Sincronizar sua respiração com a do Cavalo ajuda você a perceber outros detalhes

As pessoas que praticam equitação aqui no Rancho, e os que se inscrevem em nossos cursos ouvem com frequência eu falar: – aprenda a sentir o seu cavalo, ele fala com você todo o tempo.
Para muitas dessas pessoas preciso explicar mais e mais vezes. Seu cavalo não é uma moto, uma máquina, um robô. Ele sente, ele faz escolhas e ele diz se o que você está fazendo está certo ou não.
Mas, às vezes, sinto como se houvesse uma dificuldade em traduzir isso, ou talvez uma teimosia quase do tipo… “deixa eu fazer como quiser”. Afinal nesse último caso, que felizmente ocorre poucas vezes aqui, quem paga é o cavalo fisicamente e o dono com gastos extras para tratamentos de contraturas musculares, para retreinamento do cavalo, ou das contusões, batidas, torções, distensões que acabam acontecendo.
São muitos os exemplos do cavaleiro/amazona que monta sem perceber seu cavalo e sem se perceber em cima dele.
Do chão, por exemplo, no redondel que é uma sala de aula, a pessoa entra com o cavalo e alguns acham que se trata apenas de “rodar o cavalo”… para direita e para esquerda. Perdem a oportunidade de refinar o olhar, observar os sinais, então vamos lá: redondel é sala de aula e é uma oportunidade de chegar no cavalo de igual para igual.
Se colocar pressão demais ele dispara, se bate na parede e a pessoa, em automático, continua vibrando uma vara ou pingalim e não se comunica e nem dá qualquer feedback ao cavalo… que acaba não levando a sério e faz o que quer: puro tempo perdido que atrapalha e confunde o cavalo.
Eu alerto! Olhe o cavalo se movimentando, olhe as expressões dele, sinta o tempo dele, ele te pergunta :- ei o que vc quer eu faça? O cavalo pode estar tentando contato visual, pode mastigar com a boca vazia, pode bascular o pescoço e é como se falasse sozinho. A pessoa continua em si mesma… apertando, pondo mais pressão e perde a oportunidade de relacionar-se com o cavalo, de sentir o que ele sente, de criar elos de confiança.
Montada, a pessoa não se percebe em cima, se está na posição correta, se o centro de gravidade está alinhado, se está torta e o cavalo se entortando para compensar, não tem consciência da sua respiração, que dirá a do cavalo.
O cavalo tem de atuar equilibrado, seus movimentos são harmônicos, sua frente fica leve. “Pequenos” detalhes como perder uma ferradura , um escorregão com os posteriores, podem ter consequências físicas mais sérias. Está andando em um local cheio de pedregulhos ou pedregoso, acho que não custa dirigir o cavalo para um trilho mais limpo para que as pontas das pedras não causem concussão na sola, se uma destas pedras entra na ranilha ou fica presa no ferro, a dor é grande , ele vai mancar e isso pode fazer ele ficar em repouso semanas.
Claro que um pé com sapato e outro sem, o cavalo vai mancar. A cada pisada (a escápula que está acima do ombro no dianteiro ou na ponta do quadril no posterior vai subir mais), ele vai pisar e abaixar a cabeça a cada passo, isso deve ser visto, observado e sentido se você equita a favor do seu cavalo e não contra ele. Se você está em modo automático, coitado do cavalo.
Se o cavalo começa a balançar demais a cabeça, alongar de modo anormal o pescoço, abaixar a cabeça, ele está indicando um desconforto, dor, necessidade de buscar oxigênio, pode estar com dor na boca .. você já se pegou dirigindo um carro numa longa estrada e quando percebe está apertando o volante com muita força que está até doendo a mão? Imagina essa pressão na rédea? Na boca do animal? Pode também ser pontas de dentes, o que dói também.

Observe quando seu cavalo está tranquilo na cavalgada, trilha ou pista. Como ele se movimenta? Qual seu padrão de comportamento? Fica fácil ver quando sai do conforto. Mas se para você tanto faz, monta e sai na base do vamos que vamos, yeahh… yeah.. você nem vai perceber as anormalidades porque você não percebeu antes quais eram as atitudes dele, no conforto.
Então algumas dicas e truques para você se perceber em cima do cavalo. Com a panturrilha colada no cavalo sinta a respiração dele, relaxe a rédea, alongue o pescoço e a nuca, e com a postura correta respire profundamente na mesma frequência que ele e observe as respostas, olhe no horizonte por cima da cabeça no entre orelhas.

É incrível como as pessoas desconfiam dos cavalos e criam o vício de ficar o tempo todo de cabeça ou olhar baixo fixando a nuca do cavalo. Isso os confunde, os atrapalha eles ficam com as orelhas voltadas para o cavaleiro e não para o ambiente. Esperam por uma ação que nunca vem.
Estando montado, mantenha o tronco ereto, mas não rígido, relaxe os braços, imagine um rolo de papel alumínio embaixo dos braços um pouco acima do cotovelo, o rolo não pode cair e não pode ser amassado.
Imagine agora em cima de cada ombro um objeto, que se você entortar a sua coluna o objeto cai e quebra. Mantenha os ombros alinhados como um cabide. Relaxe a sua região lombar. Equitação também pode ser uma atividade aeróbica, você mexe com vários grupos musculares. A maioria das pessoas no cavalo esquece de respirar profundamente o que só trará ganhos para a sua saúde.
Vai montar? Retire dos bolsos carteiras, celulares, chaves, tudo isso só atrapalha e faz você se entortar em cima do cavalo. Ajude seu cavalo a trabalhar bem e com satisfação, com você. Seja um equitador mais consciente.

Dieta Energética: Escolhendo o combustível apropriado para o desempenho do cavalo

Traduzido e baseado em artigo sobre a pesquisa de JOE D. PAGAN
KER – Kentucky Equine Research, Versailles, Kentucky 2016

INTRODUÇÃO

No Brasil, a quase totalidade dos concentrados (rações) para equinos adota como fonte de energia o amido. Nessa pesquisa somos alertados para as consequências bioquímicas no organismo e sistema digestório dos Equinos sobre o processamento desta energia e quais as possíveis fontes alternativas de melhor qualidade.
Muitas vezes os treinadores e cavaleiros de animais de alta performance recorrem à suplementações energéticas que trazem justamente outras fontes.
A questão é, se não seria melhor para a qualidade de vida dos cavalos, se os fabricantes de rações (aquelas com “grife” ou não), não poderiam implementar a substituição gradativa destas fontes ou lançarem linhas diferenciadas para cavalos de alta performance que utilizem destas fontes mais nobres para o cavalo, porque é claro que existem rações de alta performance, mas eles apenas aumentam a quantidade disponível de grãos ou amido nestas fórmulas, o que aumenta a incidência de casos de úlcera gástrica e outros problemas.. como fica demonstrado nesta excelente pesquisa coordenada por Joe D. Pagan no Kentucky.
O debate está aberto com objetivo de melhorarmos a qualidade de vida e o metabolismo dos cavalos de alto desempenho.

APRESENTAÇÃO

Quando se trata de necessidades nutricionais, o desempenho dos cavalos está em uma classe própria.
Éguas de reprodução precisam de grandes quantidades de proteína de alta qualidade e minerais para crescer um grande potro saudável durante a gestação e produzir galões de leite rico em nutrientes diariamente durante a lactação.
Da mesma forma, jovens cavalos requerem muita proteína e minerais para adicionar centenas de quilos de músculo e ossos durante seu primeiro ano de vida.
Cavalos de alto desempenho devem produzir uma coisa..—locomoção rápida por mais tempo…–e isso requer muita energia. Enquanto eles certamente têm um requisito para outros nutrientes, e a dieta formulada para alto desempenho dos cavalos geralmente começa e termina com energia.
Os cavalos selvagens, sobreviveram por pastejaento em pastagens de qualidade relativamente pobre. Seu sistema digestivo evoluiu para utilizar eficientemente este tipo de dieta, mas suas exigências nutricionais também foram bastante baixas.
Muitos cavalos atletas de alto desempenho de hoje têm requisitos de energia que não podem ser satisfeitos por forragem sozinha. Este artigo vai rever as melhores fontes de energia para os cavalos de desempenho e fazer recomendações sobre como minimizar os problemas relacionados com a alimentação.

GERAÇÃO DE ENERGIA DURANTE O EXERCÍCIO

Cavalos de desempenho executam uma ampla gama de intensidades de exercício e durações diferentes. Isto pode variar de alta velocidade de corrida em velocidades até 40 mph (64 km/h) para distâncias curtas, a endurance racing (enduro equestre) em velocidades de 11 a 15 km/h (18-25 km/h) por 100 milhas (160 km) elaborar o trabalho onde cavalos puxar ou carregam pesos e cargas por quantidades variáveis de tempo. A força motriz básica por trás de todos esses diferentes tipos de equinos de desempenho é a conversão de energia quimicamente ligada da alimentação em energia mecânica para músculos e movimento.
Porque os cavalos não comem continuamente enquanto exercem suas tarefas, a alimentação de energia deve ser armazenada no corpo do cavalo para posterior liberação.
Existem várias formas diferentes de armazenamento que o cavalo pode utilizar, incluindo glicogênio intramuscular e triglicerídeos e extramuscular depositado em “lojas” tais como o tecido adiposo e fígado – glicogênio.
Muitos fatores determinam a proporção de energia derivada de cada forma de armazenamento, incluindo velocidade e duração do trabalho, alimentação, fitness, composição da fibra muscular e idade do cavalo.
A Capacidade de trabalho varia de acordo com a taxa à qual energia (adenosina trifosfato, ou ATP) é fornecida para ser utilizada pelos músculos para realizar as contrações. A maneira mais direta da ATP ser liberada é pela clivagem de creatina fosfato (CP).
No entanto, desde que o músculo contém apenas pequenas quantidades de CP e ATP, os suprimentos são exauridos depois de uma curta duração do exercício. O exercício prolongado não seria possível, a menos que houvesse maneiras para ATP ser ressintetizada no mesmo ritmo em que foi usada.
Duas reações são fundamentais para ressintetizar ATP.
* Na primeira, a fosforilação oxidativa decompõe carboidratos, gorduras e proteínas em energia (ATP), com a participação de oxigênio. O uso de oxigênio isto qualifica como uma reação aeróbica.
* Na segunda, a glicólise quebra a glicose ou glicogênio em ácido láctico. Esta reação não usa oxigênio e é do tipo anaeróbico.
Grandes quantidades de energia podem ser derivadas da utilização intramuscular (triglicéridos e glicogênio) e combustíveis extracelulares (ácidos graxos livres de adiposo) e glicose do fígado. A quantidade total de combustível armazenada em um cavalo (450 kg) de 1.000 lb é mostrada na tabela 1.

TIPOS DE FIBRA MUSCULAR

O cavalo tem três tipos básicos de fibras musculares:
tipo I,
IIA e
IIB.

Esses tipos de fibra têm diferentes características contráteis e metabólicas (veja na tabela 2).
Fibras do tipo I são fibras lento-contratantes, enquanto tipos IIA e IIB são para contrações rápidas. O tipo I e fibras IIA têm uma alta capacidade oxidativa e podem, portanto, utilizar combustíveis por via aeróbica, enquanto tipo IIB fibras têm uma baixa capacidade aeróbica e tendem a depender de glicólise anaeróbica para geração de energia. Todos os três tipos de fibra são muito ricos em glicogênio, enquanto um único tipo I e II tem armazenamento de triglicérides (gorduras).

UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATO DURANTE O EXERCÍCIO

A quantidade de ATP usada por um músculo depende diretamente de quão rápido ela está se contraindo. Enquanto caminhava, os músculos contraem-se muito lentamente e gastam relativamente pequenas quantidades de ATP. Durante este tipo de exercício, as fibras de tipo I principalmente são recrutadas e a geração de energia é inteiramente aeróbica.
A esta velocidade, o músculo queima gordura predominantemente. Depósitos de gordura são abundantes, e podem ser mobilizados e metabolizados rápido o suficiente para regenerar a quantidade de ATP que é usado em uma caminhada.
Como aumenta a velocidade de uma caminhada de um trote e para um canter, as fibras de tipo I sozinhas já não são capazes de contrair rapidamente o suficiente impulsionar o cavalo. Neste ponto, as fibras de tipo IIA também são recrutadas. Estas fibras também são aeróbicas, mas eles usam uma combinação de glicogênio e gordura para a geração de energia. Glicogênio (ou glicose) pode ser metabolizado por via aeróbica duas vezes mais rápido que a gordura para a geração de ATP e em aumentos de velocidade, a gordura torna-se simplesmente um combustível muito lento para geração de energia.
Quando o cavalo aumenta a velocidade de um galope rápido, as fibras tipo IIB são recrutadas e a geração de energia já não permanece puramente aeróbica. Entra a Glicólise anaeróbia que é a via metabólica mais rápida disponível para gerar ATP e o cavalo deve depender fortemente dela para manter altas taxas de velocidade.
Glicólise anaeróbica, no entanto, resulta em acúmulo de ácido láctico e a fadiga logo se desenvolve e o pH do músculo começa a cair.
O cavalo de resistência normalmente viaja a velocidades que podem ser mantidas quase inteiramente através de geração de energia aeróbica.
Apenas durante a escalada de uma colina e por intervalos curtos a demanda de ATP do cavalo também é ótimo para regeneração aeróbica. Fadiga em cavalos de resistência é muito mais provável que resultam de depleção do glicogênio do que de acúmulo de ácido láctico.
Em Cavalos de corrida, e muitos dos cavalos ocidentais de alto desempenho exercem atividades em intensidades muito mais elevadas.
Estes cavalos dependem fortemente da glicólise anaeróbica para geração de energia e a fadiga é mais provavelmente como resultado de depleção de acumulação, ao invés de glicogênio ácido láctico.

A Utilização de substrato no cavalo pode ser investigada por meio de técnicas de biópsia de ambos, do músculo e do fígado. Essas biópsias são seguras e podem ser tomadas várias vezes para determinar quanto glicogênio muscular é usado em diferentes intensidades de trabalho. Além disso, as substâncias no sangue e gases respiratórios pode ser usado para pintar um quadro metabólico de utilização de substrato durante as diferentes intensidades de exercício.
O músculo glúteo médio é o músculo mais conveniente para biópsia, ao estudar a utilização de substrato intramuscular. Este músculo normalmente contém entre 500 e 700 milimoles (mmol) de glicogênio por quilograma (kg) de peso seco. Durante exercícios de resistência, cavalos normalmente usará glicogênio muscular em uma taxa de 0,5 a 1,5 mmol/kg/min. O restante da energia gerada a esta velocidade vem da oxidação de gordura. Como a velocidade aumenta, aumenta a utilização de glicogênio muscular. A uma velocidade de cerca de 650 metros/min (um 02:25 milhas), produção de ATP já não pode ser completamente satisfeita pelas vias aeróbias. Neste ponto, vias anaeróbias tornar-se uma importante fonte de energia. No deslocamento para este tipo de produção de energia, o uso de glicogênio e o acúmulo de ácido láctico aumentam exponencialmente.

Glicogênio muscular
Figura 1. Glicogênio muscula r usado por minuto em relação à velocidade.

A Figura 1 mostra a quantidade de glicogênio muscular usado por minuto em relação à velocidade. Estes dados são compilados a partir de um número de diferentes raças. Observe que quando o cavalo corre em velocidades de menos de 650 metros/min, muito pouco glicogênio é usado. No entanto, quando a velocidade é aumentada, o cavalo cruza o que é conhecido como seu “limiar anaeróbico” e a utilização de glicogênio muscular aumenta dramaticamente.
A razão básica para este aumento é que a utilização de glicogênio anaeróbico é 12 vezes menos eficiente do que o aeróbico na utilização de glicogênio. Quando o glicogênio é metabolizado por via aeróbica, 36 ATPs são produzidos, mas quando Glicogênio é metabolizado anaerobicamente, apenas 3 ATPs são produzidos e (2 moléculas de lactato também são produzidas).

CONSIDERAÇÕES DE ENERGIA DIETÉTICA

Energia dietética é geralmente expressa em termos de megacalories (Mcal) ou megajoules (MJ) de fácil digestão de energia. A Energia digestível (DE) refere-se à quantidade de energia na dieta que é absorvida pelo cavalo, e a exigência de um cavalo é calculada com base na exigência da manutenção DE mais o adicional de energia gasta durante o exercício. Basicamente, DE pode ser fornecida por três diferentes fontes de dieta energética: carboidratos, gordura e proteína.

HIDRATOS DE CARBONO NA ALIMENTAÇÃO DO CAVALO

Os carboidratos em rações equinos podem ser Categorizados por qualquer um, sua função na planta ou pelo menos como eles são digeridos e utilizados pelo cavalo. Do ponto de vista de planta, hidratos de carbono caem em três Categorias:
(1) açúcares simples – ativos no metabolismo intermediário da planta;
(2) compostos armazenados como sacarose, amido e frutoses; e
(3) carboidratos estruturais tais como a pectina, celulose e hemicelulose.
Para o cavalo, é mais apropriado classificar os carboidratos por onde e quão rápido eles são… digeridos e absorvidos
.
Carboidratos podem ser digeridos e/ou absorvidos como monossacarídeos (principalmente glicose e frutose) no intestino delgado, ou eles podem ser fermentados no intestino grosso para produzir ácidos graxos voláteis ou ácido lático. A taxa de fermentação e tipos de produtos finais produzidos são bastante variável e pode ter efeitos significativos sobre a saúde e o bem-estar do cavalo.
Seria um sistema fisiologicamente relevante para categorizar os carboidratos em dietas de equinos: (1) A
Grupo hidrolisável (CHO-H) medido por análise direta que produz açúcares (principalmente glicose) para o metabolismo.
Isso inclui alguns amidos que são facilmente digeridos, sacarose e açúcares simples no intestino delgado e produzem flutuações no sangue gerando glicemia pós-alimentar, (2) um grupo rapidamente fermentável (CHOFR) que produz principalmente o lactato e propionato. Este grupo inclui amidos que escapam à digestão no intestino delgado, bem como galactanos, frutanos , mucilaginosos e pectina. (3) que são lentamente fermentáveis do Grupo (CHO-FS) que produzem principalmente o acetato e butirato. Este grupo inclui os compostos capturados em fibra detergente neutra (FDN) como celulose, hemicelulose e lignocelulose.

CARBOIDRATOS HIDROLISÁVEIS (solúveis em água)

Os Carboidratos hidrolisáveis (CHOH) são um componente importante da dieta de equinos, particularmente para o cavalo de alto desempenho, em que a glicose sanguínea serve como substrato principal para a síntese de glicogênio muscular. Muita glicose no sangue, no entanto, pode contribuir para ou agravar certos problemas em cavalos como recorrentes rabdomiólise equina (RER) e miopatia de armazenamento do polissacarídeo (PSSM). Pode também adversamente afetar comportamento em certos indivíduos.
A quantidade de glicose produzida no sangue em resposta a uma refeição é uma medida útil de CHO-H de um conteúdo alimentar. A tabela 3 contém o índice glicêmico de vários tipos de alimento para equinos, medido no Kentucky Equine
PESQUISA KER (Kentucky Equine Research).

Índice glicêmico caracteriza a taxa de absorção de carboidratos, após uma refeição e é definida como a área sob a curva de resposta de glicose após o consumo de uma quantidade medida de um teste de ração dividida pela área sob a curva após o consumo de uma refeição de referência, no presente caso, a aveia.

A fração de CHO-H, principal fonte, em rações de desempenho é o amido, um carboidrato composto de um grande número de moléculas de glicose. É o principal componente dos grãos de cereais, contendo 45 a 70% de matéria seca do grão.
Dos grãos comumente usados na alimentação dos cavalos, o milho tem o maior teor de amido. O amido é um fonte de energia versátil para o cavalo de alto desempenho. Cavalos quebram o amido em unidades de glicose no intestino delgado, onde é absorvida para o sangue. Uma vez no sangue, estas unidades de glicose podem ser usadas para um número de diferentes finalidades:
(1), que podem ser oxidados diretamente para produzir ATP; e de glicose no sangue
(2) pode ser usado para fazer o glicogênio muscular, fígado glicogênio ou gordura corporal.
Glicogênio muscular é um importante combustível para geração de energia durante o exercício. Além disso, o glicogênio é armazenado no fígado onde está disponível para a produção e liberação de glicose no sangue durante exercício. Manutenção de níveis de glicose no sangue durante o exercício é de primordial importância, uma vez que a glicose é o principal combustível disponível para o sistema nervoso central. Hipoglicemia é outra causa potencial de fadiga em exercido cavalos.
O amido é a fonte de energia na dieta de escolha para a síntese de glicogênio porque a digestão do amido resulta em um aumento direto da glicose no sangue e insulina, dois dos mais importantes fatores envolvidos na síntese de glicogênio.
Carboidratos são rapidamente fermentáveis. Duas fontes de energia alternativa interessante para os cavalos de alto desempenho são a beterraba, a casca de soja e a celulose. Ambos contêm uma elevada percentagem de carboidratos rapidamente fermentáveis (CHO-FR), principalmente a pectina, que é um substrato gliconeogênicos importante para o cavalo.
A Fermentação rápida de amido não digerido de cereais, no entanto, pode também produzir ácido láctico, o que pode levar a uma cascata de eventos que culminam em laminite, e os mais prováveis compostos contribuem para acidose láctica no intestino grosso. Quando as refeições para alimentação dos cavalos, são à base de grandes grãos, uma porção do amido pode escapar à digestão no intestino delgado e rapidamente fermentar no ceco e cólon. Ácidos graxos voláteis (AGV) e aumentos de produção de ácido láctico, causando uma significativa diminuição do pH.
O Ácido láctico é um ácido mais forte do que o AGV e pode causar irritação ou danos na mucosa intestinal. Em casos graves, o lactato pode contribuir entre 50 e 90% dos ácidos totais no intestino posterior. Além disso, o acúmulo de ácido láctico aumenta a permeabilidade da mucosa intestinal grande de toxinas e moléculas maiores que foram implicados no desenvolvimento da laminite.
Um deslocamento para baixo no pH fornece um ambiente desfavorável para muitos bacilos responsáves fermentação das fibras, prejudicando os microorganismos que habitam o intestino grosso. Em particular, as bactérias tais como Ruminococcus albus e Fibrobacter succinogenes são sensíveis a precipitada diminuição no pH. Para um desempenho ideal, estas bactérias se favorecem em um ambiente com um pH entre 6,5 e 7,0. Quando o pH cai abaixo de 6.0, a digestão da fibra pelas bactérias se torna menos eficiente e elas começam a morrer.
Em contraste com bactérias para digestão das fibras, a produção de lactato e lactato-utilizando bactérias prosperam em um ambiente com um baixo pH. Certos microorganismos como Streptococcus bovis realmente mudam seu metabolismo e produzem ácido láctico ao invés de VFA quando expostos à condições ácidas, servindo apenas para agravar o problema. Alterações no pH do intestino posterior devido a alterações nas populações microbianas e perfis de ácido pode resultar em acidose de intestino grosso (HGA).
Cavalos com HGA podem desenvolver anorexia, cólica ou comportamentos estereotipados como mastigar madeira… Além disso, a exposição prolongada a pHs abaixo 5.8 começará a ter efeitos deletérios o revestimento epitelial das paredes do cólon e cecal, que por sua vez pode afetar a capacidade de absorção.
Acidose ruminal é um problema comum em bovinos leiteiros alimentados com dietas de alto grão. Bicarbonato de sódio é muitas vezes adicionado à ração de uma vaca como um buffer para atenuar a queda do PH ruminal que a diminuição alimenta ingestão e produção de leite. Bicarbonato de sódio também foi mostrado para ser eficaz no tratamento de HGA em cavalos quando ele é infundido diretamente, o ceco através de fístula cecal.
Infelizmente, uma alimentação crua de bicarbonato de sódio para cavalos é ineficaze devido à anatomia do seu trato gastrointestinal. Idealmente, o sódio bicarbonato deve ser protegido de modo que é entregue para o intestino grosso intactas. Kentucky Equine Research (KER), em conjunto com a Balchem Corporation, desenvolveu recentemente um encapsulado de bicarbonato de sódio
(EquiShure®) que sobrevive de trânsito através do estômago e intestino do cavalo. KER, realizaram uma série de estudos para avaliar o efeito da EquiShure® no HGA em cavalos alimentados com altos níveis de amido ou de frutanos. Em um estudo, seis puros-sangues em formação foram alimentados com uma dieta basal dealimentos doces, feno de capim de Timóteo e 50 g de sal solto por dia. Ingestão de grão variou de 4 a 6 kg por dia. Os cavalos foram divididos em dois grupos e atribuídos a um dos dois tratamentos. Os tratamentos foram 168 g/dia de EquiShure® ou a dieta basal (grupo controle). Cavalos trocaram tratamentos por período 2. Os dois as porções de feno e grãos da dieta foram divididas em duas refeições iguais. Metade da EquiShure® (84g) foi adicionado para cada refeição de grão.
Amostras fecais foram tiradas em intervalos de 2 horas por um período de 8 horas no dia 15 de cada período e analisadas para ácidos graxos voláteis (VFAs), pH e concentração de L – e D-lactato. PH fecal no grupo controle diminuíram significativamente da linha de base 6 horas pós-alimentação (Figura 2). PH fecal na EquiShure® grupo não apresentam nenhuma flutuação significativa durante o período de amostragem de 8 horas. Fecal de L-lactato e D-lactato foram significativamente maiores (P < 0.05) post alimentando no grupo controle em comparação com o Grupo de EquiShure®. VFAs fecais foram significativamente maiores (P < 0,05) na EquiShure®-completada grupo, sugerindo um ambiente mais favorável para as bactérias da fermentação da fibra. EquiShure® foi eficaz em atenuantes o HGA resultante da ingestão de dieta com alto teor de grãos em cavalos puro-sangue de alta performance. CARBOIDRATOS FERMENTÁVEIS LENTAMENTE

Os Carboidratos fermentáveis lentamente (CHO-FS) da célula vegetal são absolutamente essenciais para manter um ambiente saudável e microbiano no cavalo. Desde o intestino adequado é essencial para a saúde e o bem-estar do cavalo, forragens ricas em fibras deve ser considerada a base de um programa de alimentação do cavalo de alto desempenho. Cavalos de desempenho devem ser alimentados com 15-20 lb (7-9 kg) por dia de feno de capim limpo como Tifton 85 ou feno OAT. 2 a 4 lb (1-2 kg) por dia de feno de alfafa também pode ser oferecido. Esse nível de ingestão de feno atenderá a manutenção das exigências do cavalo de alto desempenho e ajuda a proteger contra úlceras gástricas e cólicas.

ANÁLISE DE CARBOIDRATOS

Carboidratos em rações de cavalo tradicionalmente foram estimados através da medição de componentes da parede celular como FDN (fibra detergente neutra) e calcular o restante carboidrato por diferença como carboidratos com pouca fibra (NFC), onde NFC = 100 – gordura água – proteína – – cinza – FDN. Mais recentemente, os laboratórios têm fornecido uma análise direta de carboidratos adicionais em rações equinos.
A tabela 4 contém a composição química de vários alimentos para equinos comuns como analisado por Equianalytical
Laboratórios em Ithaca, NY. Além de FDN e os valores calculados da NFC, tabela 4 contém níveis medidos de açúcares solúveis em água (WSS) e amido.

A soma do WSS e amido é considerada os carboidratos não-estruturais (NSC) WSS em grãos de cereais e subprodutos como polpa de beterraba sacarina são compostos de açúcares simples que produzem um pronunciado glicêmico resposta e ajuste para a categoria de CHO-H. Por outro lado, são na verdade, grande parte do WSS em gramíneas de clima temperados frutanos, que deveriam ser incluídos na fração de CHO-FR. Portanto, têm pouco efeito como resposta glicêmica, mas podem contribuir para o desenvolvimento da acidose no intestino grosso e laminite. O amido é a fração de carboidrato predominante em grãos de cereais.
Embora todos amidos são compostos de cadeias de glicose, como a molécula de amido é construída, ela varia em diferentes tipos de grãos. Estas diferenças na arquitetura dos amidos individuais têm um grande impacto sobre o quão bem eles são digeridos no intestino delgado do cavalo. Dos grãos mais comumente usados na alimentação para cavalos, a aveia contêm a forma mais fácil digestão do amido, seguido de sorgo, milho e cevada.
O Processamento pode ter um enorme efeito na digestibilidade prececal, particularmente em milho. Em um estudo da pesquisa KER (Kentucky Equine Research), o vapor de sêmola de milho (extrusão do grão de milho), causou um aumento de 48% na resposta glicêmica em comparação à fissuração grosseira. NSC é uma mistura de CHO-H e Fracções de CHO-FR. NSC tendem a ser maior em CHO-H em grãos de cereais transformados e misturas, mas pode ser alta em CHO-FR em certos cereais não transformados ou alto-frutanos e forragens. O NFC representa um grupo ainda mais misturado de hidratos de carbono, porque além dos compostos encontrado no NSC, eles também podem conter quantidades significativas de pectina e outros compostos fermentáveis não capturada em FDN.
Neste momento, não há nenhum método analítico satisfatório, comercialmente disponível aos hidratos de carbono de segmento em categorias que são fisiologicamente significativas para o cavalo.

GORDURA

Gordura é uma fonte de energia alternativa atraente para ração de cavalo de alto desempenho, fornecendo um grande número de calorias de uma forma concentrada. Mesmo que os cavalos não consomem grandes quantidades de gordura na natureza, eles podem fazer um bom trabalho de digestão de gorduras, especialmente óleos vegetais.
A maioria dos óleos vegetais contêm cadeia longa (16- 18 carbono) e gorduras insaturadas. Essas gorduras são líquidas à temperatura ambiente e são usadas extensivamente como alimentos humanos para cozinhar e óleos de salada. Uma exceção notável é o óleo de coco, que contém um elevado nível de mediumchain gorduras saturadas (carbono 12). As Gorduras animais, por outro lado, tendem a ser mais saturadas do que vegetais óleos e muitas vezes são sólidos à temperatura ambiente. Cavalos tipicamente digerem óleos vegetais melhores do que a gordura animal exemplo a do soro do leite.
Uma vez adaptados, os cavalos digerirão mais de 90% do óleo vegetal em uma ração, mesmo quando inseridas em níveis tão elevados como 500-600 ml por dia. Altos níveis de ingestão de óleo devem ser alcançados lentamente, no entanto, já que alguns cavalos podem desenvolva fezes soltas, gordurosos quando mudei para uma dieta de alta do óleo também rapidamente.
A densidade de energia de óleos vegetais é bastante elevada, com média de cerca de 2,25 vezes o de amido.
Óleo vegetal tem cerca de 2,5 vezes mais energia muito digerível (DE) como a do milho e 3,0 vezes mais DE que a aveia. Devido à sua alta digestibilidade, a gordura é uma fonte de energia muito seguro. Mesmo se algum óleo escapa a digestão no intestino delgado, não causará grandes perturbações da fermentação no intestino posterior porque as bactérias não podem fermentar óleos de cadeia longa.
O nível de óleo, incluído em uma ração vai depender principalmente que o cavalo está a fazer. Cavalos que são submetidos a trabalho leve montado ou usado predominantemente para exigir menos óleo em suas rações. Menos de 70-80 ml de óleo por dia, terá um efeito benéfico sobre a pelagem do cavalo, mas só irá fornecer cerca de 2,5% de um submetido a exercicio moderado. Níveis mais elevados de consumo de óleo são necessários para um exercício mais vigoroso. A cavalos em treinamento pesado deve receber cerca de 400 gramas (~ 450 ml) de óleo vegetal por dia. Isto é igual a cerca de 10% do seu total diário DE ingestão e cerca de 18-20% do DE fornecido pelo concentrado.
Cinco ou seis kg de uma mistura de grãos de gordura de 10% poderia fornecer esse nível de suplementar de óleo vegetal.
Durante o exercício de baixa para moderada intensidade, cavalos fornecem uma grande parte da energia utilizada para contração muscular com oxidação de gordura. Ácidos graxos livres são mobilizados do tecido adiposo e entregues para o trabalho muscular por oxidação. A quantidade de gordura queimada pelo músculo é diretamente proporcional a concentração de AGL no sangue. Suplementação de gordura a longo prazo em combinação com apropriado formação irá resultar em maior mobilização de ácidos graxos livres (FFA) e aumentou a velocidade de mobilização juntamente com uma maior velocidade de absorção de AGL no músculo. Além disso, gordura de alimentação tem uma glicose – e efeito poupador de glicogênio que pode retardar a fadiga durante o exercício de resistência. Um estudo recente realizado por KER com cavalos árabes demonstrado esse efeito económicas. Depois de 10 semanas de suplementação de gordura (10% Fat), os cavalos usaram 30% menos glicogênio muscular e glicose durante um teste de exercício de resistência.
Pesquisadores têm recentemente focado sua atenção duas famílias distintas de ácidos graxos: a família do ômega-3 e a família do ômega-6. A família ômega-3 decorre de ácido alfa-linolênico (ALA), enquanto o família ômega-6 se origina do ácido linoleico (LA). ALA e LA são considerados “ácidos graxos essenciais”
Porque eles são instrumentais no ciclo de vida, ainda que não podem ser fabricados no corpo e deve ser obtidos de fontes dietéticas. Membros importantes da família ômega-3 são o ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA).
As vantagens de suplementar os equinos atletas com ácidos graxos ômega-3 estão vindo à luz. A redução da inflamação das articulações em cavalos mais velhos artríticas foi relatada em cavalos suplementados com Omega-3 ácidos graxos. Cavalos que alimentou o suplemento tinham contagens de fluido sinovial células brancas do sangue mais baixas do que aqueles no grupo de controle, indicando um nível inferior de inflamação.
A suplementação com ômega-3 tem sido a hipótese de reduzir a hemorragia pulmonar induzida por exercício (EIPH) em cavalos. Os pesquisadores relataram a modulação de uma diminuição na membrana dos eritrócitos fluidez durante o exercício em cavalos alimentados com uma dieta enriquecida com DHA e EPA. Resultados preliminares de um estudo em 10 de puro-sangue cavalos na Kansas State University mostraram uma redução do EIPH após 83 e 145 dias uma dieta enriquecida com EPA e DHA, mas não com DHA sozinho.
A composição de ácidos graxos difere consideravelmente em óleos adicionados às dietas de cavalo (tabela 5). Ácido linoleico (LA) é maior em cártamo, milho, soja e girassol, óleos, respectivamente e é menor no óleo de peixe (sábalo), enquanto o óleo de linhaça é rico em ácido alfa-linolênico (ALA). Óleo de peixe tem alcançado popularidade como um componente de alimento equino, líquido em parte à sua concentração de ácidos gordos omega-3 DHA e EPA.

PROTEÍNA
Se o conteúdo de proteína da ração de cavalo excede sua exigência, uma proteína extra pode ser usado como uma fonte de energia. Os aminoácidos da proteína extra são discriminados pelo fígado e o nitrogênio da proteína é excretado como Amônea. Os “esqueletos” de carbono estão à esquerda podem ser oxidados para ATP autogestionária ou usados para fazer uma glicose ou gordura. A Ingestão excessiva de proteínas deve ser evitada em cavalos sem exercícios por um número de razões como necessidades de água…
(1) aumentam com a ingestão de proteína aumentada;
(2) aumento dos níveis de ureia (nenhum sangue levando à maior excreção de ureia), pode aumentar o risco de distúrbios intestinais como enterotoxemia; e
(3) Comitê de Amônia causando uma série de problemas tais como nervo irritabilidade e distúrbios sem metabolismo dos carboidratos. Excreção aumentada de Amônia na urina também pode levar a problemas respiratórios por causa acúmulo de Amônia.
CONCLUSÃO
Como rações de cavalos devem incluir uma mistura de fontes de energia, a este respeito, a moderação é uma chave. Quantidades excessivas de amido devem ser evitadas, pois isso pode levar à cólica, basal, amarrando-se em cavalos. O excesso de proteína pode levar a problemas associados com uma produção de Amônia.
As fibras devem ser incluídas na dieta para manter uma função adequada do intestino grosso. Incluindo uma mistura correta de fontes de energia na ração cavalo devem reduzir os problemas associados com uma alimentação e permitir o cavalo utilizar substratos energéticos mais eficientemente durante os exercícios.

Iniciar potros exige refinamento da sua comunicação e atitude

Como aumentou o número de potros escolarizados aqui no Rancho São Miguel, tanto nossos quanto de fora além dos cavalos que reabilitamos retomando do zero, costumo estudar, rever e revisar nosso próprio trabalho.
Incrível como eles nos ensinam sobre suas personalidades e sobre quanto tempo cada um precisa para confiar que, naquelas novidades apresentadas com cuidado, não existe o perigo de vida que eles sentem.
Como fica claro com cada um que suas reações de defesa e fuga são ainda confundidas por esse país afora como sendo reações de cavalos ditos nervosos, perigosos e quanta gente castiga potros para que não se defendam, em vez de atuar no tempo de cada um, entendo a linguagem natural de pressão e alívio, para então aliviar no momento exato que tentam fazer o seu melhor.
E alerto para a necessidade de sempre se colocar no lugar do potro, aprender a ler suas expressões de tensão, medo, sem alterar sua adrenalina e sentir-se desafiado por eles, porque não se trata disso, nunca.
É bem importante admirar o potro por suas tentativas de fazer o certo. Um passo dado com uma sela pela primeira vez, sem tentar tirá-la de cima é um baita avanço. Um primeiro passo com o peso de um cavaleiro em cima é sempre o mais difícil e o que melhor pode acontecer é o potro, mesmo tenso e com medo, mostrar e pedir se pode confiar em você e aos poucos ele ir relaxando na sua mão.

Ao fim de cada sessão que não pode ser exaustiva ou dolorida, é essencial você poder estar ao lado dele por um tempo depois do trabalho, ter uma conversa sem palavras, estar lá ao seu lado, abraça-lo, sentar na grama para ele pastejar a seu lado, ou dar banho e estar na baia ao lado dele por um tempo, como dizendo… “sou seu parceiro, sei que não foi um dia fácil, foram novidades duras, mas sobrevivemos a elas, podemos ser parceiros aqui ou montado cavalgando em seu dorso”.

Quando o potro se apavora, acredite, que se você mantiver a calma, sem criar a espiral de medo, fuga, pânico, ele rapidamente presta atenção em você, na sua calma e se acalma.
Algumas chaves são essenciais, como usar bons equipamentos, nada que cause dor ou incômodos desnecessários além da novidade em si.
Usar muito a linguagem corporal, de pressão e alívio, trabalhar o mais possível sem contenção física, dando a ele a opção de se afastar, mas que bom que é quando ele opta por si mesmo a permanecer ao seu lado, explorando a curiosidade natural deles, do que vai dar aquilo tudo.
Como uma criança que sai do jardim da infância e entra na pré-escola e primeiro ano, os primeiros dias de aula, tenho certeza que você se lembra da sua primeira professora, para o bem ou para o mal que aqueles dias representaram na sua vida, na sua formação, com eles se passa o mesmo.
Não é preciso loucura no treinamento, violência não faz parte dessa história, não o esprema com correias além do mínimo necessário, não use metais ou ferramentas pontiagudas, não tolha o movimento natural do pescoço deles, a ajuda de rédeas foi ensinada na fase do doma do chão, ele já sabe nessa altura o que significa um leve toque nas rédeas, não dê chamadas duras na rédea e embocadura, ou se for no hackamore no nariz dele.
Não queira que nas primeiras dez montadas ele saia como se já soubesse de tudo, porque nessa fase da doma de cima, o primeiro desafio é ensiná-lo a deslocar-se com um peso extra que muda seu centro de gravidade e equilíbrio. Lembre-se que onde ele tem as patas está a sua mente.
Cada novidade deve ser alimentada na confiança mútua.
Apresentou a sela, quando for colocar peso no estribo na primeira vez faça uma leitura dos sinais corporais dele, se estiver parado estacado nas paletas, com as mãos abertas, o pescoço tenso, olho arregalado, não monte ainda, mova-o um pouco, relaxe ele, quando ceder o pescoço, parar corretamente a chance dele querer sair corcoveando é menor. Use suas mãos para tocá-lo com empatia, como faz um cavalo amigável e experiente quando se apresenta a ele.

Observe estes princípios na escolarização do potro

– Controle da mente do cavalo, a psicologia é tão importante quanto o físico
– Seja claro nas solicitações
– Ensine uma coisa de cada vez
– Reforce os comportamentos adequados através de uma repetição consistente e recompense ele com alívio e boas palavras num tom de voz brando
– Evite toda e qualquer confrontação
– Use a firmeza ou força apenas necessária para conter uma fuga, sem ser estúpido e sem machucá-lo, como dizendo , sei que você está com medo e não irei machucá-lo, confie em mim, isso é pesado mas necessário nesse momento
– Deixe que ele experimente sua curiosidade natural sobre tudo,cheirar baixeiro (manta),passe nele devagar, cheirar a sela, não jogue a tralha sobre o lombo com estupidez, converse ele quando começar a apertar a cilha.
– Dessensibilize o potro, puxe o loro e estribo fazendo barulho do estalo do couro, sem bater o estribo nele enquanto o contém com a outra mão, mantenha sempre uma das mãos em contato com ele para que saiba qual sua intenção, nunca o pegue de surpresa
– A primeira boa impressão é a que fica, difícil depois de causar dor querer a adesão dele a esse seu projeto (montá-lo) para que ele o aceite como sendo dele também (ser montado) e trabalhar juntos dali em diante.
– Do chão, manuseie cordas passando pelo corpo e patas dele , com ele na sua guia (que pode ser longa),mas para que no futuro entenda que cordas fazem parte
– Ao apresentar a embocadura, faça com suavidade, sem bater nos dentes, de a ele o tempo que precisa para experimentar aquilo, use embocaduras com maior calibre, mais mais finas são as que mais machucam, língua, maxilar, ponta do nariz, boca, focinho são áreas muito enervadas com muita sensibilidade a dor
– No início sempre monte em dois tempos, ficando em pé no estribo, balance em cima sem passar a perna, quando passar não cutuque, aceite ficar um tempo montado parado com ele, para que perceba que não irá doer nem que aquilo é perigoso para ele
– Na primeira volta montado, pode usar um madrinheiro do chão, com uma guia, uma pessoa com boa energia e experiência que estará passando informações de segurança a ele, quando assumir as rédeas trabalhe as primeiras voltas com relaxamento do pescoço para ele ceder a nuca e alongar o pescoço, indo devagar a qualquer ponto do redondel que ele preferir, antes de querer um cavalo pronto, com cabeça colocada, retidão e energia no movimento, ele não está pronto, claro.
– Bons cavalos são como diamantes a serem lapidados, se errar a mão vai quebrar e perder a joia que nascerá daquele processo, é como forjar uma peça de aço no fogo, se errar inutiliza a lâmina ou o ferro.
– Pode passar uma cilha por trás da garupa para ajudá-lo a engajar os posteriores, reunindo ele de trás para frente sem apoiar na boca
– Depois de umas dez montadas de breve duração, encilhe o cavalo e a primeira saída a campo, ou para a rua, procure leva-lo chinchado a um cavalo madrinha experiente que nunca se assusta com nada, nem cachorro, nem gado, nem moto, ônibus ou caminhão.
– Na segunda saída vai desmontado até o meio do caminho e volta montado com o “madrinheiro” do lado esquerdo dele, e ele perto da beira da estrada (mato).
– Depois da decima quinta montada comece o desbaste, o refinamento preparando ele para o uso a que se destina. Na Europa o treinamento propriamente dito começa aos seis anos e dão o cavalo como adestrado e pronto entre dez e doze anos. Aqui, tudo é feito a toque de caixa, o que explica tantos cavalos estropiados de tendão, cheios de ovas aos sete anos, com vida útil curta, isso é tempo e dinheiro jogado fora.
– Nunca, nunca mexa com cavalos novos para provar nada a ninguém, nem a si mesmo, faça sempre do ponto de vista do cavalo, no tempo de cada um.
– Iniciar bons cavalos é uma arte. Toma tempo, cuidado, dedicação, custa caro fazer bem feito e mais caro arrumar o que mãos erradas fizeram antes e mal, não faça o que não está preparado, estude antes, aprenda a ler o animal, mas todos podem fazer, desde que respeitem estes princípios para fazer animais de confiança, seguros e que poderão ser montados por todas as pessoas, experientes ou não.
– Não mexa no cavalo em horas vagas, fazer cavalos é uma opção profissional, enviou ele para escola, acompanhe o que está sendo feito, use bom senso para avaliar, quem diz se as coisas estão indo bem ali é o cavalo, sua atitude de cauda, expressão facial, e quando pronto, monte nele duas a três vezes por semana para consolidar o período da escola.

A pratica veterinária com equinos fica melhor quando há compreensão sobre aprendizagem do Cavalo

Incorporar princípios de aprendizagem equina na prática veterinária

Esse vem sendo desde 2011 o foco dos cursos do Rancho São Miguel para estudantes de Veterinária. Agora a aplicação de princípios da teoria na prática veterinária equina sobre aprendizagem e como pode melhorar a segurança e bem-estar dos cavalos, bem como a satisfação do cliente, é o que nos confirma em artigo  Alexandra Beckstett, a Editora-chefe da Horse Managing (EUA).

O objetivo da modificação do comportamento em cuidados veterinários é reduzir os medos do profissional, o que aciona gatilhos de comportamento de fuga e defesa do cavalo, bem como estimular a adesão voluntaria do Cavalo à sua presença e procedimentos. Na nossa linguagem da roça, saber chegar no cavalo sem ele querer fugir de perto de você… Ah cavalos não são perigosos e não atacam também… apenas preferem fugir e se não tiver como, se defendem quando se sentem ameaçados.

Problemas comportamentais durante procedimentos veterinários não são incomuns. Cavalos que estão assustados, feridos ou não estão familiarizados com um procedimento não só irão demandar mais tempo para serem examinados, mas também podem constituir um risco de segurança para os profissionais envolvidos.

Nos últimos anos, pesquisadores identificaram uma possível ligação entre os veterinários com limitada compreensão dos princípios da aprendizagem do Cavalo e a alta incidência de lesões na prática de equina.

Então, para ajudar os profissionais a reduzir comportamentos problema e medo e promover cuidados veterinários positivos, Robin Foster, PhD, CAAB, CHBC, descreveu técnicas de modificação de comportamento baseadas em princípios do aprendizado do equino, em 2017 na  Convenção de praticantes da Associação Americana de Equinos realizada de 17 a 21 de novembro em San Antonio, Texas.

Os benefícios de incorporar princípios de aprendizagem prática equina são muitos:

-pode reduzir os custos veterinários (por exemplo, menos sedação, menos visitas para começar o trabalho feito),

-promover cuidados positivos,

-eliminar comportamentos problema,

-melhorar o bem-estar de equino e reduzir o risco de lesão humana.

E tudo começa com a fonte de aversões processuais: o medo.

“Medo e ansiedade são a causa raiz de problemas de comportamento com cuidados veterinários, incluindo não dar o e pé  para exame; intrometendo-se ou empurrar; recusando-se a entrar em uma sala de exame ou trailler; afastar-se  da aproximação, negar fortemente a cabeça, murchar as orelhas, morder, chutar, golpear com manotaços” disse Foster. “Esses comportamentos são muitas vezes inadvertidamente reforçados pela liberação de pressão (chamado de reforço negativo) e serão repetidos”.
Por exemplo, se um cavalo ansioso puxa para trás durante uma recolha de sangue e, assim, retarda o processo, ele vai continuar com esse comportamento defensivo, pois é eficaz, já que o profissional sem saber ler e sentir o cavalo, alivia a pressão na hora errada.

O objetivo da modificação do comportamento em cuidados veterinários, disse Foster, é reduzir o medo do profissional que aciona gatilhos de comportamentos indesejados do cavalo, bem como aprimorar a conformidade. Para fazer isso, ela descreveu várias técnicas veterinários podem usar.

Reduzir a excitação Muitas vezes não reconhecemos os sinais de um iminente problema até um cavalo “explode”. Portanto, é importante conhecer e estar pronto a ver o mundo como um cavalo ve, usar a linguagem corporal dos cavalos para os primeiros sinais de medo e ansiedade.

O cavalo por sua natureza de predado na natureza, sente medo diante do medo do profissional que maneja ele.

Pessoas com medo, mesmo sem fazer nada, liberam adrenalina, hormônio cujo cheiro o cavalo sente, e na memória genética do cavalo está gravado que esse cheiro é perigoso, por ser o mesmo cheiro que a onça e o lobo liberam quando atacam suas presas a campo. Ora, se seu cheiro traz informação de perigo, você quer que o cavalo reaja como?

Nos nossos cursos, nós ensinamos como isso funciona e como você deve agir diante de um cavalo assustado.

Cavalos tem direito sagrado de se protegerem de nós, e cabe a nós lidera-los e mostrar que não estão em perigo ao nosso lado, mas essa atitude não pode ser contraditada por um medo difuso que libera o cheiro do perigo… faz sentido?

“A linguagem corporal pode revelar informações sobre excitação e estado emocional antes dos atos do cavalo,”, disse Foster. “Atenção às expressões faciais (incluindo rugas nos olhos, a posição da orelha, a boca e a tensão facial, narinas dilatadas). 

Observar isso é importante porque os seres humanos são bons em reconhecer expressões e no manejo não é possível ver todo o corpo do cavalo o tempo todo.”

Mas um olho arregalado,orelhas para trás, retesar o pescoço e subir a cabeça lá  onde vc não alcança são sinais iminentes de explosão de fuga. Aqui você aprende a ler o cavalo e a tomar a melhor decisão nestas situações

Depois que um veterinário aprende a identificar a excitação, ele ou ela pode tomar medidas para criar um ambiente mais relaxante para o paciente. Escolha um local familiar mas neutro (aquele que não tem sentido para o cavalo, ou seja, ele não associa-lo com experiências negativas, como castigo, ou com os positivos, tais como a hora da refeição) que é tranquilo, com poucas distrações em que para realizar os procedimentos, disse Foster.

Com cavalos particularmente assustados ou turbulentos, o veterinário pode usar no local do procedimento um cavalo auxiliar — um amigo familiar, calmo que pode atenuar o estresse através de buferização social — para promover o relaxamento, ela acrescentou, colocando-o nas proximidades. Ou ainda pode aprender a manter-se calmo e assertivo e assim acalmar o cavalo antes de agir.

Habituação e sistemática

“A experiência veterinária inicial pode ter um efeito profundo e duradouro sobre o comportamento futuro,”, disse Foster.
Pegue uma seringa, por exemplo. Inicialmente é um estímulo neutro e inofensivo. Só ganha significado quando provoca dor e desconforto, no ponto em que o cavalo aprende a temer e evitá-lo. Então, esse cavalo pode aprender a temer e evitar o veterinário e seu cheiro, caminhão, clínica ou equipamentos através da associação com a seringa, também. Nesse cenário, a prevenção através da habituação e aclimatação é o melhor remédio, disse Foster.

Para fazer isso, expor gradualmente cavalos novos ou levemente aversive objetos ou situações. Habituação é um processo neurológico, ela explicou, então se você apresentar um estímulo repetidamente, comportamento de resposta do cavalo deve tornar-se mais fraco.

Dessensibilização sistemática

Essa técnica — ajudar a desaprender os medos de objetos, por si sós inofensivos ou situações através de uma  exposição gradual, progressiva, para o processo de superação de um cavalo — é mais comumente usada para tratar medos existentes, disse Foster.

“O cavalo não deve sentir desconforto ou dor,” ela disse. “Comece com uma intensidade fraca, menos ameaçadora e aumente-a gradualmente.

Condicionamento afirmativo

Este processo de condicionamento clássico envolve um estímulo de um procedimento ou situações temidas, com uma surpresa agradável, com o objetivo de substituir um comportamento problema baseada no medo por um descontraído de emparelhamento e adesão.

Esfregar suas costas e fazer massagem ( como um grooming) também podem ser eficazes distrações positivas.

Um cavalo de”auxiliar” pode ajudar a manter um paciente quieto durante o tratamento. |

Ofuscando

Esta técnica envolve liderar ou pisar o cavalo e para trás com determinação ao apresentar um estímulo temido. “O movimento ‘ofusca’ e impede que a resposta de evasão,”, disse Foster. Ela explicou que isto pode ser eficaz com cavalos que são medrosos durante procedimentos, tais como injeções ou recorte, mas requerem um hábil manejador, aquele que sabe aumentar a pressão e ceder em seguida, colocando ao mesmo tempo limite, para fazer isso, confiança, energia baixa, e calma são essenciais.

Reforçar comportamentos desejados

“A maneira mais eficaz de mudar comportamento é para reforçar o comportamento que você quer e não o comportamento indesejado,”, disse Foster.

Como alternativa, se o cavalo tenta vir para a frente quando o veterinário se aproxima com uma seringa, ele ou ela deve manter a seringa na posição constante (se for seguro fazê-lo), movendo-se com o cavalo e só tirar a seringa quando o cavalo para de se mover.

Este exemplo de reforço negativo “irá reforçar o comportamento desejado de ficar parado, mas não o comportamento indesejado de afastar-se.”

Evitar a punição ,

“Na prática, comportamentos baseados em medo são muitas vezes punidos com métodos fortes, dolorosos e conflituosos, que é o que maioria dos profissionais despreparados faz, o que só reforça e jusitifca a reação de medo incluindo puxar uma vara; balançando um chicote ou corda; acentuadamente a gritar com o cavalo; e isso tudo é negativamente marcante para o cavalo,”disse Foster.

Punição, no entanto, não aborda o medo na raiz de um problema. Em vez disso, ela disse, apenas valida o medo do cavalo e adiciona sua presença e seu cheiro à uma experiência desagradável. Cavalos tem memória de elefante e memória associativa a cheiros e sons. E hoje também sabemos, eles sabem ler nossa expressão facial.

“A utilização repetida da punição pode também levar a… um agravamento do problema de comportamento, com maior intensidade e o cavalo se antecipa a isso, não só nos cuidados veterinários. Assim um profissional despreparado estraga um cavalo, às vezes feito desde cedo com base em confiança e cooperação.

O Horsemanship é uma ferramenta de reciclagem inclusive para veterinários experientes e formados em gerações passadas sem preocupação em ser pró ativos com o bem estar comportamental. Aqui no Rancho São Miguel – Núcleo de Horsemanship é proibida qualquer contenção por dor ou castigo. Sequer dispomos e proibimos a entrada do chamado pito ou cachimbo.

Retenção mínima de uso

Para manipulação de baixa-tensão, Foster recomenda usar o mínimo de restrição possível. No entanto, retenção muitas vezes desempenha um papel importante na gestão de comportamento de cavalo. Métodos menos estressantes incluem  voce aprender a conversar o cavalo,fazer sons com a boca que os acalmem e, para procedimentos particularmente dolorosos, usar a sedação.

“Eles devem apenas ser usados se o procedimento veterinário não pode ser adiado,” acrescentou.

Mensagem para levar para casa

Foster disse que a aplicação destes princípios de aprendizagem na prática pode melhorar a segurança e bem-estar de equino, bem como a satisfação do cliente. Usado pelo proprietário do cavalo nas visitas veterinárias e ao longo do tempo de vida de um cavalo, eles devem reduzir problemas de medo, ansiedade e comportamento dos animais.

Na pratica aqui, dos 76 equinos hospedados conosco, nenhum tem bardas defensivas. Mas os procedimentos são feitos no tempo de cada cavalo, e os profissionais que atendem aqui sabem disso e os que estagiam aprendem isso, assim como os estudantes que vem fazer curso de extensão de prática equina.

Eles também são importantes porque “veterinários profissionais deveriam servir de exemplo para os proprietários e o público em geral sobre como lidar corretamente com animais de uma forma segura e humana”, ela disse.

Costumo dizer aos veterinários que vem ao Rancho, que atender aqui é mais complexo, porque espero que eles tragam contribuições e conhecimentos novos, para mim e minha equipe, mas via de regra é o contrário que se passa, e eles aqui percebem que existe outro modo de fazer os procedimentos melhor do que estão habituados a fazer lá fora. O desafio é admitirem que só foram treinados a usar contenção física, repetem a bobagem de que cavalos são perigosos e não admitem facilmente que, o que os torna “perigosos”  por preferirem fuga e defesa é justamente o cheiro de medo com que são abordados.

Esse artigo foi baseado no texto de Alexandra Beckstett, Editora-chefe do The Horse . Ela é de Houston, Texas, é dona de um cavalo, é formada na Universidade de Duke

Como você se percebe em cima do cavalo?

Neste texto curto volto ao tema da postura, do assento e do equilíbrio em cima do cavalo, independente de qual modalidade (western ou inglesa)
Um cavalo é tão equilibrado e disciplinado quanto o seu cavaleiro/amazona. Já repetimos muitas vezes que o cavalo é espelho de quem monta, trata, maneja, seja comportamentalmente, seja em movimento.
Quem já dedicou um tempo importante em cima da sela, aprende a prestar atenção ao seu corpo. Muitas vezes, reconhecemos algumas características quando montados, que precisamos corrigir. Se tiver apoio de um professor/treinador dedicado você já deve ter ouvido aquelas chamadas, sente-se mais alto, coloque os calcanhares para baixo, olhe para cima – abaixe as mãos, tome as rédeas corretamente, coloque a perna no cavalo, arruma a posição do pé… mas transformar esses alertas em uma espécie de consciência corporal não é tão simples para muitas pessoas.
Isso porque não estudaram quais os grupos musculares usados pelo cavaleiro/amazona na equitação, porque alguns destes músculos, como por exemplo, o adutor posterior da coxa, são pouco usados no dia-a-dia e etc
Poderíamos usar emprestada uma expressão “criar uma espécie de memória muscular do cavaleiro”.
E para isso, vejo nas aulas aqui no rancho algumas pessoas mais verdes superarem no aproveitamento aquelas que já se dizem mais experientes, essas vem com hábitos errados, posturas mais duras que resultam em entortar o cavalo que para não sentir dor tenta se ajeitar e compensar a má postura na sela de quem está sendo levado por ele.
Já vimos o caso de quem andava torto, “um ombro mais baixo que o outro ou uma perna mais dobrada que a outra), um era porque montava com celular na calça, (hoje proibimos isso nas aulas), outro porque a carteira fazia um grande volume no bolso de trás, outro porque dizia que o tendão a frente do joelho doía”.

Aqui vão algumas indicações interessantes para ajudá-lo (a) a criar bons hábitos de condução. Comente abaixo com os seus próprios!

1. Pegue as rédeas debaixo do seu polegar


É bom andar com uma mão macia, (digo sempre mãos de pianista) mas seu polegar precisa segurar as rédeas com segurança para que elas não escorreguem dos seus dedos. No início, você pode usar rédeas com marcadores de couro, como rédeas de hipismo. Ou passe uma fita na altura da rédea onde deve estar sua mão, com ajuda de um instrutor, para não ficar nem apoiado na boca, nem com a rédea bamba.
Concentre-se em segurar os marcadores no lugar, isso irá ensinar você a apertar as rédeas firmemente entre o polegar e o nó do dedo indicador.

2. Monte com uma rédea de condução

Rédeas e embocaduras não tem NADA a ver com contenção do cavalo. Okay? Rédeas são instrumentos de comunicação com o seu cavalo. Você pode comunicar-se GRITANDO, ou num tom claro e moderado. Se você agarra as rédeas e se percebe apertando a palma da mão com os dedos até que fiquem brancos; Atenção.
Nem deve usá-las para o seu equilíbrio, (quem se apoia na boca do cavalo faz isso), experimente essa mudança simples: leve suas rédeas, como você está dirigindo uma equipe de cavalos.
Isso suavizará imediatamente seus pulsos e antebraço, tornando impossível engolir as rédeas. Gradualmente, seus músculos terão o hábito de andar com um contato suave e elástico e seu cavalo irá agradecer! (faça apenas contato com a embocadura ou com Bitless no chanfro se for esse seu caso). Equitar Bitless (sem ferro) e fazer uma baita força no nariz dele não traz qualquer bem estar a ninguém.

3. Segure um rolo de jornal sob seus braços

Manter os braços perto do seu corpo ajuda a manter seus cotovelos e pulsos macios, para que suas mãos sigam suavemente o movimento da cabeça do cavalo. Pare e se observe em fotos ou vídeos se não tem o mau hábito de abrir os cotovelos para fora…
Se o seu cavalo não gosta de aceitar o contato na embocadura, verifique seus cotovelos. Se eles estão saindo como asas de uma galinha, ou se eles estão trancados e seu cavalo não pode relaxar no bocado.
Coloque os jornais enrolados sob seus braços e concentre-se em segurá-los no lugar. Isso irá ajudá-lo a ter o hábito de manter seus cotovelos próximos ao seu corpo, porém não GRUDADOS ou tensos demais.

4. Nada de inclinar o tórax para frente nem para o lado

Creio que por instinto de defesa as pessoas tendem a dobrar o tórax para frente, como se estivesse em guarda em uma luta de box, ao dobrar para frente você tranca seu diafragma e passa a respirar mal, o que lhe trará dores musculares ardidas, porque sem respirar aumenta o ácido lático nos músculos.
Mas o pior não é isso, isso só prejudicaria você. Quando se dobra para frente, você altera o centro de gravidade do conjunto e o cavalo para não cair para frente desequilibrado, faz muito mais força para se colocar e colocar você no lugar certo. Ainda assim tem gente que briga com o boca do cavalo como se ele estivesse rebelde.

5. Apóie-se com apenas um estribo

Se a sua sela escorrega sempre para um lado, após algum tempo montado, provavelmente você está andando com mais peso nesse estribo. A maioria das pessoas tem uma perna mais forte do que a outra.
Quando o cavaleiro/amazona apoia o pé no estribo, sempre empurra mais a perna mais forte do que a outra. Depois de cerca de 15 minutos, notará que minha sela se inclina para o lado com mais peso. Se você perceber isso, experimente:
– Durante o aquecimento, solte o estribo na sua perna forte e coloque no trote usando apenas sua perna fraca. É bastante desafidor no início – O estribo sob sua perna mais fraca sentirá como se estivesse se movendo por todo o lado. Mas depois de algumas sessões, sua perna ficará mais forte. Em breve, você será mais equilibrado em ambos os estribos e sua sela irá deslocar-se menos.

6. Coloque uma toalha debaixo da bochecha

Se você costuma inclinar-se ou entortar seu corpo para um lado, com um ombro mais baixo que o outro, aqui está um truque para ajudá-lo a nivelar o trapézio.
– Dobre uma toalha de rosto em um pequeno quadrado e coloque-o debaixo da bochecha no lado que você se inclina. Isso irá ensinar-lhe o que uma pelve nivelada sente, e também levará seu peso de volta para o centro da sela.

7. Imagine que você gosta de dançar um samba ou forró

Se você entra na marcha batida ou no trote, seu corpor ficar igual a um boneco de Olinda em cima do cavalo, saltando para todos os lados, ou ficar como milho de pipoca, em um trote sentado, isso é porque você está segurando a tensão em seus quadris.
Curiosamente, a única maneira de se sentar ainda em seu cavalo é mudar, de atitude na vida, e de postura na sela.
Sempre repito que a melhor comparação da equitação é com a dança. Tem de ter molejo…
Seus quadris devem balançar-se com o movimento acima do trote, e para baixo com batidas baixas. Concentre-se em seguir o movimento do cavalo e empurrar sua pelve para a parte mais profunda da sua sela. Confie em mim – você irá se divertir mais e montar melhor e seu cavalo vai agradecer o seu empenho para com ele. E irá retribuir.

Estudos confirmam interação emocional do Cavalo com as pessoas

Uma equitação de qualidade deve ser construída a partir de uma ação integrada e sincronizada, não apenas no aspecto físico como também através de uma conexão mental, intuitiva e emocional com o seu Cavalo. O que as pesquisas atestam agora é que esse sentimento também existe por parte do Cavalo com relação às pessoas, quando lhe é dada a oportunidade de escolher estar com você, em vez de obriga-lo a força ou por contenção a fazer isso.
Você já sentiu ou se dedicou durante um treino, uma cavalgada, a construir uma conexão especial com seu cavalo? Você já teve uma sensação de que você e seu cavalo estariam conectados como se fossem um só ser, como ensina Bjarke Rink, no seu “Enigma do Centauro”, como se sentissem as mesmas percepções e emoções, ligados através de elo de qualidade superior?

Certa ocasião durante um curso, aqui sempre no final é feita uma cavalgada de 13 a 15km, uma aluna em certo ponto experimentou essa conexão e gritou: – Meu Deus ela está se movimentando junto comigo, como se eu pensasse e ela fizesse os movimentos, que loucura é essa?
Não, não é nenhuma loucura, e em diferentes universidades, pesquisadores estão empenhados em tentar entender o que exatamente acontece quando ocorre essa conexão, que muitos cavaleiros e criadores afirmam sentir quando estão trabalhando com seus cavalos, montados ou até mesmo do chão.
Isso começa a ser documentado em um estudo preliminar, disse Paolo Baragli, DVM, PhD, pesquisador do Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Pisa, na Itália. Juntamente com o colega Antonio Lanata, PhD, do Centro de Pesquisa de Bioengenharia e Robótica de E. Piaggio da Universidade de Pisa e do Departamento de Engenharia da Informação, onde estão investigando os mistérios das conexões do coração cavalo-humano.
Através de pesquisas de alta tecnologia usando sistemas de monitoramento “wearable” e algoritmos, eles já concluíram que cavalos e humanos tendem a alinhar suas respostas fisiológicas a um estímulo emocional, que pode sim fazer com que os dois seres sintam as mesmas coisas.
Na Itália, estudiosos em comportamento e fisiologia começaram testando parâmetros cardíacos de 11 humanos e uma égua em diferentes tipos de interação.
Nós, que praticamos o Horsemanship partimos de alguns pressupostos que também foram considerados na pesquisa. Primeiro, reconhecemos o direito do Cavalo se auto proteger, e ao invés de submissão e contenção trabalhamos confiança e cooperação e proporcionamos ao cavalo direito de escolher, a seu tempo, estar conosco ou não e o convidamos a fazer essa escolha.
Eles descobriram que os cavalos e os seres humanos tendiam a “unir” o seu estado emocional (medido por indicadores de frequência cardíaca) e programas algoritmos que interpretam esses dados, associando os mesmos com situações, confirmando que quando a interação é espontânea e parte do cavalo as sensações se tornam similares.
Quando forçado a seguir ou acompanhar o Humano, a sua frequência cardíaca se altera, saindo da conexão sincronizada com a pessoa. A oportunidade de escolha é uma das novas fronteiras do bem-estar dos animais e, dessa forma, os resultados preliminares da pesquisa parecem confirmar que dar aos animais a oportunidade de escolher as suas necessidades emocionais os encoraja, anima e acalma.

Há décadas atrás os mestres do Horsemanship, como Tom e Bill Dorrance, Ray Hunt e ainda hoje Buck Branaman recomendavam essa atitude em suas clínicas, “procure ver o mundo como cavalo vê e sente”, e aqui praticamos isso desde o início da vida do potro, na sua escolarização, todo o tempo, e os resultados práticos são fantásticos, por exemplo, quando os encilhamos soltos ao nosso lado, ou solicitamos a parar com um leve assobio em vez de uma dura e errada ação de rédeas na sua boca. Aqui costumamos dizer que o Cavalo fala conosco e nós buscamos a cada momento sentir o que eles sentem.
“Este estudo preliminar é como uma tentativa de abordar a pesquisa sobre transferências emocionais interespecíficas, o que pode ser relevante na intervenção assistida com cavalos, mas mesmo no relacionamento cotidiano para lazer e esporte”, acrescentou. “Essencialmente, parece que a qualidade e o tempo do contato em si afetam a atitude emocional entre duas espécies diferentes”, analisa o pesquisador Baragli.
Se os estudos futuros o confirmarem, prossegue Dr. Baragli, “isso significaria que ambos os sistemas nervosos autônomos de cavalo e humano podem ser influenciados reciprocamente”, disse ele. “Isso poderia ser um sinal de uma transferência emocional entre cavalo e humano. Mas, neste momento, não podemos excluir outros motivos menos relevantes “.
O estudo, “Medidas quantitativas do acoplamento de batimentos cardíacos na interação homem-cavalo”, foi publicado nos Procedimentos da IED 38a Conferência Internacional Anual da Sociedade de Engenharia em Medicina e Biologia .
Vamos acompanhar os desdobramentos nas Universidades europeias que buscam financiamento para prosseguir seu trabalho, enquanto no correr do tempo, no Rancho, praticamos a linguagem natural do cavalo e podemos testemunhar que suas respostas são generosas, compassivas, colaborativas e seu desempenho em atividades de esporte e lazer são absolutamente surpreendentes, se comparadas com a brutalidade de manejos tradicionais que nada tem a ver com Bem Estar e nem com respeito a esta espécie que sempre pagou um alto preço por ajustar-se generosamente ao ser Humano.