachado, assim você pode ir longe no caso ele se assuste com alguém ou alguma coisa. Quando você remover uma manta, desaperte as correias em ordem inversa. Isso torna impossível para o cobertor escorregar e se enrolar nas pernas traseiras do cavalo
• Para reboque/transporte: Nunca lute com um cavalo relutante para colocá-lo em um trailer ou caminhão; procure ajuda profissional e reconversão profissional, se necessário. Uma vez que um cavalo estiver no trailer, feche a porta traseira ou rampa antes de você engatar o reboque. Quando for descarregar, desatar o cavalo antes de abrir a parte traseira do reboque, assim ele não começa a ir para trás para fora e atingir o final da corda, causando-lhe pânico e tração traseira.
• Girar ele solto no redondel: Quando for trabalhar um cavalo ou pônei para exercitá-lo do chão, ou retornar com ele ao paddock, ou quando for soltá-lo em um piquete ou pastagem, sempre vire sua cabeça em direção a porta e passe por ele antes de deslizar e e soltar a cabeçada e o cabresto, para evitar seus saltos, porque quando ele prevê que vai usufruir da liberdade a tendência é sair se alongando e saltando com coices para o ar e sem querer, pode te atingir.
• Alimentos doces: Quando oferecer pedaços de cenoura ou maça dê a partir da palma da mão achatada para evitar ser acidentalmente beliscado. Melhor ainda (especialmente no caso de gananciosos cavalos ou póneis), colocar o trato num balde antes de oferecer-lhes. A melhor maneira para alimentar um cavalo deve ser em um balde, ele sentirá o prazer de comer a fruta ou a cenoura, mas ele não é um pet.
Segurança na sela
• Supervisão: Até que as habilidades estejam bem estabelecidas, a criança deve rodar sob controle. O instrutor deve estar dentro do piquete, pista ou redondel, orientar sobre equilibrio e assento, sobre foco da visão e respiração profunda, isso é especialmente importante para as crianças mais jovens. Saltos devem ser supervisionados em todos os momentos, independentemente da idade.
• Equipamento de segurança: São essenciais e incluem calçado adequado (botas – sapato fechado sem cadarço solto e perneiras) e, sempre que montado, um capacete adequadamente equipado que atenda aos padrões de segurança atuais, padrão para chapéus equestres. Use apenas capacetes com selos Inmetro. Não se deve permitir montar com bermudas ou chinelos e tenis. (os estribos devem ser projetados para liberar o pé facilmente em caso de uma queda) são aconselháveis, um colete protetor da coluna para saltos de Cross-Country.
• Aderência: Um pouco que aperta os cabelos da crina sob a sela, uma barrigueira inadequada que muito apertada pode beliscar a pele do cavalo, pode causar uma ação inexplicável de um cavalo ou pônei. Certifique-se de que a criança sempre siga as regras do seu instrutor para bridagem e uso de rédeas adequado . Com a ajuda do seu instrutor, ela também deve aprender a inspecionar regularmente seu equipamento para observar sinais de desgaste nas correias, látegos, lóros, rédeas que poderia causar rompimento numa cavalgada, salto ou exercicio
• Preparando uma nova montaria: Uma criança, cavalo ou pônei sempre deve ser avaliado para ver se ele está com excesso de energia antes da criança montar. Girá-lo num redondel ou na corda longa por uma pessoa experiente vai “tirar a barda” um cavalo fresco e torna menos provável que ele vai agir pulando quando montado. (Lembre-se, de checar os resultados de excesso de energia, falta de exercício, trabalhou pouco na semana, ou ambos.)
• Montar: A criança nunca deve montar onde há sombras, folgas nos equipamentos, ou projeções. Ela deve seguir técnica adequada (seu instrutor mostrará lhe como) e manter contato com as rédeas como ela oscila a bordo. Seu cavalo ou pônei deve estar ainda pronto para o trabalho montado e à mão, ou então ser realizado com um adulto, até que a criança esteja com segurança na sela. Não se deve largar uma criança que ainda não se apóie sobre os estribos, que não possa usar ajuda de pernas, sozinha, aqui no Rancho só montam sozinhos os que tem a partir de 9 anos.
• Atenção constante: Ficar calmo, concentrado e alerta na sela em todos os momentos é uma salvaguarda chave. A criança que ama cavalos, pode se divertir, mas ela nunca não deve tornar-se descuidada ou abusar da auto-confiança e do cavalo.
• Equitação externa ou trilhas: Não permitir que a criança monte fora da pista, piquete ou redondel até que seu instrutor considere que ela está pronta, tendo ensinado-lhe como fazer em diferentes situações e se assegura que a sua montaria é segura para trilha. A criança não deve andar fora, sozinha nunca. Aliás cavalgadas solitárias não são recomendadas nem para adultos, porque qualquer incidente ou imprevisto não terá quem promova socorro a tempo.
EQUOTERAPIA – O cavalo como instrumento de saúde e desenvolvimento pessoal
O cavalo, desde o início da humanidade, serve ao homem, primeiramente era uma reserva de carne, por sua docilidade, ficava perto da casa e não precisava ser caçado, depois como meio de transporte de cargas, posteriormente como animal propício para o trabalho, tração e lazer. Quando os povos da Mongólia, provavelmente os primeiros a domesticá-los, a descobriram que eles poderiam ser montados – as caçadas antes limitadas a capacidade de caminhar do homem, passaram a ser muito mais produtivas, porque o que antes consumia 4 a 5 longos dias perigosos, passaram a ser realizadas em uma jornada, e o uso dele como montaria para vencer juntos grandes distancias, foi um fator de desenvolvimento que equivaleu ao contemporâneo uso do fax e depois do e-mail.
Posteriormente, estudiosos como o general Xenofontes (Grécia 500 A.C.) Mercuriális(1569), Joseph Tissot(1782), Gustavo Zander(1890), Collete Picart Trentelin(1972), dentre outros, notificaram que a integração entre o ser humano e o cavalo promovia um bem estar físico e mental.
A partir de então, houve interesses, questionamentos e mais pesquisas nesse campo para que se pudesse entender o mecanismo terapêutico desse animal e utilizá-lo como facilitador do desenvolvimento humano, chegando ao método terapêutico que hoje denominamos Equoterapia.
Esse termo originou-se de uma junção dos vocábulos equos+ therapeia. Therapeia que significa aplicação de conhecimento técnico cientifico no campo da terapia, e equos que diz respeito à utilização do cavalo em atividades eqüestres e técnicas de equitação. Portanto, equoterapia é a utilização do cavalo como instrumento terapêutico no tratamento do ser humano, visando sua reabilitação global e sua melhor integração social. Desta maneira, o cavalo atua como instrumento cinésioterapêutico e ludoterapêutico.
A atividade hípica (equitação) adaptada para portadores de necessidades especiais é uma modalidade que vem sendo amplamente utilizada e divulgada, não somente como recurso terapêutico, mas em larga escala como recurso esportivo, em toda a Europa e Estados Unidos. No Brasil, a Equoterapia vem se tornando alvo de grande interesse no campo da educação especial, reabilitação e pesquisas.
O padrão de movimento do cavalo tem um efeito terapêutico por transmitir três ondas vibratórias simultaneamente – para cima e para baixo, para frente e para trás, para um lado e para o outro – numa dinâmica que nenhum outro aparelho mecânico ou método consegue imitar.
• Movimento Tridimensional -> Reações posturais normais
• Deslocamento -> Sistema vestibular -> Equilíbrio
• Ritmo e cadência -> Regulação tônica -> Controle da contração muscular.
Este movimento tridimensional, transferido ao tronco do paciente durante o andar do animal estimula os sistemas próprio-ceptivo, vestibular, visual, solicitando ajustes tônicos (reações posturais, equilíbrio, coordenação etc.), provocando estabilidade e controle postural.
O tratamento visa integrar ao ganho motor o lado cognitivo, psicológico afetivo, social e familiar, além de motivar e capacitar o portador de necessidades especiais à pratica esportiva.
1-Conceito
1a- O cavalo atuando como instrumento Cinésioterapêutico (cinesia= movimento):
Os movimentos que o cavalo produz ao passo assemelham-se à marcha do ser humano. Quando o cavalo começa a andar (faz movimento de propulsão), o posterior do mesmo empurra (lança) a massa à frente (perda do equilíbrio), o anterior escora (retoma o equilíbrio) e com isso o cavaleiro acaba por fazer os movimentos sem se dar conta.
Tecnicamente o cavalo produz 56 passos por minuto, fazendo movimentos de torções de seis graus na coluna do cavaleiro. Uma sessão de 30 minutos proporcionará 1680 movimentos ao cavaleiro. Cada movimento do cavalo gera um ajuste tônico no cavaleiro. Em cada segundo faz-se de 1 a 1,25 ajustes tônicos no cavaleiro. Logo, em uma sessão de 30 minutos ocorrerão de 1800 a 2250 ajustes tônicos.
Quando o cavalo se desloca ocorrem vibrações osteoarticulares que mandam mensagens para a medula e esta manda para o cérebro, proporcionando 180 oscilações por minuto o que equivale a 5400 oscilações em uma sessão de 30 minutos. Desta forma obteremos benefícios neuropsícomotores para o nosso paciente como a melhora do seu equilíbrio, postura, controle motor, mobilidade, atividades funcionais, concentração no processamento do pensamento e no raciocínio.
1 b- O cavalo atuando como instrumento Ludoterapêutico: O cavalo é o nosso objeto lúdico, através dele e com ele o paciente busca novas experiências de sentimentos como independência, liberdade e prazer. Ele aceita a criança como ela é, com seus limites e suas dificuldades A criança, por sua vez, se bem aceita, já tem o primeiro passo para qualquer melhora.
O cavalo oferece ao ser humano um campo aberto para projeções e introjeções, entre o nosso mundo interno e o nosso mundo externo, dando-nos novas oportunidades para o nosso crescimento individual. Para que ocorra a formação da personalidade há de se ter a interação entre as influências maturacionais e ambientais, assim como experiências pessoais.
É através de projeções e introjeções que uma criança desde seu nascimento constrói sua identidade.
O animal estimula a trabalhar a auto-estima da criança, através do sentimento de conseguir fazer algo, manejar um grande animal e comandá-lo (parar, virar para os lados, etc…), desenvolvendo também uma melhor orientação espaço temporal e lateralidade; sua auto-confiança se fortalece acreditando em si mesma; há o auto-controle de suas emoções, como: ansiedade, medo, insegurança, e ainda estimula por si só comportamentos adequados, como paciência e perseverança.
Considera-se o ambiente onde se desenvolve a equoterapia como diferenciado e facilitador, pelo contato direto com a natureza, como plantas, frutas, água, terra e cavalo.
2-Síntese
As experiências vividas nesse contato com o meio ambiente natural e com o outro (o objeto lúdico o cavalo e/ ou o terapeuta) é que vai ajudar o paciente a reconstruir sua auto imagem.
Essa terapia é indicada para pessoas portadoras ou não de necessidades especiais.
Podemos citar como exemplo casos de melhoras em pacientes com paralisia cerebral, microcefalia, autismo, síndrome de dowm, hiperatividade, dificuldades de aprendizagem e depressão.
O cavalo nessa terapia funciona também como agente educativo e facilitador de nossa integração física, psíquica e social.
Outra vantagem da equoterapia refere-se à integração de profissionais de diversas áreas, o que faz dela um método terapêutico multidisciplinar envolvendo equitador, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, veterinário e pedagogo.
3. Cavalo: Os cavalos indicados para essa ação devem ser estáveis, maduros, de preferencia de raças cujo temperamento não seja sanguíneo, dando-se preferencia ao Quarto de Milha ou ao Mangalarga Marchador, cuja altura mediana (1,53) auxilia os terapeutas na sua interação com os pacientes. Isso mostra que para esse tipo de trabalho, pela sua capacidade de diferenciar o equitador, o cavalo MM é muito usado nas atividades terapêuticas. Eu mesmo já pude testemunhar casos em que uma criança com Down aprendeu a falar em cima do Cavalo, ou um autista que sobre o cavalo consegue conectar-se com o mundo exterior.
Treinando Mulas pelo “Mulemanship”***
Dado o interesse em nosso artigo anterior, parece que paira sobre as Mulas um misto de admiração e medo, estamos acrescentando na forma de uma conversa ao pé do fogo, uma prosa sobre mulas e sua iniciação, a partir de um troca de correspondencia com um grande muladeiro americano.
As mulas são já não são mais consideradas um animal exótico, estranho ou de segunda classe no mundo do Cavalo. Hoje ocupam lugar de honra e são valorizadas por sua lealdade, desde que bem iniciadas, força, equilíbrio, comodidade e resistência. De animal de carga no passado para montarias de respeito, essa foi a trajetória das Mulas.
Existem lendas belíssimas sobre cowboys norte-americanos que usavam mulas e uma especial, a Mary, montaria do “buckaroo” Sam Hawkins, atravessou quatro estados do velho Oeste, junto com esse lendário cowboy. Ela fez fama no fim do século XIX, pega a laço numa tropa de mustangs, provavelmente fugiu de uma fazenda quando a manada passou perto. Ao ser laçada o cowboy se encheu de cuidados para a primeira montada, mas eis que surpresa, a um leve toque na rédea ela virava à direita e à esquerda e até espinava girando o corpo sobre uma das patas. Ela rapidamente se lembrou de tudo que havia aprendido.
Suas orelhas longas e olhos grandes, macios, para não mencionar sua inteligência e grande conforto, foram a razão pela qual um grande número de cavaleiros saltaram de cima dos cavalos para as mulas. Entretanto, por causa de sua grande inteligência, as mulas devem ser treinadas humana e corretamente. “Se não sabem o que podem conseguir começando levemente e no tempo delas, não lhes ensine nada batendo,” diz o Brad Cameron, que tem instruído clínicas do “mulemanship” por 13 anos. Cameron, vive em um rancho em Corvallis, Montana, fez e treinou mulas de equitação toda sua vida. Sua família dirigiu um negócio sério, onde com Mulas e Cavalos onde ele cresceu montando e manejando cavalos e mulas. “Eu gostei sempre de mulas,” diz. “Eu fui formado em cima da sua personalidade, aprendendo a ler a maneira que reagem, a maneira que pensam, e a gosto de sua integridade total.”
Quando Cameron começou dar clínicas, mudou a cara do “mulemanship”. “Algumas mulas trazidas a mim são incomodadas realmente,” diz. “Eu fui entregue às mulas que tentariam arrancar fora minha cabeça, para me bater nos trilhos, para me derrubar de cima e para pisotearem sobre mim. Fico muito recompensado quando eu começo a ganhar sua confiança. Tornam-se bem menos defensivas e capazes de voltar a aprender. Infelizmente, antes que eu começasse a ensinar os proprietários delas a se aproximarem de outro modo fazendo conjuntos um-a-um, as mulas não permaneceram confiando muito por muito tempo. Por isto comecei a dar as clínicas onde os proprietários trabalham com suas próprias mulas, desde o início, nos conta ele.
“Para ensinar sua mula para relaxar e focar em você, ele sugere um trabalho com rédea longa no redondel, o bom e valho trabalho de base para colocar e dirigir sua cabeça. Você pode também usar isto para aquecer sua mula antes que você monte e avaliar sua atitude antes que você monte ou prossiga para outra fase do trabalho. Aqui, nós falamos das linhas de guia de Cameron, damos-lhe então seu método três degraus. Ao longo dessa fase nós vamos dar uma fixada na mente da mula, sobre o que esperamos que ela faça e daremos o tempo para responder e assim alivia-se a pressão.
Repetir isso muitas vezes em períodos curtos, de 15 a 20 minutos, todos os dias, prepara sua mula para a equitação e o mundo além do pasto. Estabelece o controle e o respeito a que é transferido mais tarde sobre a sela, no trabalho.
Mesmo se você estiver montando já sua mula, esse charreteamento com o selote de doma e as correias laterais para ela colocar a cabeça podem fazer uma boa diferença. Estão aqui algumas dicas de Cameron :
• Use uma cabeçada com a corda da ligação. Use uma cabeçada da corda e uma corda da ligação de 10 metros sem uma pressão. Sua mula empurrará facilmente de encontro ao nylon liso e ignorará sua tentativa frustrada de ir a outra direção, preferindo seguir no sentido da rédea longa. As mensagens que você emitir por esta rédea, a partir do chão serão muito claras e a naturalidade com que seguirá a direção dada pela rédea fazem com que seja uma escolha dela seguir seu comando.
• Encontre uma área de trabalho boa. Geralmente, o trabalho de base, feito do chão é feito em um redondel. Entretanto, para o charreteamento com rédeas longas você não necessita necessariamente o confinamento. Cameron comenta que “você pode trabalhar num piquete, em campo antes de sair para um passeio ou bem cedo pela manhã, no pasto.”
• Tenha uma plano de trabalho, coloque objetivos. Antes que você comece a trabalhar com sua mula, saiba o que você quer que ela faça por etapas e o que você realizará.
• Seja paciente. Faça exame de seu tempo e ajuste expectativas realistas. Uma lição pode consumir uma hora, um dia, uma semana, ou mesmo um mês, até que no timing do animal, cada degrau e cada acerto seja comemorado e consolidado.
• Seja confiável. Prossiga sempre como se sua mula tivesse realizado bem a lição, quero dizer, nunca a agrida se ela errar. Esta aproximação instila a confiança da sua mula em você e a sua auto confiança também aumenta.
• Recompensa com carinhos e afagos, num tom de voz macio e firme. Recompense o comportamento aliviando a pressão no exato instante em que ela se orientar no sentido pedido, acaricie seu pescoço, mas nunca use açucares ou snacks para eqüinos, afinal muares e cavalos não funcionam como cachorros. Os deleites podem incentivar morder.
**Baseado em uma troca de correspondências com Genie Stewart-Spears
*** horsemanship – filosofia de trabalho que significa relacionamento entre o Homem e o Muar, do ponto de vista dele. A expressão do inglês norte-americano – deriva do Horsemanship e reúne Muar, Homem e o relacionamento entre ambos, (relationship).