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Ação das Rédeas e pernas em sintonia

Antes de debater embocaduras – vamos entender melhor o trabalho montado. Há um ano publiquei o texto “Cuidados para fazer a boca do cavalo”, no qual trato da importância do charreteamento feito do chão com rédeas longas, para fortalecer a musculatura da nuca e do pescoço e fazer a boca do cavalo, desde cedo.
Além da escolha do melhor bridão, (recomendo sempre o uso de embocaduras leves e menos agressivas), desde que o cavaleiro/amazona, trabalhe melhor a qualidade da sua equitação, o seu equilíbrio e o trabalho consciente da ajuda de pernas.
É muito comum, infelizmente, o cavaleiro pedir uma coisa com as pernas e outra com as mãos, desorientando o cavalo e daí em diante passa a reclamar do cavalo, “que não atende, que é quente”, e pede: – “qual embocadura mais forte para controlar melhor o cavalo?”
Ora, evidente que se continuar a cometer o mesmo erro, o de pedir uma coisa contraditória não vai adiantar querer passar a freio-bridão, falar em 4 rédeas, depois um freio água choca, depois um ainda mais fino e portanto mais agressivo e esse circulo vicioso só terá fim, quando terminar por vender o cavalo, considerado por ele um queixo duro, sem utilidade.
O erro sempre teria sido do cavalo? Ou ele foi estragado por uma teimosia, aliada à falta de preparo e a um orgulho de considerar o cavalo sempre errado.
Aqui temos praticado com diversas pessoas que nos procuram, para obter uma integração cavalo-cavaleiro. Nesses exercicios, proponhom que montem a pelo, e sem rédeas, primeiro em um redondel, e trabalham antes de tudo uma consciência de quais grupos musculares são usados na cavalgada (panturrilha, adutor posterior e anterior das coxas, gluteos, pelvis, região lombar, trapezoidal), depois aprende-se um pouco sobre postura e papel das pernas, para depois colocar uma embocadura e só então selar e sair.
Claro que com maior consciencia, o resultado muda.
Mas, há cavalos que foram prejudicados e já não oferecem segurança em sair à rua com qualquer embocadura. Nesses casos, o cavalo precisará ser “refeito”, buscando apagar da mente as gravações erradas – daqueles que sempre aliviaram a pressão quando ele empinava ou dava manotaços, ou simplesmente se aceitava que o Cavalo, (sem trabalho regular), desse meia volta, sem sair para rua ou pista, apenas quando a montaria apenas ameaçava subir, ou recuar sem querer ir adiante.
Nestas situações, o que o cavaleiro fazia com a rédea? E com as pernas? Nada de efetivo, apenas desorientava o cavalo, para depois reclamar.
Para auxiliar no aprofundamento desse tema, busquei em duas fontes, nos trabalhos de Mário Alino Barduni Borges que é professor de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, e Juiz de Concursos de Equitação e de Marcha e o do Brigadeiro Luís Almeida Ribeiro, treinador de cavalos P.S.Lusitano.

Vamos começar por entender, o efeito das rédeas, causado por nossa ação com elas e como essas ações são classificadas;

EFEITO das RÉDEAS

Segundo o Brigadeiro Luís Almeida Ribeiro, “ As rédeas actuam por intermédio da mão do cavaleiro. Este deve ter o máximo cuidado em não surpreender o cavalo e empregar as rédeas sem prejudicar nem corrigir a ação das pernas. Insisto neste ponto e repito, porque tenho notado em mim e noutros cavaleiros que o seu emprego e combinação de ação com as pernas não se faz como seria para desejar. Se hoje consigo não estabelecer luta entre a perna e a mão no sentido lateral, no sentido longitudinal já não me acontece assim, tirando muitas vezes excesso de impulsão dado pelas pernas, o que é prejudicial no ensino e vai com certeza estabelecer confusão no espírito do cavalo.
A rédea, como a perna, tem um momento único de atuar. Por aqui se vê a dificuldade de, mesmo numa lição individual, indicar qual a rédea que o cavaleiro deve empregar. Quando chega a indicação já é tarde. O campo de ação das rédeas é vasto.
• Rédea direta é aquela que atua do lado do movimento
• Rédea contrária é aquela que atua do lado contrário ao do movimento.
• Rédea de oposição é aquela que opõe as espáduas à garupa.

Para a condução básica do cavalo, serão três os efeitos de rédeas a serem utilizados com mais frequência, a saber:
Rédea Direta de Abertura: empunhando cada rédea com uma mão, este efeito deverá ser o primeiro empregado no trabalho de adestramento, pois facilitará o entendimento por parte do cavalo com relação às nossas intenções. É chamada de direta, porque a rédea que atua (ativa), está do mesmo lado para o qual se deseja o movimento do cavalo. De abertura, porque se age, “abrindo” a rédea ativa em relação ao eixo longitudinal do animal. A outra rédea (reguladora), como o próprio nome já indica, será a responsável pelo “controle” da intensidade do movimento. Com base nestas ações, o cavaleiro terá recursos para indicar à sua montaria, a direção desejada.
Sobre a ação da rédea direta, o Brigadeiro, orienta: “Seu efeito: o cavalo curva o pescoço para esse lado, dá a ponta do focinho para o mesmo lado e sobrecarrega a espádua desse lado. As pernas actuam igualmente. O cavalo percorre com as pernas a mesma pista que percorreu com as mãos.

Rédea Contrária: Atuando sobre a tábua do pescoço, possui este nome porque impele para o lado contrário o pescoço e espádua do animal, chamada, portanto de mestra da espádua. A rédea contrária direita atuará sobre o lado direito do pescoço, volvendo o animal para a esquerda, enquanto a rédea contrária esquerda terá atuação oposta.
Para condicionarmos o cavalo a atender a este comando, devemos passar a abrir cada vez menos a rédea de abertura ativa e aproximar a rédea reguladora à tábua do pescoço do animal, substituindo gradativamente o efeito desta pelo da rédea contraria. A partir do momento em que o cavalo atender satisfatoriamente ao novo comando, passamos a empunhar as duas rédeas numa só mão, usualmente a mão esquerda.
Essa ação, do ponto de vista do Brigadeiro é a que sobrecarrega a espádua do lado contrário. As pernas atuam igualmente. O cavalo percorre com as pernas a mesma pista das mãos.

Rédea Direta de Oposição: essa expressão quer dizer que a sua ação é a de se opor ao movimento “para frente” do cavalo. Atuando paralelamente ao eixo longitudinal, o cavaleiro traciona a rédea ativa, que bloqueia a espádua do mesmo lado, bloqueando consequentemente a garupa. A mão da rédea ativa age mais alta que a reguladora. Este efeito faz com que a garupa se desvie para o lado oposto ao da ação da rédea, chamada por isto de mestra da garupa. É normalmente utilizado para encostar o animal em porteiras, corrigir um desvio no recuo e também para auxiliar nos exercícios de engajamento dos posteriores.
A Rédea direta de oposição atua paralelamente ao corpo do cavalo. Opõe as espáduas à garupa deslocando as espáduas para o mesmo lado e a garupa para o lado contrário. A perna do lado da rédea atua ativamente; vem em reforço da rédea.

Nesta ação, o cavalo roda sobre o centro de figura. Opõe as espáduas à garupa. Desloca as espáduas para o lado contrário e a garupa para o lado donde a rédea atua. A perna ativa é a do lado contrário. No emprego desta rédea está a chave do avanço do ensino do cavalo. Se esta rédea atuar na direção da anca contrária, o cavalo é deslocado todo para o lado contrário. É a rédea que atua sobre a massa do cavalo.
A rédea de abertura e a rédea contrária atuam sobre o antemão; as rédeas direta e contrária de oposição, sobre a garupa; esta mesma rédea atuando na direção da anca contrária atua sobre toda a massa do cavalo. Como a sua ação tem por limites a rédea direta de oposição e a rédea contrária de oposição atrás do garrote, alguns deram-lhe o nome de rédea intermediária. Atua simultaneamente, e para o mesmo lado, sobre as espáduas e sobre a garupa. Perna ativa a perna do mesmo lado. A outra perna tem uma função importantíssima. É ela que atira o cavalo para diante é ela que o impulsiona.
A outra rédea tem um papel regulador; a outra perna atua ora passivamente ora ativamente porque, como já disse, é essa perna que impele o cavalo para diante. Fixando: A perna do lado do movimento é sempre a perna impulsionadora.
As ações das rédeas foram explicadas supondo o cavalo em andamento. Durante o trabalho o comprimento do pescoço varia segundo a posição, assim varia também o comprimento das rédeas.
Muitos cavaleiros leram em vários livros mão fixa, a perna empurra o cavalo para cima da mão. Leram, é um facto, e ouvem dizer mas não digerem dando o seguinte resultado: Montam a cavalo, separam as rédeas, como é agora moda, tomam um comprimento de rédea e assim trabalham. Resultado: o cavalo fica metido numa forma.
Mão fixa é a mão que não executa movimentos involuntários ou inúteis; por mão fixa não se deve entender a mão imóvel, pelo contrário ela deverá deslocar-se conforme as necessidades. A mão deve estar permanentemente em contato com a boca do cavalo e, como tal, não há comprimento de rédea pré-estabelecido para este ou para aquele trabalho, visto que o comprimento variável do pescoço é que regula o comprimento da rédea.

Trabalhar com rédeas compridas equivale a dizer trabalhar o cavalo com o pescoço estendido. Deve-se trabalhar com as rédeas, o mais comprido possível. Assim o cavalo, não lutando com a mão, tem menor fadiga e não se tolhem suas escolhas e qualidades. O comprimento do pescoço varia conforme a posição. A rédea comprida dá uma liberdade ao antemão tão grande e produz benefícios, que só a prática nos mostra.
Como disse, endireito o cavalo pela frente e agora, já posso acrescentar, endireito-o com rédeas contrárias de oposição, sensivelmente na direção do ombro do lado oposto (rédea direita, por exemplo, atuando na direção do ombro esquerdo).
Os cavalos endireitam-se pela frente com as rédeas e não com as pernas. No caso indicado, o emprego da rédea direita para endireitar o cavalo diz-nos que o cavalo ia com a garupa na esquerda e eu, empregando a rédea direita contrária de oposição, vou colocar-lhe as espáduas à frente da garupa.
A perna esquerda é a perna ativa e daqui sai a confusão de muitos julgarem que estou endireitando o cavalo com a perna esquerda, empurrando a garupa para a direita. O que é necessário é não haver ações opostas de rédea e perna, contrariando os seus efeitos.
O cavalo no começo do ensino não marcha francamente para diante, sendo necessário entalá-lo entre as rédeas e entre as pernas e finalmente entre as rédeas e pernas. Impulsiono com as pernas e a mão recebe e dirige essa impulsão. É a perna que obriga o cavalo a tomar o contato com a mão e não é a mão que vem procurar o contato com a boca do cavalo.
A própria conformação do cavalo assim nos conduz a tal raciocínio. É o pós-mão, pela sua disposição e poder, que impulsiona toda a massa.
Para colocar o cavalo em contato com a mão, obrigando-o a estender o pescoço, posso agir de duas maneiras: Ou dou um comprimento de rédea fixo e obrigo o cavalo a procurar o contato com a mão, ou tomo de início um contato suave com a boca do cavalo e obrigo, com as pernas, o pescoço a estender-se.
Esta última maneira é a que tenho seguido e dela bons resultados tenho obtido.

CONTATO E APOIO

Voltando ao Professor Mário Alino Barduni Borges, “o desenvolvimento de uma correta relação entre contato e apoio exige uma ação mútua entre cavaleiro e cavalo, sendo indispensável ao conjunto para que este consiga atingir uma performance satisfatória no decorrer dos trabalhos de adestramento.
O contato pode ser definido como sendo a comunicação exercida entre as mãos do cavaleiro e a boca do cavalo, promovida pelo cavaleiro através do correto ajuste das rédeas. A importância do contato se deve a necessidade de passarmos os comandos à boca do animal através do correto ajuste das rédeas e para que, a partir deste, o mesmo possa ter “segurança” e “confiança” para apoiar-se adequadamente na embocadura.
O apoio é a pressão exercida pelo cavalo em resposta à ação das rédeas devidamente ajustadas pelo cavaleiro. A necessidade do apoio vem do fato de o cavalo ser um animal debruçado em seus membros anteriores e a presença da sela e do cavaleiro sobre o seu dorso reforçarem ainda mais esta sobrecarga natural. Apoiando-se na embocadura, o cavalo adquire um “ponto de equilíbrio” que lhe permite deslocar com maior naturalidade, confiança e desenvoltura, podendo assim atingir uma melhor qualidade no aprimoramento de seus andamentos naturais (passo, marcha e galope).
Desta forma, chegamos à conclusão de que o apoio deverá ser franco, porém suave, não trazendo desconforto ao cavalo e nem ao seu cavaleiro. Portanto, “podemos afirmar que é tarefa do cavaleiro regular a pressão do apoio a partir do contato exercido pela ação de suas mãos sobre as rédeas”.

DESCONTRAÇÃO DO MAXILAR

Prossegue o professor, “a descontração do maxilar do cavalo é essencial ao trabalho de adestramento para que ele assuma uma atitude correta sem apoiar-se pesadamente na embocadura”.
Para condicionarmos nossa montaria a tal descontração, passamos a “dedilhar” as rédeas com os dedos, promovendo uma massagem nas comissuras labiais e nas barras. Esta ação ocorre alternando-se os momentos de atuar e ceder das mãos, alternando-se também o lado da ação. É importante que as mãos do cavaleiro atuem em sincronia com o ritmo do movimento do cavalo. A resposta apresentada a esta ação será a descontração do maxilar do cavalo, manifestada através do ato de mascar a embocadura, o que ocasionará intensa salivação com consequente relaxamento da mandíbula e alívio do apoio.

ATITUDE

Já sabemos que a presença da sela e do cavaleiro sobre o dorso do animal reforça a sobrecarga natural que o mesmo apresenta em seus membros anteriores, a ponto de mudar seu centro de gravidade original. No adestramento, buscamos através da obtenção da atitude, devolver ao cavalo o seu “equilíbrio natural”, ou seja, reequilibramos o cavalo e o conjunto, permitindo a execução das figuras na pista com desenvoltura, elegância e naturalidade, sem briga, sem confrontação e dor.
A obtenção da atitude se manifesta através do posicionamento específico de algumas regiões zootécnicas do cavalo, promovendo algumas mudanças de postura em seu corpo, a saber:


Elevação da Base do Pescoço: Ocorre através do aumento da impulsão, com a projeção do cavalo para frente e a consequente resistência das mãos nas rédeas. Desta forma, obtemos uma maior sustentação do pescoço, que se eleva e se arredonda, encurvando-se para deixar o nariz perpendicular ao solo, chamamos popularmente, fazer o cavalo “colocar a cabeça”.

Flexionamento da Nuca: Também ocorre em função do aumento da impulsão e resistência das mãos. Através de uma correta descontração do maxilar, o cavaleiro tem recursos para mobilizar a cabeça do cavalo, ajustando-a para trás com consequente recuo em seu ponto de equilíbrio.

Engajamento dos Posteriores: Quando o cavalo flexiona a nuca ocorre o estiramento do “ligamento nucal”, o que promove um arqueamento dorsal da coluna, tornando-a mais flexível tanto longitudinalmente, quando lateralmente. Este arqueamento resulta no abaixamento das ancas e consequentemente no maior engajamento dos membros posteriores, trazendo para ele parte da sobrecarga do antemão. É quando ele coloca o posterior debaixo da massa e seu “motor”, empurra para a frente.
A atitude a ser assumida pelo cavalo irá variar em função do grau de reunião necessário para a realização das figuras a serem executadas. O importante é termos consciência de que a atitude, principalmente a mais reunida, requer um grande esforço muscular e, portanto, a sua permanência por períodos prolongados irá causar um grande desconforto para o animal.
Devemos procurar condicionar corretamente a nossa montaria; aquecer devidamente sua musculatura no inicio do trabalho; evitar a atitude por períodos prolongados e promover no início, no final e em intervalos ao longo das sessões de treinamento, o exercício de extensão do pescoço.

EXTENSÃO DO PESCOÇO

Utilizamos este exercício para promover um relaxamento dos músculos requisitados na obtenção da atitude, responsáveis pela elevação da base do pescoço e da postura flexionada da nuca. Sua indicação se dá em diversas fases do trabalho montado: no início da sessão, para promover o aquecimento; durante a sessão, em intervalos que iram variar em função do grau de reunião dos exercícios e do condicionamento do cavalo; ao final da sessão para promover o alongamento necessário antes de encerrarmos o treinamento e desmontarmos do animal.
Solicitamos a extensão do pescoço do cavalo, através do “dedilhar das rédeas” com consequente descontração do maxilar e busca do apoio por parte do animal.
Neste momento, o cavaleiro cede as mãos, fazendo com que o cavalo estenda continuamente o seu pescoço na busca de um apoio impossível. (vide figura e comentários do Brigadeiro, ilustrando acima).
A manutenção de um leve contato é indispensável para que o cavalo continue a buscar constantemente este apoio e não interrompa a execução do exercício.
O objetivo desta tarefa não se restringe somente à extensão do pescoço, mas a um completo alongamento da coluna vertebral do cavalo, extremamente sobrecarregado nos trabalhos montado. Este exercício, se utilizado corretamente e de forma rotineira, irá permitir uma manutenção da atitude por períodos cada vez maiores, além de preservar a integridade física do cavalo, prolongando a sua vida útil.

SENSIBILIDADE

Como último tópico a ser abordado gostaria de ressaltar a importância de o cavaleiro procurar desenvolver a sua sensibilidade, chamada no Horsemanship, da sua capacidade de “ler” o cavalo. Uma qualidade tão necessária na execução de uma correta avaliação das “reações” apresentadas pelo cavalo no decorrer dos trabalhos de adestramento.
Também é imprescindível que o mesmo utilize o bom senso na hora de programar as sessões de treinamento a serem impostas ao animal.
Não se entra em um piquete, pista ou redondel sem um plano de trabalho. Essa responsabilidade é do treinador. Onde estamos? Para onde queremos ir? Que ações nos levarão a esses objetivos? Em que tempo? Respostas que o trabalho em parceria com o Cavalo irão mostrar.

Saber identificar as “qualidades” e respeitar as “limitações” de cada Cavalo são qualidades que somente serão aprimoradas com base nos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos e na experiência acumulada através do contato diário com este nobre animal, o nosso cavalo marchador.

Por quê é terapêutico cavalgar?

O Cavalo é um forte motivador terapêutico. A prática da equitação é acima de tudo, saudável e a nossa busca é por uma integração profunda entre cavalo e cavaleiro.
Aqui, graças ao trabalho do Médico José Torquato Severo que organizou a obra Equoterapia, equitação, saúde e educação, editada pelo Editora SENAC, tudo aquilo que muitas pessoas sentem ou sabem por intuição, tem uma confirmação cientifica e clinica.
Como recentemente postei um material sobre equilíbrio à cavalo – com informações sobre o centro de gravidade do Cavalo, em repouso e em movimento, e como isso se altera com o cavaleiro, na verdade esse artigo de hoje, é um complemento revelador daquelas informações.
É sabido por todos que montam um cavalo e isso nós trabalhamos muito nos nossos cursos e com as pessoas que vem ao Rancho São Miguel e cavalgam pela primeira vez, que para manter-se sobre o cavalo em movimento, o cavaleiro necessita de equilíbrio, consciência a respeito de quais grupos musculares são mais utilizados (veja artigo sobre isso no nosso site), e também coordenação motora.
A cada deslocamento de um membro anterior ou posterior do cavalo, o centro de gravidade do cavalo se desloca e o cavaleiro tem de ajustar seu próprio centro de gravidade ao do cavalo, criando a cada passo um centro de gravidade do conjunto.
A coordenação motora é solicitada para esses ajustes de postura. O uso harmonioso dos grupos musculares com força e flexibilidade na medida certa é a resultante dos ajustes de equilíbrio e da coordenação motora.
Além do ganho físico e do trabalho de equilíbrio que sempre nos “remete ao centro”, andar a cavalo também traz ganhos psicológicos e sociais.
A equitação, principalmente aos mais jovens, também é importante na formação do caráter, para o desenvolvimento de capacidades de decisão, integradas e para o cultivo de virtudes, da humildade, da serenidade, do senso de respeito.
O cavalo em movimento gera estímulos a partir da sua coluna vertebral, nos sentidos vertical e horizontal. Todo cavalo movimenta-se de modo diagonalizado, (mão direita x posterior esquerdo e assim alternadamente). O cavalo Marchador insere um terceiro apoio no solo nas transições e isso aumenta seu equilíbrio e o conforto para o cavaleiro. O tempo em que este terceiro apoio permanece no solo define o tipo de andamento marchado, entre a marcha batida – com tempo mais curto (mais equilibrada) – e a marcha picada, quando o tempo mais longo do terceiro apoio, insere um instante de deslocamento lateralizado, quando ele apóia-se em dois membros do mesmo lado.
Onde está o ganho terapêutico da cavalgada
Como vimos acima, o ciclo de deslocamento de quatro membros que se alternam entre um “vôo” e o momento em que toca o solo de novo, temos uma sequencia bipedal diagonal, tripedal e lateral, repetindo essa sequencia o que nos dá oito bases por ciclo. A cada base, ocorre uma inflexão na coluna e um deslocamento do centro de gravidade do cavalo, nos ensina o Dr. José Torquato Severo, que prossegue: “ na passagem de uma base a outra, ocorre o pousar ou elevar do membro, a distensão dos posteriores e a passagem dos membros pela vertical e os deslocamentos dos eixos das espáduas e da garupa, gerando no cavaleiro estímulos, inclinações, rotações da pélvis e também na sua coluna vertebral, do sacro à cervical”. Enquanto os anteriores do cavalo se articulam com as espaduas e chegam até a cervical dele na altura da cernelha do cavalo, ( na altura da cernelha do cavalo, onde está normalmente a cabeça da sela e sobre o cavaleiro).
“Confira os efeitos do passo do cavalo, (desde quando um membro sai do solo até que ele pouse novamente – intervalo em que o cavalo efetua 4 batidas e oito bases).
– duas flexões laterais
– quatro inclinações antero-posteriores (distensão dos posteriores e batida dos anteriores)
– duas rotações horizontais
– quatro estímulos verticais
– um total de 12 efeitos de estimulo

Efeitos do passo do Cavalo sobre a pelve do cavaleiro

– quatro estímulos laterais
-quatro estímulos antero-posteriores
-quatro inclinações laterais
-duas rotações laterais
-quatro inclinações antero-posteriores
– um total de 22 efeitos

Cada ciclo do passo do Cavalo se realiza entre um e dois segundos, em 30 minutos de cavalgada são produzidos em média 49,5 mil efeitos sobre a pélvis e a coluna do cavaleiro.

Essa ação física, traz os estímulos físicos ao sistema nervoso e associado com a produção de serotonina traz a sensação de bem estar que uma cavalgada proporciona por si só.
Além disso, a necessidade de reequilibrar-se a cada movimento, nos remete ao centro, proporcionando um estado mental calmo e centrado, o cavaleiro deve praticar a colocação de seu foco no horizonte, olhando o mundo, por cima da cabeça do cavalo.
Somam-se a isso habilidades e desafios positivos que a cavalgada proporciona, confira comigo;
a) Exposição da pessoa a um ambiente não tradicional para a maioria- ir ao local onde o cavalo está hospedado, sentir o ar puro, visualizar paisagem verde e calma, o silencio, a mudança dos cheiros e aromas, a proximidade com um animal gentil e grande, forte e generoso como Cavalo também promovem sensações e emoções que podem ser trabalhadas por cada um; para mim, cada cavalgada é uma celebração que termina com um agradecimento ao Cavalo.
b) Novas experiências visuais
c) Novas experiências auditivas,
d) Novas experiências sensoriais – desde a brisa no rosto, o tato com o cavalo
e) Novas experiências olfativas, o cheiro da relva pisada, o cheiro do corpo do cavalo se aquecendo, das plantas, flores e espécies da mata, quanta diversidade não é mesmo?
f) Envolvimento físico e melhoria do tônus muscular além de maior consciência corporal
g) Experiência psicológica, a superação de limites, a coordenação pessoal e de um animal forte e vigoroso, habilidade para trabalhar um cavalo
h) Novas descobertas e conhecimentos sobre o comportamento do cavalo,
i) Coordenação olhos, mãos, pernas
j) Estímulos para a vida, para a tomada de decisões claras, para colocar e conhecer limites
k) Flexibilidade da mente e do corpo que ajuda a enfrentar diferentes situações

Cada um destes itens pode ser desenvolvido por você, elaborando e sentindo o que essas questões promovem em você – como apropriar isso trazendo como ganhos pessoais – da cavalgada para o seu dia-a-dia. Cavalos sempre aproximam boas pessoas e ajudam a criar grandes amizades em torno deles.

Manejo nutricional para um potro de dois anos

O nosso sitio digital recebe regularmente visitas de amigos e amigas do Cavalo de mais de 110 cidades do Brasil e entre 9 a 10 países, como EUA, Portugal, Espanha, França, Canadá, Argentina, Australia, Holanda, Alemanha, Belgica. Esta semana recebemos uma consulta de um visitante argentino sobre manejo de potros, a título de troca de experiencias.
Eu acho que sou um dos poucos visitantes argentinos, por isso espero que vocês podem me responder se estou manejando bem ou se pela experiência de voces, poderia melhorar e como. Eu sou o proprietário de um potro com 2 anos e meio de idade (ele terá 3 em março). Ele é uma cruza de ¾ árabes e ¼ x Paint. Ele é um bom menino atrevido. Ele vive fora em campo com 2 antigos companheiros (que podem ajudar a mantê-lo em seu lugar!). ele fica 19 horas solto e a noite se recolhe no paddock.
Eles têm acesso a feno em campo numa área de 100 acres. No inverno alimentamos fechados 4 vezes por dia com o que cortamos de sobras no Verão e depois acrescentamos feno de aveia na parte da manhã e feno de gramineas, com uma mistura de joio, trigo, aveia em uma mistura de grãos à noite.
Ele obtém acesso 24 horas a um bloco de sal mineral e eu adicionar enxofre, cobre e probiótico . (Estamos na região sul da Argentina em direção à terra do Fogo que é deficiente em muita coisa!) Meu problema é que as pessoas vivem me dizendo para alimentar com este ou aquele ingrediente mágico, ou uma super vitamina, ou mais de tudo, para adicionar altura, hormônios de crescimento para ele! Ele é muito bem estruturado e tem pés pequenos, mas eu tenho certeza que ele vai superar os 1,55m e deverá pesar perto de 400kg quando adulto, eu acho que ele vaiter um tamanho bom para meu uso.
Eu não quero forçá-lo, nem superalimentá-lo porque li que o excesso de proteína faz mal e como eu sou certo do ditado que as vezes menos é mais, meu objetivo é garantir ossos e musculos de qualidade para grandes cavalgadas e talvez provas de resistencia, como enduros de 80 km.
Mas percebo que ele começa a dar sinais de ir mais para gordotinho do que para magro. Vou começar a domar depois de março aos 3 anos e um ou dois meses, Poderia tranquilizar-me se o que eu estou fazendo é a coisa certa, posso ignorar todas essas pessoas dando palpites, que dizem que eu deveria encher-lhe o tanque com combustível de foguete?
Juan Menendes – Província de Neuquén – Argentina

Caro Juan, é com muita satisfação que começamos a trocar experiencias com criadores/proprietários de fora do Brasil. Sem duvida sua preocupação e ação para a alimentação correta será sempre uma grande parte da sua gestão no manejo (handler) da criação.
Discutir esta questão com seu veterinário, é bem mais eficaz do que dar ouvido, como voce mesmo disse, aos palpites de outras pessoas. Aqui temos um ditado que diz “que todo brasileiro é um técnico de futebol nato”, mas no mundo do Cavalo, todo mundo que tem um, que cria, ou que conhece quem cria, ou que monta no final de semana, também se julga uma autoridade no assunto, desconsiderando que cada Cavalo, assim como nós, é um ser único e irrepetivel e o que dá ou deu certo com um, não exatamente dará com outros, dadas inclusive diferenças de metabolismo, utilidade, esforço, trabalho, raça, região, propriedades minerais do solo, etc.
Outro ponto importante é que voce reconhece como verdade que às vezes menos é mais, e também voce tem um foco definido que é o objetivo de formar um cavalo para provas de resistencia, ou grandes cavalgadas. Então, isto aliado à uma dieta de cavalo atleta, (e voce tem que adotar um programa de condicionamento físico e trabalho crescente, desde a doma de baixo), te coloca no caminho correto para manejar seu potranco.

Voce não mencionou, por esquecimento, eu creio, mas além de tudo que está fornecendo como alimento o seu cavalo deve receber água fresca à vontade.
Nós do Rancho São Miguel, como Núcleo de Horsemanship, procuramos nos aproximar o máximo possivel da natureza do cavalo, desde sua alimentação, condições de abrigo, no manejo dos que são semi confinados, e não adotamos drogas ou hormonios para estimular o crescimento de massa muscular extra. Então não recomendamos o uso destes produtos.
Aqui temos uma farta oferta de rações com pré-mix, com probióticos, com diferentes formulações para potros, éguas gestantes, cavalos de trabalho e cavalos atletas, não sei se esta é a realidade de Neuquén, mas independente disso, o que voce relata me parece muito apropriado e com proteina bruta de boa qualidade tanto no feno de aveia como na mistura de grãos com probiótico.
Considerando que ele passa dois terços do dia, solto, e pastejando, sua necessidade de volumoso em quantidade está excelente e próximo do natural que desejamos.
Leve em conta que o cavalo come a cada trato 1,5% a 2% de seu peso vivo em volumoso e 1% a 1,5% de concentrado. Aqui ao invés de fornecer a segunda parcela de concentrado à noite, fornecemos no almoço, resguardando duas horas antes deles irem para o trabalho montado.
Mas isso não é regra e o que me parece por tudo que li em seu relato é que o tão sonhado desenvolvimento dfe músculos e a confirmação de uma boa ossatura, virá à medida em que o Cavalo comece a ter um regime de treinamento planejado.
Começa com uma boa avaliação veterinária, com exames clínicos, biométrico (peso x altura), resistencia física.
Comece na doma de baixo com um trabalho leve que aumenta 5’ a cada dia, primeiro rodando à guia ou livre no redondel, por 15 minutos, depois 20, 25, 3º e ai estabiliza por um tempo.
Alterne neste trabalho desde o chão, voltas a passo, trote, galope, alto. Depois mantenha metade do tempo no trote ou galope reunido para desenvolver capacidade respiratória, melhoria da circulação geral, ganho de condicionamento.
Quando for o momento, no seu planejamento, coloque a rédea longa e aqui seguimos a linha do compatriota argentino Oscar Scarpatti de fazer a musculatura da nuca e a boca do cavalo, antes de passar à doma de cima.
Uma vez montado, o trabalho deve ser crescente também, até que ele adquira a condição de enfrentar cavalgadas longas. Sempre que trabalhar montado, alterne uma hora de trabalho, quinze minutos em ritmo a passo, antes da parada, após aplique uma ducha nas patas, boletos, tendões, e um banho de recompensa.
Voce está manejando bem a nutrição, e depois que ele entrar num ritmo regular proceda avaliações médicas mensais ou bimensais para anotando os indicadores, voce ter um parametro tecnico de avaliação do crescimento dele, sem achismos, palpites.
A resistencia e o fortalecimento muscular são uma consequencia de um manejo equilibrado e correto e não um objetivo em si. O objetivo deve ser o construir um relacionamento baseado em confiança e cooperação, ter um cavalo sério e responsável, que saiba escolher cooperar e com espirito altivo e vivo. Boa sorte

Curso de Horsemanship e Escolarização de Potros


Depois de uma temporada de Clínicas individuais, o curso de Horsemanship acontecerá de 28 de janeiro de 2012 a 18 de fevereiro. Serão 4 sábados, com turmas das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 –

Programa do Curso

O Curso será realizado em quatro módulos
1) Palestra de abertura sobre A Natureza do Cavalo- seu padrão de respostas – sua linguagem na manada – compreensão da sua emoção dominante como animal de manada – sensibilização dos participantes em campo, para leitura dos sinais que o cavalo utiliza em sua comunicação – como o Cavalo aprende e ensina; O trabalho baseado em Confiança e Cooperação ao invés do tradicional medo e submissão;
2) As partes do cavalo- Morfologia – aplicada à funcionalidade – como ler as informações zootécnicas que ele nos dá – noções de fisiologia – sua visão –cascos- boletos-tendões-aprumos – o conhecimento destes tres aspectos essenciais relacionados à compreensão da funcionalidade da sua fisiologia, compreensão de como se formam as imagens em sua mente e seu ponto de vista – com reflexos na sua condução quando montado – a questão do aprumo e equilibrio funcional;
3) Fundamentos do Horsemanship – O que é – seus princípios – Pratica individual com Cavalos, potros, éguas em diferentes idades e fases de desenvolvimento da abordagem pelo Horsemanship (relação Homem-Cavalo do ponto de vista do cavalo – A Doma Gentil –
4) Trabalho de base (ground work) na fase de doma de baixo – desde a construção da conjunção (quando o Cavalo escolhe e reconhece sua liderança) – o trabalho à guia, o engajamento, flexão lateral e de pescoço, a pratica do charreteamento para “fazer a nuca e a boca do cavalo”,

Material Necessário

Bota
Calça jeans confortável
Chapéu ou boné
Protetor solar para rosto e braços (se você costuma usar)
Capa para chuva

O que está incluído

Apostila
Certificado
Camiseta temática com mensagem sobre o Horsemanship

Valor do Investimento no Curso
Valor promocional de férias de R$ 600,00 (seiscentos reais), o que equivale a R$ 150,00 cada módulo.
Condição solicitada: As vagas se confirmam mediante 50% do valor a ser depositado no ato da Inscrição (que estará aberta até 11/01/2012 pelo Fale conosco do site www.ranchosaomiguel.com
Vagas limitadas

Módulos Extras e Opcionais

5) Corporativo – O Horsemanship para Homens e Mulheres – o que o Cavalo ensina – abordando aspectos como
A egua alfa é a que lidera o grupo. Ela não se impõe como líder, é eleita pela manada por sua capacidade, experiencia e pela natureza compassiva de sua liderança. Neste módulo, reunimos um grupo de Homens e Mulheres para descubrir pontos fortes, conectando-as com cavalos, com outras pessoas e o mundo natural. Vamos tentar identificar e explorar barreiras, bloqueios para encontrar com o Cavalo meios para superação e confiança.
Estas atividades buscam trabalhar questões como aprender a colocar limites, Aprender a comunicar melhor e com clareza, Comunicação verbal e não verbal, Liderança pessoal, Desenvolver a coerencia entre coração e mente,
Gerar mais confiança em si mesmos e nas equipes e outras pessoas, Identificar quanta energia colocamos em cada situação. Não é necessário ter experiencias anteriores com Cavalos

6) Equilíbrio e qualidade do “assento” – a base da boa equitação
7) Trabalho montado, atitude de corpo, mãos, pernas, ajudas.
8) Preparo físico do cavaleiro- amazona – grupos musculares usados
9) Embocaduras e equipamentos – usos e cuidados

Aproveite os sábados desse período de férias e ganhe vivencias únicas em um local bonito em meio à natureza e à Mata Atlântica, com ar puro e a companhia de animais especiais, generosos, míticos e de espírito nobre.

Uma liderança eficiente nas empresas, com apoio do Cavalo

Um dos cursos de destaque no cardapio do Rancho São Miguel, como Núcleo de Conhecimento sobre o Cavalo e sua natureza é o Curso de Liderança Corporativa. Empresas e corporações podem analisar os conceitos aqui alinhados e marcar uma reunião de apresentação ou uma demonstração de um módulo para organizar a demanda especifica para questões localizadas em sua área de atuação. Profissionais que buscam maior segurança e precisam consolidar sua liderança podem organizar um grupo de interesse comum e agendar um curso conosco.
O Cavalo nos ensina:
LIDERANÇA
CLAREZA NA COMUNICAÇÃO
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO DE EQUIPES com BASE na CONFIANÇA E COOPERAÇÃO
COACHING COM CAVALOS
ESTAMOS CONTENTES EM APRESENTAR UM MODELO DE APRENDIZAGEM UNICO E PODEROSO DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL, COM APOIO DE CAVALOS, UM SER DE QUATRO PATAS, GENEROSO, COMPASSIVO E COOPERADOR, QUANDO RESPEITADO EM SUA ESSENCIA E LINGUAGEM.
O conceito de aprendizagem com apoio de Cavalos (Equine Assisted Learning) , está sendo utilizado nos Estados Unidos e Europa com muito êxito há mais de 10 anos.

POR QUE O CAVALO?
Na natureza são predados. São seres gentis, submissos sem serem subservientes, colaboradores, tem na sua essência, como emoção dominante, o medo.
Com isso nos ensinam. Grandes, são sensíveis, fortes, são delicados e requerem cuidados especiais, rápidos, exigem atitudes integradas e na base da cooperação com humanos, nos entretêm em espetáculos de rara beleza.
Quando convocados como agentes terapêuticos para pessoas portadoras de necessidades especiais, identificam quem os está montando.
Já proporcionaram momentos, como permitir a um autista montado que, pela primeira vez, conectasse com o mundo exterior. A um portador de síndrome de down, que aprendesse a falar em três meses.
Corporativamente são mestres em ensinar a natureza da Liderança. Reconhecem e pedem líderes confiáveis, assertivos, sérios, integrados, capazes de respeitar o tempo de cada um e pedem uma direção segura a seguir, pois sua sobrevivência depende disso. Como a atividade equestre é hoje, além de arte e esporte, uma Ciência, na medida em que nos aperfeiçoamos no conhecimento sobre a natureza do cavalo, seu comportamento, padrões de respostas, fisiologia, podemos trabalhar melhor em parceria com eles para tentar obter a máxima cooperação e não apenas que ele se submeta a atender os caprichos de um cavaleiro.

Eles sobreviveram por milhares de anos devido à sua natureza altamente social, sua capacidade de saber relacionar-se com outros seres, iguais ou não e a establecer Relações de cooperação com eles, pela clareza na forma de comunicar.
Eles são especialistas em responder e amplificar instantaneamente a qualquer experiência do momento, incluindo pensamentos, sentimentos e emoções daqueles que estão próximos.
Sua sobrevivencia, como já afirmamos, depende também da boa liderança e aceitação de funções dentro da manada, ou grupo de individuos com quem convive. O cavalo é gregário (vive melhor em grupos) como os Humanos e convivem bem com diversidades de intereses, ensinando muito sobre o real sentido do que é RESPEiTO.
Eles são companheiros ideais para ensinar a liderança e trabalho em equipe.
Suas respostas ao nosso comportamento ao nos dar um feedback claro e preciso do que realmente acontece, e como nos são percebidos.

Alguns dos benefícios de trabalhar com os cavalos são:
-eles não julgam,
-não se esquecem.
-Não permitirão armadilhas
-Seu feedback é instantânea e honesto.
Eles não podem ser manipulados

Não é necessária qualquer experiência anterior com cavalos.
Um Líder motivador e motivado lidera melhor
Já vai longe o tempo em que o líder (anteriormente chamado de “chefe”) tinha de ter sizudo, ter cara feia, ou seja, de poucos amigos.
Atualmente, esse tipo de líder está, cada vez mais, sendo desprezado, porque o líder moderno precisa ter uma atitude motivadora constantemente.
Vejamos a seguir algumas coisas que ele consegue fazer quando é do tipo que motiva:
• A equipe confia plenamente no que ele diz.
• A equipe sabe que pode contar com ele, o tempo todo.
• Os membros da equipe sabem que ele inspira confiança.
• Os membros da equipe sentem-se à vontade para discutir idéias.
• A equipe, como um todo, tem livre acesso quando precisa resolver assuntos mais sérios.
Esse é o tipo de líder que as empresas e pessoas precisam para alcançar êxito em todas as atividades a que se propõem.
O líder motivado não é apenas aquele que aplaude o resultado positivo da sua equipe; é aquele que sabe também “puxar a orelha” dos seus liderados, com elegância e com determinação, falando “olho no olho” para que erros primários não sejam mais cometidos.
Enfim, o líder motivado sabe conduzir com firmeza e sabedoria todos aqueles que fazem parte da sua equipe, visando atingir as metas que o grupo define como suas também.
Líderes precisam ser exemplares
É difícil pensar que alguém consiga ser líder sem dar exemplos. As pessoas normalmente observam o líder, procurando identificar quem ele é, o que faz e diz.
Uma das chaves é falar o que faz e fazer o que fala. É ter credibilidade, o primeiro passo para a construção da confiança. Com cavalos e também com pessoas, não existe uma segunda chance de causar uma primeira boa impressão. Mas só isso não basta.

Você sempre tem que fazer o que prometeu. Cada vez mais as empresas procuram profissionais éticos. Agir corretamente não é apenas uma questão de consciência, mas um dos quesitos fundamentais para quem deseja ter uma carreira respeitada.
A importância da ética nas organizações cresceu com a redução das hierarquias e a maior autonomia dos profissionais. A disputa por melhores espaços corporativos, pela carreira, aumentou e, com isso, o desejo de se destacar também. Nos últimos anos, as empresas viraram um campo fértil para a omissão, má conduta e mentira, por parte de profissionais acomodados na zona do conforto, aqueles que adotam o risco mínimo, sem qualquer comprometimento. O Cavalo nos ensina quando ele não reconhece como líder merecedor de sua confiança, quem age assim com ele, no caso, maus treinadores.
Mas afinal o que é ser ético? É que agir corretamente, sem prejudicar os outros, simples assim. É pensar no coletivo, na equipe, nos objetivos, enquanto está tranquilo com a própria consciência e também agir de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade.
Os discursos motivadores, eventos, festas, campanhas sempre são uma coisa positiva, mas as pessoas prestam mais atenção no que os seus líderes fazem do que no que dizem.
Portanto, demonstrar envolvimento com as mudanças que quiser fazer acontecer para conseguir ter sucesso é o primeiro passo. Peter Drucker tem uma frase famosa e guia: “Primeiro, você tem de perguntar o que é certo, depois o que é possível – sempre nessa ordem”.
O Difícil Gerenciamento de Pessoas
Mais de 80% dos problemas de qualquer empresa estão situados no plano emocional, na esfera de relacionamento entre as pessoas, o que piora quando uma equipe se reúne e ante qualquer problema ou dificuldade a ser analisada, seus membros fazem julgamentos e referencias pessoais “a fulano disse, beltrano concordou”, pois estas referencias pessoais armam respostas defensivas, dividem o grupo, porque um ou uma amigo (a) do que foi citado podem se solidarizar e “defende-lo do que foi percebido como ataque ou ofensa ou ameaça”.
Considerando a dificuldade do líder cobrar o time, temendo parecer chato e construir uma imagem negativa, percebe-se a presença psicológica de uma auto-ilusão. Ela leva incontáveis chefes a reduzir seu grau de cobrança sobre a qualidade das tarefas e principalmente sobre o grau de comprometimento e entrega de energia de cada membro da equipe no trabalho.
A liderança com CAVALOS, como não tem e não permite manipulação, mas parte do respeito, da motivação, da escolha do objetivo como sendo dele também, nos revela com o um grande espelho da liderança, quanta energia e disposição ele está disposto a colocar no trabalho proposto, seja em um trabalho de base ou numa prova hípica olímpica.

Na base de tal comportamento está o desejo de se criar uma atmosfera amistosa, mesmo que falsa. Mas o fato, contudo, revela a deficiência a serviço do bem-estar, da zona do conforto em prejuízo da empresa e da equipe. No entanto, além da política da boa vizinhança, o que leva o líder a agir de modo tão pessoal?
É prudente refletir, por meio da observação tanto das atitudes dos trabalhadores quanto dos resultados que se evidenciam diariamente. Da análise, pode emergir a razão que cria e sustenta o jogo de interesses particulares: a falta de preparo para a adequada gestão da liderança.
O despreparo em atuar como líder em situações acima das suas condições leva-o a minimizar convenientemente o parâmetro da qualidade dos resultados, implicando na redução automática da cobrança sobre a equipe. Todos ficam bem, a exceção daqueles que buscam desafio e crescimento. O conforto, portanto, é agradável e bastante tentador. É fácil se submeter a tal condição. Difícil é sair dela.

Exercícios para a preparação física do Cavaleiro*

*Baseado no trabalho do, hoje Tenente Coronel, Jorge Augusto Rêgo da Policia Militar de SP
A equitação, que além de arte é esporte, requer uma preparação física adequada se quisermos que a relação entre o cavalo e o cavaleiro atinja bons resultados.
Esse é um tema muito descuidado no Brasil e talvez apenas alguns cavaleiros de alta “performance” prestem atenção e pratiquem organizadamente essa preparação física, que também é mental, já que “mente flexível, corpo flexível” e para ter a flexibilidade adequada para poder interagir com o cavalo, pedindo corretamente com o corpo, ele deve estar condicionado, flexível, com o tônus muscular adequado.
Quando isso não é objeto de cuidado e atenção, pelo cavaleiro, vemos muitos casos, até em provas internacionais, em que o cavaleiro pesa no cavalo, mão pesada, corpo pesado, respostas fora do tempo e o resultado, via de regra, por exemplo, no hipismo clássico são faltas, refugos, aproximação errada, estouro de tempo.
Na minha visão, o ponto de partida é uma maior consciência corporal do cavaleiro, o conhecimento dos grupos musculares mais usados, mais solicitados e a percepção do conjunto, o conhecimento do centro de gravidade do cavalo e do centro de massa do conjunto que se desloca de acordo com os movimentos.
Por isto esse material do Ten.Cel. Jorge Augusto Rêgo serve como fonte indispensável e complementa o artigo anterior que postei aqui, sobre “Equilíbrio e posição à Cavalo”.
Vamos ao que nos ensina o Ten. Coronel em seu livro Equitação – a preparação física do Cavaleiro – (quando lançado na sua primeira edição por “Affonso & Reichmann” ele era major PM).
“Segundo pesquisas realizadas nos EUA, durante um percurso de salto de obstáculos, o cavaleiro tem seus batimentos elevados a 190 batimentos cardíacos por minuto, um intenso esforço se considerarmos que em repouso o batimento normal é de 60 bcpm.
Mas, esse esforço guarda relação direta com a idade do atleta, assim, para um jovem de 20 anos, a Frequência Cardíaca Máxima pode ser de até 220 batimentos, subtraindo-se a idade, ficamos com 80% disso, ou seja 200 batimentos. Se é um atleta sênior, isso deve ficar na casa de 150 a 170.
Há é claro um intenso esforço fisiológico durante a prática da equitação. Do mesmo modo os níveis de consumo de oxigênio e consumo calórico são elevados para atender essa demanda.
Além das exigências motoras como coordenação, flexibilidade, resistência muscular geral e equilíbrio dinâmico, o que requer do cavaleiro grande atenção à sua preparação física e técnica.
Como toda modalidade esportiva, a equitação deve ser precedida de exercícios preparatórios, conhecidos como aquecimento (isso vale também para o cavalo). O aquecimento também é importante para o foco na atividade, predispondo física e mentalmente o cavaleiro para a atividade principal.
Com base nas pesquisas e também na prática, é consenso reconhecer a importância do alongamento, antes como aquecimento e após, como relaxamento.
Adotados estes procedimentos, obtêm-se basicamente:
– melhor elasticidade muscular
– relaxamento muscular
– maior mobilidade das articulações
-prevenção contra lesões de várias naturezas (distensões, contraturas, etc)
– aumento da capacidade mecânica do sistema osteo-muscular
-adequação do esforço ao gesto esportivo necessário
-desenvolvimento da agilidade
Mais adiante, Jorge Augusto Rêgo salienta que além do alongamento, a prática da musculação é importante para fortalecer os grupos musculares exigidos na Equitação e para o desenvolvimento da resistência muscular geral.
Alongamento
Como toda atividade física, o alongamento exige procedimentos criteriosos na sua execução. Comece por ignorar o conceito errôneo de que a dor demonstra a eficácia do exercício. A dor mostra na verdade que o exercício está sendo mal executado.
Segundo, você deve se conscientizar que o corpo ao se alongar, está soltando-se e relaxando; consequentemente a musculatura e a frequência da respiração deverão estar descontraídas, bastando que se inspire e expire lenta e regularmente.
Aqui um parênteses nosso. Outra importância da respiração profunda no nível do diafragma dispersa qualquer concentração de ácido lático nos músculos o que elimina dores, além de dissipar qualquer adrenalina que sem dúvida provoca reações de fuga no cavalo, ante um perigo que ele sente, sem saber exatamente a origem. O cheiro químico da adrenalina (hormônio) é captado pelo cavalo que tem registros genéticos de que é um sinal de perigo por se tratar do mesmo cheiro exalado pelo predador na hora do ataque.
Voltando ao texto de Jorge Augusto Rêgo; é preciso respeitar a individualidade biológica de cada praticante, pois cada um alcança o limite biológico que lhe é possível em determinado momento.
Assim durante o alongamento pode-se atingir o “ponto ideal”, que é o limite adequado entre tensão muscular e mobilidade articular….
…Outro aspecto é que o alongamento (aquecimento) pode ser feito com o traje adequado à modalidade esportiva que se pretende praticar, culote, calça jeans, bota hípica, botina, etc.
Aqui o TC Jorge Augusto Rêgo sugere uma rotina de exercícios de alongamento
1. Flexão e extensão do pescoço
à direita e à esquerda
-para frente e para trás (para cima e para baixo)

Postura básica
– em pé
– cabeça na posição natural
– tronco ereto
– braços soltos ao longo do corpo ou mãos na cintura
– pernas afastadas na largura dos ombros
– pontas dos pés para frente
Vide figura 1

2. Rotação do pescoço– à direita e à esquerda
Mesma postura básica anterior

Vide figura 2

3. Circundação do pescoço– Mesma postura básica
– rotação do pescoço rodar a cabeça fazendo círculos completos à direita e à esquerda, fazer de 8 a 12 voltas em cada sentido
Vide figura 3

4. Circundação dos membros superiores
– Para frente e para trás
-mesma postura básica anterior
– fazer círculos paralelos ao corpo com braços estendidos e mãos relaxadas
– alternar o sentido e executar 8 a 12 vezes cada sentido
Vide figura 4

5. Braços Ombros e região Dorsal
– mesma postura básica dos anteriores
– estender os braços para cima
-entrelaçar os dedos acima da cabeça
-palmas das mãos voltadas para cima
-empurrar os braços para o alto e para cim – para alongar toda a região descrita
-permanecer 15s na posição
Vide figura 5
*

6. Região Lateral do tronco
– mesma postura básica inicial dos anteriores
-braços estendidos acima da cabeça
-agarrar com a mão o pulso contrário
-flectir lateralmente o tronco, de maneira suave, puxando o braço por cima da cabeça, formando um arco;
-sentir a região lateral do tronco se alongar
-permanecer 10 a 15s na posição flectida, em cada lado
Vide figura 6

7. Rotação do tronco
-mesma postura básica inicial
-braços flexionados
-Mãos na altura do peito ou da cintura
-girar para direita e esquerda alternadamente
-manter o quadril encaixado
-executar de 8 a 12 movimentos para cada lado
Vide figura 7

8. Espáduas-mesma postura básica inicial
-flexionar o tronco para frente
-braços estendidos a frente apoiando as mãos em uma parede ou cavalete
-mãos afastadas na largura dos ombros
-com os joelhos levemente dobrados abaixe o tronco
-sentir a região trabalhada
-alternar as distancias entre as mãos e a altura do apoio variando a região trabalhada
-permanecer de 10 a 15s em cada posição
Vide figura 8

9. Regiões lombar e posterior das coxas
– mesma postura básica inicial
-flexionar levemente os joelhos e colocar o tronco a frente até segurar os tornozelos
-se possível encostar o peito nas coxas
-estender a perna progressivamente a cada movimento
-permanecer de 10 a 15s em cada posição
-repetir aumentando o afastamento lateral das pernas sentido suave alongamento nas virilhas
Vide figura 9

10. Músculos adutores das coxas
– mesma postura básica inicial
-grande afastamento lateral das pernas com os pés para frente
-flexionar lateralmente uma perna e ao mesmo tempo estender a outra
-executar de 8 a 12 movimentos para cada lado
Vide Figura 10

11. Região anterior de coxas e pernas-mesma postura básica inicial
-com apenas uma das mãos apoie-se em uma parede ou muro
-dobre uma das pernas para trás e com a mão oposta, segure o dorso do pé
-puxar o calcanhar de encontro às nádegas, suavemente
-inverta a posição
-permaneça de 10 a 15s em cada posição
Vide figura 11

12. Região posterior das pernas (panturrilhas) e tornozelos– mesma postura básica inicial
-apoiar-se com ambas as mãos em uma parede
-afastar os pés da área de apoio cerca de um metro, com as pernas estendidas e o corpo inclinado para a frente
-avançar uma das pernas dobrada em direção à parede com a ponta dos pés para frente
-manter o pé oposto apoiado em contato com o solo, sem erguer o calcanhar
-elevar o quadril a frente ao mesmo tempo
-alternar a perna
-permanecer de 10 a 15s em cada posição.
Vide figura 12

Visto isso, podemos sintetizar que são 12 os grupos musculares envolvidos na prática da equitação.
Uma vez alongados e aquecidos, a sua flexibilidade e eficiência no trabalho montado são maiores e esse aquecimento contribui para uma auto-percepção do que está sendo trabalhado enquanto você cavalga.
Recomendo agora uma re-leitura do artigo anterior sobre equilíbrio e posição à cavalo.
Boas cavalgadas e de novo a recomendação da leitura do livro do Ten. Cel Jorge Augusto Rêgo, Equitação – a Preparação Física do Cavaleiro da Editora “Affonso & Reichmann”.