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Existe uma tendência entre nós de julgarmos as atitudes e as demais pessoas do nosso ponto de vista.
Assim, de modo maniqueísta e até certo ponto autoritário, separamos o que consideramos certo e errado, verdadeiro ou falso, a partir de nossos referenciais subjetivos, de acordo com os valores pessoais, enfim da nossa visão de mundo.

Isso, levado às últimas conseqüências, acaba gerando na sociedade uma certa intransigência, unilateralidadade e atitudes autoritárias. Quantas pessoas nós conhecemos que mesmo tendo muitas qualidades aparecem como “donas da verdade” pela intensidade com que afirmam seu julgamento a partir do seu próprio referencial, ou mais popularmente, do seu ponto de vista?
Penso mesmo que ninguém está livre de ter sido pego adotando essa atitude em conversas profissionais, pessoais e na vida em geral, uns com mais força outros com menos, mas principalmente os líderes, os mais protagonistas, os empreendedores, incorrem nessas atitudes quase que “naturalmente”.
Quando falamos que cavalos são verdadeiros “terapeutas” é porque a convivência com esses maravilhosos seres acaba por nos obrigar a rever pontos de vista, os chamados paradigmas pessoais.
Não se consegue nada duradouro com os cavalos apenas na base da imposição e da submissão deles ao nosso ponto de vista. Muitas vezes eles demoram a responder a uma solicitação e o “cavaleiro” sentindo-se desafiado em sua exigência de pronta resposta, desce o relho ou finca a espora, “ afinal ele precisa saber quem manda”, não é mesmo?
Nada pior para a quebra de confiança, ser agredido sem saber o motivo, e para as pessoas que agem assim com seu cavalo, (que por excelência deve ser tratado como parceiro e ser trabalhado para estar sempre pronto a colaborar com o cavaleiro), apresentamos abaixo algumas características do sistema ocular do cavalo, essencialmente diferente do nosso.
A começar pela posição lateral dos olhos na cabeça. O cavalo é presa e portanto seu àngulo de visão é mais abrangente para detectar a aproximação de predadores pelas costas. Ele tem uma visão binocular, (o filme que passa no olho direito é diferente do passa no esquerdo), olhando para frente ele vê 70 graus como os humanos e mais 215 graus para cada lado. Ele vê a aproximação às suas costas sem ter que virar a cabeça.
Quando o cavalo é mau tratado ou agredido pelo cavaleiro(predador), ele fica mais ligado no que ocorre atrás dele ou dos lados e fica sem enxergar o que ocorre pela frente. Para quem faz pista isso é o fim.
Os principais pontos cegos estão entre os dois olhos e exatamente atrás de sua garupa.
Outra diferença fundamental em relação ao nosso olhar, é que os humanos têm atrás do cristalino um feixe de músculos que permitem contrair ou relaxar para ajustar instantaneamente o foco de objetos próximos ou distantes. O cavalo não tem esse feixe de músculos.
O cavalo não tem o olho esférico e sim oblíquo então quando o cavalo abaixa a cabeça ele vê objetos próximos, como a comida no cocho e os mais distantes levantando a cabeça. Posicionar corretamente a cabeça em uma trilha, pista com obstáculos, ajuda o cavalo a dimensinar o objeto e sua distância em relação a ele.
A responsabilidade do cavaleiro aumenta quando ele usa rédeas curtas e encapota a cabeça do cavalo, restringindo sua visão apenas ao que está imediatamente abaixo dele.
Por fim, a questão da visão a cores ou noturna. O que permite enxergarmos todo o espectro de cores são estruturas sensoriais chamadas cones, os quais temos em maior quantidade que os cavalos. Já a percepção de claro e escuro é definida por estruturas chamadas bastonetes e pesquisas recentes comprovam que os cavalos os têm em maior quantidade que nós.
Assim, cavalos enxergam os espectros de duas cores, provavelmente azul e vermelho, ainda que não as definam exatamente como nós e nos superem em muito na visão noturna.

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