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O cavalo, desde o início da humanidade, serve ao homem, primeiramente era uma reserva de carne, por sua docilidade, ficava perto da casa e não precisava ser caçado, depois como meio de transporte de cargas, posteriormente como animal propício para o trabalho, tração e lazer. Quando os povos da Mongólia, provavelmente os primeiros a domesticá-los, a descobriram que eles poderiam ser montados – as caçadas antes limitadas a capacidade de caminhar do homem, passaram a ser muito mais produtivas, porque o que antes consumia 4 a 5 longos dias perigosos, passaram a ser realizadas em uma jornada, e o uso dele como montaria para vencer juntos grandes distancias, foi um fator de desenvolvimento que equivaleu ao contemporâneo uso do fax e depois do e-mail.
Posteriormente, estudiosos como o general Xenofontes (Grécia 500 A.C.) Mercuriális(1569), Joseph Tissot(1782), Gustavo Zander(1890), Collete Picart Trentelin(1972), dentre outros, notificaram que a integração entre o ser humano e o cavalo promovia um bem estar físico e mental.
A partir de então, houve interesses, questionamentos e mais pesquisas nesse campo para que se pudesse entender o mecanismo terapêutico desse animal e utilizá-lo como facilitador do desenvolvimento humano, chegando ao método terapêutico que hoje denominamos Equoterapia.
Esse termo originou-se de uma junção dos vocábulos equos+ therapeia. Therapeia que significa aplicação de conhecimento técnico cientifico no campo da terapia, e equos que diz respeito à utilização do cavalo em atividades eqüestres e técnicas de equitação. Portanto, equoterapia é a utilização do cavalo como instrumento terapêutico no tratamento do ser humano, visando sua reabilitação global e sua melhor integração social. Desta maneira, o cavalo atua como instrumento cinésioterapêutico e ludoterapêutico.
A atividade hípica (equitação) adaptada para portadores de necessidades especiais é uma modalidade que vem sendo amplamente utilizada e divulgada, não somente como recurso terapêutico, mas em larga escala como recurso esportivo, em toda a Europa e Estados Unidos. No Brasil, a Equoterapia vem se tornando alvo de grande interesse no campo da educação especial, reabilitação e pesquisas.

O padrão de movimento do cavalo tem um efeito terapêutico por transmitir três ondas vibratórias simultaneamente – para cima e para baixo, para frente e para trás, para um lado e para o outro – numa dinâmica que nenhum outro aparelho mecânico ou método consegue imitar.

• Movimento Tridimensional -> Reações posturais normais
• Deslocamento -> Sistema vestibular -> Equilíbrio
• Ritmo e cadência -> Regulação tônica -> Controle da contração muscular.

Este movimento tridimensional, transferido ao tronco do paciente durante o andar do animal estimula os sistemas próprio-ceptivo, vestibular, visual, solicitando ajustes tônicos (reações posturais, equilíbrio, coordenação etc.), provocando estabilidade e controle postural.

O tratamento visa integrar ao ganho motor o lado cognitivo, psicológico afetivo, social e familiar, além de motivar e capacitar o portador de necessidades especiais à pratica esportiva.

1-Conceito
1a- O cavalo atuando como instrumento Cinésioterapêutico (cinesia= movimento):
Os movimentos que o cavalo produz ao passo assemelham-se à marcha do ser humano. Quando o cavalo começa a andar (faz movimento de propulsão), o posterior do mesmo empurra (lança) a massa à frente (perda do equilíbrio), o anterior escora (retoma o equilíbrio) e com isso o cavaleiro acaba por fazer os movimentos sem se dar conta.
Tecnicamente o cavalo produz 56 passos por minuto, fazendo movimentos de torções de seis graus na coluna do cavaleiro. Uma sessão de 30 minutos proporcionará 1680 movimentos ao cavaleiro. Cada movimento do cavalo gera um ajuste tônico no cavaleiro. Em cada segundo faz-se de 1 a 1,25 ajustes tônicos no cavaleiro. Logo, em uma sessão de 30 minutos ocorrerão de 1800 a 2250 ajustes tônicos.
Quando o cavalo se desloca ocorrem vibrações osteoarticulares que mandam mensagens para a medula e esta manda para o cérebro, proporcionando 180 oscilações por minuto o que equivale a 5400 oscilações em uma sessão de 30 minutos. Desta forma obteremos benefícios neuropsícomotores para o nosso paciente como a melhora do seu equilíbrio, postura, controle motor, mobilidade, atividades funcionais, concentração no processamento do pensamento e no raciocínio.
1 b- O cavalo atuando como instrumento Ludoterapêutico: O cavalo é o nosso objeto lúdico, através dele e com ele o paciente busca novas experiências de sentimentos como independência, liberdade e prazer. Ele aceita a criança como ela é, com seus limites e suas dificuldades A criança, por sua vez, se bem aceita, já tem o primeiro passo para qualquer melhora.
O cavalo oferece ao ser humano um campo aberto para projeções e introjeções, entre o nosso mundo interno e o nosso mundo externo, dando-nos novas oportunidades para o nosso crescimento individual. Para que ocorra a formação da personalidade há de se ter a interação entre as influências maturacionais e ambientais, assim como experiências pessoais.
É através de projeções e introjeções que uma criança desde seu nascimento constrói sua identidade.
O animal estimula a trabalhar a auto-estima da criança, através do sentimento de conseguir fazer algo, manejar um grande animal e comandá-lo (parar, virar para os lados, etc…), desenvolvendo também uma melhor orientação espaço temporal e lateralidade; sua auto-confiança se fortalece acreditando em si mesma; há o auto-controle de suas emoções, como: ansiedade, medo, insegurança, e ainda estimula por si só comportamentos adequados, como paciência e perseverança.
Considera-se o ambiente onde se desenvolve a equoterapia como diferenciado e facilitador, pelo contato direto com a natureza, como plantas, frutas, água, terra e cavalo.
2-Síntese
As experiências vividas nesse contato com o meio ambiente natural e com o outro (o objeto lúdico o cavalo e/ ou o terapeuta) é que vai ajudar o paciente a reconstruir sua auto imagem.
Essa terapia é indicada para pessoas portadoras ou não de necessidades especiais.
Podemos citar como exemplo casos de melhoras em pacientes com paralisia cerebral, microcefalia, autismo, síndrome de dowm, hiperatividade, dificuldades de aprendizagem e depressão.
O cavalo nessa terapia funciona também como agente educativo e facilitador de nossa integração física, psíquica e social.
Outra vantagem da equoterapia refere-se à integração de profissionais de diversas áreas, o que faz dela um método terapêutico multidisciplinar envolvendo equitador, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, veterinário e pedagogo.
3. Cavalo: Os cavalos indicados para essa ação devem ser estáveis, maduros, de preferencia de raças cujo temperamento não seja sanguíneo, dando-se preferencia ao Quarto de Milha ou ao Mangalarga Marchador, cuja altura mediana (1,53) auxilia os terapeutas na sua interação com os pacientes. Isso mostra que para esse tipo de trabalho, pela sua capacidade de diferenciar o equitador, o cavalo MM é muito usado nas atividades terapêuticas. Eu mesmo já pude testemunhar casos em que uma criança com Down aprendeu a falar em cima do Cavalo, ou um autista que sobre o cavalo consegue conectar-se com o mundo exterior.

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