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Muitas vezes, aos olhos do criador iniciante ou do proprietário de um cavalo, as chamadas provas de Morfologia, (quando o cavalo é puxado a passo, parado e na marcha, para análise dos Juízes de Pista), tratam apenas de qualificar o cavalo do ponto de vista da sua beleza aparente.

Os que já tem um pouco mais de tempo na atividade já conseguem entender que os Juízes de morfologia, qualificadores do exemplar no “Stud Book” da raça, quando observam e julgam um animal, falam de um outro tipo de beleza,  a chamada conformação zootécnica. Essa é focada essencialmente na funcionalidade decorrente de aprumos, linhas, ângulos, estrutura óssea, muscular – sempre analisadas do ponto de vista do padrão racial.

Entender para que servem esses julgamentos pode ser útil para o criador iniciante não perder tempo e recursos em investimentos equivocados,  e para o proprietário de um animal de lazer, de sela, para si ou para a família, é fundamental na avaliação do animal a ser adquirido, por sua relação com o conforto para o cavaleiro e regularidade do andamento.

Ao analisar um eqüino seria bom se pudéssemos imaginar que os vemos com uma visão de raio X, capaz de observar por baixo da pele dele, seus músculos e ossos, suas articulações e alavancas, nos ensina o  árbitro nacional da ABCCMM, José Ferraz. Aliás este artigo é baseado no conteúdo do Curso de Marcha ministrado por ele, que ajudou a produzir do DVD sobre padrão racial do cavalo Mangalarga Marchador. As imagens tiveram sua divulgação autorizada pela Associação em 2010.

Ao observarmos as  linhas de aprumos, traçamos imaginariamente uma primeira linha que nasce da articulação da ponta da espádua e morre 10 cm a frente da pinça do casco.

Uma segunda linha nasce no centro da estrutura da espádua e morre “cortando o caso” no centro. A terceira linha parte do centro da articulação úmero –radial (ponta do codilho) e desce morrendo atrás do talão do casco.

Quando olhamos o cavalo de lado e estas linhas não estão nos locais definidos, e temos a visão da mão “atrasada” para dentro da massa corporal, o cavalo é chamado de “sobre-si”. Quando as mãos estão adiantadas quando em repouso, o cavalo está acampado. Os dois defeitos tem relação direta com o resultado da marcha do animal. Essas características são genéticas e é grande a probabilidade delas serem transmitidas para a cria.

Um animal com estas características pode inclusive marchar bem, por compensações que ele desenvolve, mas não é recomendável sua utilização para fins de reprodução.

Diferentes fatores concorrem para o resultado da qualidade da marcha apresentada pelo animal. A morfologia em primeiro lugar, os tipos de embocaduras utilizadas porque elas alteram a colocação da cabeça e a flexão da musculatura da nuca e pescoço, o nível de equitação do cavaleiro, a alimentação desde os primeiros anos e o comportamento do animal.

Os aspectos decorrentes da morfologia são fundamentais porque eles têm relação direta com o apoio e equilíbrio do animal em movimento. Falamos do contato casco-solo e da sua manutenção total ou parcial.

Ao tratar de apoio podemos resumir, a grosso modo, que existem dois tipos com as suas gradações. O apoio pode ser diagonal, quando bípedes diagonais tocam o solo ao mesmo tempo. É uma posição natural no andamento dos eqüinos e dá a eles equilíbrio no movimento.

O outro tipo é o apoio lateral (posição de desequilíbrio) quando bípedes laterais tocam o solo do mesmo lado ao mesmo tempo. Do ponto de vista de desempenho deve-se evitar animais com apoio lateral pronunciado.

O chamado tríplice apoio  ocorre no andamento marchado quando um casco está suspenso e três tocam o solo.

Os andamentos a passo e marcha são os únicos em que ocorrem oito possibilidades de apoio alternadamente.

Justamente a distribuição do tempo de apoio  e a quantidade de tempo em cada apoio determina a diferença de um tipo de andamento para outro. O tempo em que o cavalo em movimento permanece em cada uma das possibilidades de apoio  dá o chamado diagrama do andamento.

Voltando à importância da morfologia para avaliar a funcionalidade do animal, a posição do conjunto de frente define o tipo de andamento e tempo de apoio.

A qualidade da movimentação dos membros depende das alavancas e articulações

O movimento marchado, pode ser “fotografado”  em 3 fases:

Elevação (flexão) – extensão (apoio) e avanço (projeção ou vôo).

É importante observar na extensão se o cavalo bate primeiro a pinça – amortecendo o impacto sobre a quartela e na seqüência ele parte para nova alavanca. Isso define a qualidade do gesto de marcha, seu rendimento e está subordinado a conformação, angulações, apoios, compensações). A boa angulação de espádua e sua articulação com o braço amortecem o impacto sobre as quartelas.

E são objeto da análise para classificar os diferentes tipos de andamento.

Quando a distribuição do tempo na passada completa é harmonizado entre os 4 membros, identificamos o avanço diagonalizado (marcha batida) ou lateralizado (marcha picada) Os avanços da marcha e a passo são sempre diagonalizados.

No avanço diagonal característico pode acontecer o apoio simultâneo, isto é, quando o cavalo tira ao mesmo tempo dois membros (anterior direito X posterior esquerdo). Isso gera um único som. O cavalo marchador se diferencia neste ponto. Não ocorre o sincronismo exato e ele tira uma das mãos antes do pé. Ocorre a dissociação que é o oposto do simultâneo mencionado anteriormente.Os dois membros tocam o solo em momentos distintos, gerando dois sons. É no andamento marchado que atua a dissociação, quase imperceptível ao olho nu menos treinado, mas claramente identifico por um ouvido atento que capta os sons dos cascos em contato mais constante com o solo.

Por causa da dissociação o tríplice apoio ocorre proporcionando maior conforto ao cavaleiro. Nos cavalos mangalarga marchador, os andamentos tendem da andadura (totalmente lateralizado) que é um adamento balançante e desclassificatório em provas de marcha seguindo em direção aos lateralizados para tríplice apoio (marcha picada- em provas específicas) passando por uma marcha de centro ( cavalo tem um tempo maior no apoio lateral do que no diagonal) evoluindo para o tríplice apoio mais tempo diagonalizado que é a marcha batida

O diagonal simultâneo caracteriza o que se chama de andamento saltado ou  trote que levam o nome de andamento saltado porque ocorrem momentos de suspensão total do eixo corpóreo do cavalo.

Assim resumindo, e até porque o cavalo marchador é antes de tudo um cavalo, são naturais o passo, a marcha (batida ou picada), a andadura tidos como andamentos marchados e os andamentos saltados, o trote e o galope.

O passo é o andamento simétrico a baixa velocidade com apoio alternado dípedes laterais e diagonais intercalado pelo tríplice apoio. Pela baixa velocidade identificamos esses intervalos a olho nu, dos 4 tempos = 4 sons dissociados. Reforço que é a dissociação  que permite  a ocorrência do tríplice apoio e do lateral.  Por isso nas provas de morfologia os árbitros solicitam que os cavalos sejam puxados a passo, momento em que se avalia a simetria do andamento marchado, equilíbrio, qualidade dos aprumos.

Quais são então as características ideais avaliadas?

-A regularidade,

-A elasticidade do movimento,

-A ocorrência da sobre pegada (quando o posterior cobre a pegada do anterior)

-O equilíbrio,

– O avanço diagonal com maior tempo,

-A suave báscula  do pescoço

-A flexibilidade das articulações ( anterior fazendo semi-círculo)

Esses indicadores quando bem definidos a passo e puxado se manifestam com toda sua funcionalidade quando o cavalo montado é colocado na velocidade de marcha, quando em maior velocidade diminui a dissociação.

A marcha então é simétrica, (pode-se fazer um perfeito diagrama do avanço completo dos 4 membros), com a alternância de bípedes diagonais e laterais, intercalado com tríplice apoio.Quando montados, na prova de marcha são avaliados também o gesto de marcha, a comodidade e o comportamento, estilo, rendimento, a regularidade, passadas amplas e elásticas, ação firme do posterior engajado empurrando a massa, a cabeça bem colocada.

A seguir, a título de ilustração, algumas das principais características morfológicas do Mangalarga Marchador:

Cabeça Triangular
Cabeça Triangular
Perfil retilíneo
Perfil retilíneo

Olhos projetados e lateralizados

Pescoço Piramidal
Pescoço Piramidal

Cernelha pronunciada

Espádua com boa amplitude e angulação
Espádua com boa amplitude e angulação

Braço bem definido e angulado

Linha de Dorso reta

Garupa plana
Garupa plana

Jarretes descarnados

Ossos fortes e bem articulados

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